Skip to main content

Resposta to "Omaha"

Tópico 18

Perto dali, o Soldado Primeira Classe Stanley Dzierga, um fuzileiro/granadeiro, se debatia sob a água e percebeu que estava prestes a se afogar.  Então ele sentiu uma mão na sua gola.  "Levante!  Vamos!" disse o Sargente Técnico Philip Streczyk para ele.  Dzierga respirou e continuou a avançar.  Streczyk tirou a mão da gola do fuzileiro "Eu vou te soltar agora".  Várias jardas adiante, o Soldado Vincent DiGaetano tentava carregar o seu lança-chamas de 72 libras (32,5 quilos) e manter o nariz para fora da água.  Ele saltava a cada passo que dava mas temia em não conseguir se manter boiando.  Ele então inflou o seu colete salva-vidas. Ironicamente este ato fez que ele afundasse de cabeça para baixo, então ele se livrou cortando as correias e usou o seu lança-chamas como uma balsa.  O Soldado Fred Reese tinha colocado um grande rolo de papel higiênico dentro do seu capacete.  Assim que as ondas começaram a passar ao lado e por cima dele, o rolo se desfez e começou a molhar.  Chumaços do papel molhado começaram a cair por sobre o seus óculos e pelo rosto a ponto dele mal poder enxergar, mas ele conseguiu seguir em frente.  O Tenente Splading chamou os seus homens e ordenou que todos descartassem tudo que fosse pesado demais para carregar até a praia.  "Nós perdemos nosso morteiro, a maioria da munição do morteiro, uma das duas bazucas e grande parte de sua munição".

Todos os 32 membros da seção conseguiram chegar à praia embora muitos, incluindo Spalding, estavam encharcados, abalados e exaustos devido ao tormento aquático.  Muitos também haviam perdido o seu armamento pessoal. "Eu estava consideravelmente abalado" escreveu Spalding algumas semanas depois para a sua mãe.  "Completamente encharcado, meu equipamento, que já era pesado quando seco, parecia pesar uma tonelada quando eu saí da água." Eles começaram a receber o fogo de fuzis e metralhadoras provavelmente oriundo das trincheiras adjacentes ao WN-64.  O Primeiro Sargento Curt Colwell, utilizando um torpedo Bangalore, abriu um buraco em uma faixa de arame farpado que estava perto da orla.  Da melhor maneira possível, os homens passaram pela brecha e começaram a avançar através da praia de cascalhos em direção aos tufos de vegetação e à pequena pequena ravina que subia de forma contínua em direção à crista localizada paralela à praia.  Spalding não precisava dizer o que fazer; eles haviam treinado tanto para este tipo de situação que sabiam instintivamente que deveriam continuar avançando.  "Eles estavam encharcados demais para correrem" comentou Spalding "mas eles foram o mais rápido possível."

O fogo inimigo se intensificou.  Vários soldados foram atingidos e feridos.  O Soldado William Roper foi atingido por um tiro no pé.  Ele sentou, se virou e tentou aplicar os primeiros socorros nele mesmo.  Mas ele não conseguia alcançar os cordões de sua perneira.  Spalding parou, desamarrou os cordões, tirou o borzeguim de Roper e continuou a avançar.  O enfermeiro da seção, soldado George Bowen, administrou os primeiros socorros no soldado ferido. Enquanto isso o Tenente ouvia o explodir das minas na praia e das granadas dos morteiros perto de onde estava.  Ao seu redor os soldados continuavam a avançar ao interior, para longe da praia.  Ele se deu conta que deveria informar sobre sua posição ao Capitão Wozenski.  Spalding parou, se agachou, pegou o rádio walkie-talkie SCR-536 e estendeu a antena.  Ele chamou: "Copper One para Copper Six". Por alguns segundos ele esperou por uma resposta de Wozenski. Nada.  "Cooper One para Copper Six.  Aqui é Copper One.  Responda Copper Six".  Ainda nada.  Spalding olhou para baixo e foi então que percebeu que o bocal do seu rádio tinha levado um tiro.  "Ao invés de descartar aquele rádio inútil, eu recolhi a antena e acomodei o 536 por trás do ombro, prova de que os procedimentos que você aprende no treinamento muitas vezes te acompanham mesmo que você esteja apavorado."

Após alguns minutos o pelotão se deslocou para fora da faixa de cascalhos e alcançou parte de um abrigo composto por edificações de pedras demolidas que os americanos apelidaram de "as ruínas Romanas".  Pelo menos três homens tinham sido feridos na praia (e possivelmente mais, uma vez que as versões variam) o que deixava Spalding com provavelmente 27 soldados ilesos para continuar o ataque.  O chão ao redor do abrigo era constituído primordialmente de um matagal, um brejo lamaçento e a já mencionada ravina.  A várias jardas à esquerda, eles podiam ouvir os tiros disparados de uma das fortificações do WN-62 em direção à praia Fox Green e podiam até observar os tiros atingindo os soldados da Companhia F.  "Não havia nada que pudéssemos fazer para ajudá-los" lamentou Spalding.  Ademais, seu grupo tinha seus próprios problemas. Uma metralhadora alemã atirando a partir de algum lugar na ravina fixou mira neles e começou a despejar rajadas precisas em meio ao grupo.  Eles também estavam sendo atingidos pelo fogo de rifles.  O Sargento Louis Ramundo, da Filadélfia, decidiu tentar fazer contato com o resto da Companhia.  Ele levantou para correr mas recebeu um tiro, provavelmente de um fuzil, e morreu.  Os americanos atiravam de volta da melhor maneira possível enquanto que Spalding e Streczyk pensavam qual deveria ser o próximo passo.  Eles não tinham a menor ideia do que tinha acontecido com o resto da Companhia.  Eles haviam desembarcado a umas 1.000 jardas (914 metros) do local previsto e não tinham nenhuma informação detalhada sobre as defesas alemãs na área.  Eles praticamente não tinham nenhum armamento pesado.  Ambos imaginaram que o solo pantanoso à frente provavelmente estava minado.  Mesmo assim, eles sabiam que tinham que continuar avançando em direção ao interior e destruir as posições alemãs ao longo do caminho.  A única vantagem que o grupo de Spalding possuía era a cobertura proporcionada pela pequena ravina e pelo fato de que foram colocados erroneamente em um ponto cego em meio às defesas alemãs.

Spalding e Streczyk decidiram fazer o reconhecimento do terreno à frente deles. Streczyk era do tipo que fazia as coisas por ele mesmo.  Nascido em East Brunswik, New Jersey, ele era o exemplo clássico do filho da Depressão.  Sendo um entre 10 filhos, logo teve que abandonar a escola depois do 8º ano para ajudar a sustentar a família.  Ele trabalhou como motorista de caminhão até, aos 21 anos, ser convocado.  "Ele era corajoso" afirmou o soldado Dzierga.  "Eu nunca vi uma pessoa como aquela na minha vida.  Ele não era uma pessoa tão grande assim.  Apenas ia lá, fazia tudo e parecia que era imune aos tiros." Streczyk pegou o soldado Primeira Classe Richard Gallagher e cuidadosamente começou a verificar o solo pantanoso.  Com certeza o local estava minado, então eles mudaram de direção e partiram através do matagal.  Vários minutos se passaram até que Gallagher voltou e exortou para que o seguissem através de uma coberta na ravina localizada à direita da fortificação que ainda estava castigando os homens da Companhia F com seus disparos mortais.  "Eu mandei meus homens avançarem" lembrou Spalding "e nós cuidadosamente avançamos ao longo da coberta mantendo os olhos bem abertos para as pequenas minas que os alemães colocaram por todo o local.  Nós conseguimos atravessar sem nenhum incidente.  O Senhor estava conosco naquele momento."  O fato era que o local estava minado.  O grupo de Splading conseguiu evitá-las fosse por pura sorte ou, mais provavelmente, porque o Sargento Streczyk descobriu uma maneira de passar ao largo ou mesmo através delas.  Eles conseguiram sair da praia e, pelo o que sabiam, eram os primeiros.

C O N T I N U A

×
×
×
×