Skip to main content

Resposta to "O Ultimo Panther"

À primeira luz do dia os civis já alertas nos olhavam, figuras cinzas e espectrais em seus xáles e cobertores, as crianças agarradas aos joelhos das mães, algumas começaram a se posicionar atrás de nós quando ligamos nossos motores. Os exaustores dos Panthers enviavam faíscas ao ar, iluminando os civis em vermelho e laranja. Eu tive a minha última visão deles a partir da cúpula, formavam diversos grupos tropeçando e correndo atrás de nós, com os Panthers balançado entre as árvores indo em direção a planície. Então a infantaria saiu e nos seguiu. Em poucos segundos grandes grupos de nossa infantaria surgiram atrás de nós de cada sombra e lacuna nas árvores, entrando na poeira e fumaça que nós provocávamos, derrubando as poucas mulheres que ainda podiam manter-se a correr e finalmente obstruindo a visão dos últimos civis atrás de uma parede sólida de uniformes ásperos, cinzentos e azuis. Na luz do amanhecer a aparência destes soldados que estavam com barba por fazer e abatidos tinham os seus olhos cheios de determinação vazia. Os civis, deixados na sua esteira, estavam por conta própria agora. A corrida para a Floresta Spree estava começando.

A cúpula do meu Panther estava úmida, cheia de fumaça e do rugido do motor Maybach através da parede do compartimento da tripulação. Fomos em direção a uma antiga trilha florestal alinhada com os destroços  de veículos abandonados e árvores derrubadas, vários feridos incapazes de caminhar e que procuravam desesperadamente ajuda nos olhavam com desesperança, a cada momento mais e mais nossa infantaria emergia da profundidades da floresta, prontos para se juntar a rota de fuga para o ocidente. Quando nos aproximamos da borda das árvores,  perto de onde eu tinha estado com o Capo no crepúsculo, nós vimos as formas maciças dos gigantescos King Tiger posicionando-se para fazer a primeira tentativa de deixar a floresta.   Uma vez e meia mais pesado do que o meu tanque Panther, eles se erguiam sobre o caminho estreito, expelindo gases de escape.  A sua camuflagem salpicada era bem adaptada às condições de luz e sombra. Os tubos dos canos dos ultra-longos canhões de 88mm se projetavam para o ocidente e havia o risco de que um cano tão longo atingisse as árvores enquanto o veículo manobrava. Os comandantes estavam visíveis nas cúpulas da torre, com os rostos pálidos, mas não traindo nenhuma emoção. Quando nos viram, esperaram apenas alguns segundos mais e então os Tigres tremeram e se moveram para a planície. O ar atrás deles tremia com o calor de seus gases de escape e na trilha por onde passavam lançavam ramos e torrões de terra à medida que as imensas faixas de aço mordiam a terra. Na borda da floresta um batalhão de engenharia estava trabalhando cortando um punhado de árvores remanescentes com machados,  as árvores finais que fechavam o interior da floresta e impediam os veículos de sair ou entrar. Uma a uma as árvores caíram, e quando a última caiu, os dois Tigres a esmagaram sob suas lagartas enquanto avançavam sobre os escombros. Despedaçando as carcaças de caminhões queimados, os dois Tigres foram para a borda da planície. Atrás deles, outro King Tiger emergiu das profundezas entre as árvores, sua placa frontal inclinada e uma longa e esbelta torreta coberta de folhagem. Ele julgou mal a passagem estreita entre as árvores e teve que derrubar para os lados uma série de pinheiros enormes antes de chegar ao perímetro, perdendo tempo e gasolina e arriscando danificar as lagartas no processo de destruir os troncos. Finalmente, em um furacão de fumaça, faíscas, árvores quebrando e motores rugindo, os King Tiger estavam na planície e avançando ao longo da borda da floresta em direção ao ocidente. Os russos responderam imediatamente. Quando nosso pantera manobrava até o ponto de saída, passando pelas filas de infantaria sendo retidos por seus oficiais, eu coloquei minha testa no periscópio e olhei  ao longo da borda.  Eu podia ver o último dos King Tiger à nossa frente, soprando faíscas na luz cinzenta do amanhecer, com sua torre apontando para a esquerda pela planície para o lado oposto.  Em segundos um lampejo de tiro traçante o atingiu no lado da torre com o tiro resvalando na sua maciça couraça indo se abater nas árvores ainda brilhando intensamente. O Tigre continuou se movendo atravessando sua arma para apontar a possível origem do tiro. Eu ordenei a meu artilheiro, que tinha o controle da torre através dos seus pedais, para girar nossa arma igualmente na direção. Através do suporte de mira na minha cúpula eu via apenas uma sólida parede de árvores sombrias, com nevoeiro pendurado entre eles, sem traço de sinal de atividade inimiga. Então o tiro traçante veio novamente, e vi o lampejo através da planície dirigido contra o King Tiger. Eu vi o tiro acertar desta vez a parte de trás do Tigre, na altura das lagartas e do rolete livre na parte de trás. Este tinha sido um tiro com munição alto-explosiva e explodiu com uma forte luz branca. Eu vi a roda traseira inteira do Tigre, um disco de metal na qual são necessários três homens para levantá-la,  voar fora e cair sobre a mata.

Pedaços da lagarta do Tigre se fragmentou e esta se estendeu,  todo o panzer de setenta toneladas rodou  fora de controle para um lado, bloqueando o caminho à frente em um jato de terra e pedras quando ele parou com seu motor rugindo. Esses artilheiros russos sabiam como derrubar um King Tiger em etapas, não com tiros perfurantes mas primeiro estourando a lagarta, deixando-o encalhado. Desta vez eu vi a origem do tiro, dei então as coordenadas para  o meu artilheiro que tinha o controle da torre do pantera. Nas árvores, onde a névoa se dissipava, acima de um pequeno lago de juncos. . . há! Havia o contorno de um tanque T-34, envolto na fumaça de sua arma. Ao meu comando o nosso motorista diminuiu e parou para nos dar estabilidade de tiro. Meu artilheiro grunhiu quando o Panther balançou e ficou imóvel, então ele acionou os controles hidráulicos e disparou. O tiro traçante partiu e o Panther balançou suavemente quando nossos freios de boca e amortecedores hidráulicos absorveram o retrocesso da arma. Nós no movemos novamente e nos aproximamos do King Tiger encalhado.  Observei ao periscópio que nosso tiro tinha atingido o T-34 porque sua blindagem frontal estava emitindo uma fumaça escura, e este começou a avançar para fora da linha que margeia as árvores para encurtar o intervalo contra nós.  À frente, o Tiger danificado estava disparando contra o T-34, seu corpo maciço balançando quando descarregou o tiro. Atirou de novo, e então novamente, e eu percebi que a tripulação estava determinada a disparar todas as suas munições antes de abandonar o veículo atingido. Da linha de árvores do lado oposto eu vi através de meu periscópio mais T-34 que emergiam da floresta, derrubando árvores à medida que avançavam para nos enfrentar.  Os tanques dos vermelhos eram quase equivalentes ao nosso Pantera mas não eram páreos para os nossos King Tiger, mesmo assim eles não mostraram nenhuma hesitação em correr contra nossos panzers, girando em torno dos cumes e lagoas na planície. O King Tiger a nossa frente disparava como o próprio diabo, enviando rodadas e rodadas de tiro para a fileira de seis T-34 que avançaram sobre nós.  A arma maciça do Tigre de 88mm fez o seu trabalho e dois dos tanques vermelhos se detiveram imediatamente. Um Vermelho foi atingido na torre, uma grande placa da blindagem  voou através da planície em um fluxo de faíscas. A T-34 ficou girando fora de controle e caiu de cabeça para baixo em uma depressão lotada de juncos. Eu disse ao meu artilheiro para não atirar nele, mas para conservar a munição, pois já estava  a queimar. O Tigre atingiu o segundo T-34 diretamente através da blindagem frontal, e eu vi grandes pedaços do casco voar em todas as direções quando explodiu por dentro. Meu próprio artilheiro atingiu um terceiro tanque vermelho enquanto corria em nossa direção, o tiro de alta velocidade de 75mm atingiu a base do mantelete do canhão superior da torre do tanque russo, a placa blindada que fecha a torre voou longe. O T-34 continuava avançando sobre nós, com seu comandante morto, o corpo em chamas meio fora da torre despedaçada. Não atiramos  novamente sobre ele, mas deixamos aproximar-se,  ele foi reduzindo a velocidade até parar e explodir em uma bola de fogo alaranjada. Examinei o terreno através de todos os periscópios para avaliar a situação agora. Os três T-34 restantes estavam recuando em marcha-ré, mantendo suas blindagens frontais voltadas para nós, disparando furiosamente com seu indubitavelmente amplo suprimento de munição. O King Tiger encalhado estava atirando neles, claramente  determinado a só parar depois de gastar toda a sua munição. Atirou em um dos tanques vermelhos que se retiravam pela pista da frente e acertou-o na lagarta que fragmentou imediatamente se desenrolando para o lado. O T-34 virou para um lado e caiu em uma depressão,  inclinou-se com o casco superior exposto, com a única lagarta ainda correndo livremente. O Tigre disparou um último tiro que perfurou o tanque através da base do motor. O veículo inteiro tremeu quando o motor explodiu, e mesmo quando os tripulantes vermelhos lutaram para saltar das escotilhas, seu combustível explodiu engolfando-os. Eu olhei enquanto os homens da tripulação queimavam desaparecendo nas chamas, para ver a tripulação do King Tiger desembarcar e apontar para o meu Panther pedindo ajuda. Passando ao lado do Tiger, as fileiras de nossa infantaria se moviam entre as árvores, correndo para a frente logo atrás dos  King Tiger que avançavam em direção ao ocidente. Atrás de nós, o Pantera do Capo e nosso terceiro Panther fechavam a retaguarda como tínhamos planejado, protegendo a infantaria de novos ataques.  Permiti que a tripulação do King Tiger subisse no nosso tanque, sobre a estrutura no convés traseiro entre os vapores do motor. À medida que contornávamos o veículo abandonado, vi-o explodir internamente, as escotilhas voando e caindo no ar. A tripulação, profissional até o final, tinha colocado uma carga de demolição para impedir que a poderosa máquina fosse capturada pelos russos. Depois disso voltamos a avançar, mantendo à nossa direita a floresta com sua massa de homens em movimento, e a planície à nossa esquerda. Cerca de seiscentos metros à frente, os King Tiger estavam liderando o caminho, suas grandes torres subindo e descendo a medida que avançavam sobre o terreno irregular e ondulado. Tínhamos avançado cerca de 2km e ainda tínhamos mais 3km até chegar à aldeia.

 A luz diurna estava aumentando e os pinheiros começaram a mostrar a sua tonalidade verde. Eu enxuguei o suor do meu rosto, conseguiríamos quebrar o cerco e avançar? Os vermelhos pareciam não responder, além do breve contra-ataque da unidade dos T-34. Mas eu conhecia os vermelhos muito bem e sabia que estavam prontos para lutar. A cada momento, com cada rangido da engrenagem do Pantera, cada grunhido do motor Maybach, eu esperava mais problemas.  E ela veio sob a forma de um bombardeio maciço,o som bruxuleante de foguetes passando sobre a copa das árvores vindo do oeste, arrastando faixas de faíscas e caindo sobre nossa coluna como um dilúvio de chamas.  “Katyushas”  - gritei. 'Mantenha-nos em movimento, gritei ao motorista.' Os foguetes caiam  no chão ao longo da trilha, estourando entre o meu Panzer e do King Tiger à frente, espalhando estilhaços que se esmagavam contra as placas de nossa blindagem com um som oco. Olhei para a retaguarda através do periscópio, e vislumbrei a tripulação do Tigre no nosso convés do motor abrigado atrás de nossa torre. Um Katyusha explodiu atrás de nós, e dois desses tripulantes foram arrancados do nosso casco, caindo no caminho do Pantera do Capo atrás de nós. Vi que o Panther se desviava, mas eu não podia ver se ele conseguiu evitar de esmagar os homens. Nas árvores ao nosso lado, os foguetes estavam explodindo em turbilhões de destruição, derrubando troncos altos  e pedaços ao redor. Embaixo deste dilúvio vinha a infantaria correndo como loucos, pulando por sobre os feridos e morrendo enquanto lutavam para avançar e sair dessa zona de fogo. Os foguetes mudaram então de alto explosivo para incendiário, e eles explodiram entre as árvores em lençóis de chama líquida que cascatearam para baixo sobre os homens fugindo abaixo, cobrindo os infelizes em uma torrente de fogo. Homens correram em chamas, pularam e rolaram com seus uniformes e rifles queimando em suas costas. Outros homens saltaram sobre eles, agachando-se entre as chamas  que se derramava em sua busca frenética por uma maneira de sair. À frente, vi dois King Tiger avançando contra as chamas, num ponto em que a parede da floresta terminava e a planície em declive ia em direção a cidadela de Markhof e que teríamos de atravessar. Eu vi os veículos enormes lentamente avançarem com a poeira atirando acima de suas lagartas, e então pararam na planície, longe das árvores ardentes. Por que haviam parado ali, na crista da própria encosta, no topo onde podiam ser facilmente vistos? Com os Katyushas ainda estourando em torno de nós, nos aproximamos do King Tiger e então ficamos nivelados com eles. Eu podia ver agora porque mesmo um King Tiger parou quando confrontado com essa encosta. A cidadela de Markhof era claramente visível, com chamas saindo de suas casas periféricas, sua torre da igreja apontando para cima através da fumaça.    O declive que nos levava até o assentamento descia por cerca de 2km. Esta encosta estava cercada com explosões. Estávamos sendo bombardeados com artilharia pesada dos  vermelhos, grandes explosões, violentas o suficiente para atirar pedaços de terra do tamanho de automóveis e jogá-los alto no ar, desintegrando-se ao caírem. A encosta estava cheia de veículos abandonados e queimados, os remanescentes das unidades que fugiram antes do cerco se fechar. Enquanto eu observava, um carro blindado de oito rodas abandonado foi atingido por uma granada e jogado a altura de uma casa no ar, seus pneus voaram em todas as direções. Qualquer veículo que tente atravessar esta zona de morte era um convite à destruição. O Capo entrou em contato comigo pelo rádio,  - Vamos ter de ir em frente - gritou ele. 'Não podemos parar. Vejam, os Tigres estão se movendo agora. "Sim - os dois grandes King Tiger estavam começando a carregar encosta abaixo, suas blindagens frontais angulares se colocaram diretamente na direção da aldeia lá embaixo, com seus longos canhões apontando para as casas. - Se pudermos atravessar a cidade e a estrada - gritou o Capo. - A infantaria poderá passar. Siga os Tigres. - Meu Deus - disse nosso artilheiro de repente. "Meu Deus, Herr Feldwebel - há feridos lá embaixo." À medida que começávamos a avançar para o gradiente, para o turbilhão de explosões, com estilhaços se esmagando em nossa blindagem eu vi que nosso artilheiro estava certo...

Continua...

×
×
×
×