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Nadezhda Popova(27/12/1921 - 06/07/2013)

Faleceu no último dia 6 de julho em Moscou, Rússia, de causas naturais aos 91 anos de idade, a Heroina da União Soviética, Major Nadezhda Vasilyevna "Nadia" Popova.



Nascida em Shabanovka, na Ucrânia, Popova era filha de um ferroviário. Em sua adolescência, amava dança, música e teatro, mas sua vida realmente mudou no dia em que andava pelos campos perto de sua casa, e uma pequena aeronave desceu ali. A pequena Nadia pensou tratar-se de alguma divindade, mas ao ver o piloto descer em seu casaco de couro, viu que era apenas uma pessoa normal. Tocando a aeronave como um objeto de sonhos, ela decidiu que também queria voar.



Sem autorização dos pais, Nadia ingressou no aeroclube local aos 15 anos de idade. Aos 16, havia realizado seu primeiro voo solo e seu primeiro salto de paraquedas. Logo depois seguiu para a Escola de Aviação de Kherson, onde tornou-se instrutora de voo. Foi quando a Alemanha invadiu a União Soviética, e ela perdeu seu irmão Leonid no front de batalha no primeiro mês de combate. Angustiada, Popova tentou alistar-se como piloto militar, mas teve sua requisição seguidamente negada. Pouco depois, o avanço alemão varreu sua cidade natal. Somente em outubro de 1941 Josef Stalin assinou uma ordem autorizando a criação de três regimentos aéreos femininos, e ela finalmente pôde tornar-se a militar que desejava.



Designada para o 588º Regimento de Bombardeio Noturno, Nadia aprenderia a voar a noite no frágil biplano Polikarpov Po-2, uma aeronave originalmente desenvolvida para treinamento nos anos 1920, feita de madeira e tecido. Nas mãos das garotas soviéticas, o Po-2 foi armado com duas bombas e tinha instrumentos rudimentares - além de tudo, elas não usavam paraquedas. O regimento iniciou operações em junho de 1942 junto ao 4º Exército Aéreo, no norte do Cáucaso. Dada a baixa capacidade de carga do Po-2, as missões de bombardeio do regimento se davam principalmente contra concentrações de tropa e depósitos logísticos do inimigo na retaguarda. As aviadoras se aproximavam em voo baixíssimo, e ao chegarem próximas ao alvo, desligavam os motores, deslizando silenciosamente pelo ar noturno, entregando as bombas com precisão. O farfalhar do vento nos tecidos dos biplanos criava um sussurro peculiar, que os alemães compararam ao voo de bruxas em vassouras. Daí o famoso apelido que ganharam de seus inimigos: Nachthexen ("Bruxas da Noite").



As aeronaves voavam em trio, com duas servindo de isca para os holofotes de busca dos alemães, enquanto a terceira realizava seu bombardeio. Em seguida, elas se alternavam nesses papeis até todas terem jogado suas bombas. Certa noite, enquanto aproximavam-se do alvo, sua formação foi pega pelos holofotes. Nadia lembrou-se: "Eu manobrei para escapar da luz e de repente vi que tinham mudado para outra aeronave que voava atrás de mim. Messerschmitts decolaram e a alvejaram, ela incendiou-se e caiu. Foi a primeira. Então virei minha cabeça e vi a segunda aeronave caindo em chamas e depois uma terceira, enchendo o céu de labaredas. Quando consegui voltar, quatro dos nossos aviões tinham caído, e com eles oito das nossas garotas queimadas vivas... Que pesadelo, pobres garotas, minhas amigas... No dia anterior tínhamos dormido no mesmo quarto".




As tenentes Ekaterina Ryabova (esq) e Nadia Popova (dir).



Em outra ocasião, ela foi derrubada e juntou-se a um grupo de soldados em retirada. Em meio aos soldados, encontrou um piloto, também derrubado e ferido, com o rosto totalmente enfaixado, no qual somente podia-se ver os olhos. Era o Tenente Semyon Kharlamov, que encantou-se com Popova e se tornaria seu futuro marido. Enquanto eram transportados para suas unidades, os dois conversaram bastante e mantiveram correspondência durante todo o restante da guerra.



Voando baixo e tendo seu frágil avião constantemente crivado de balas, Nadia tornou-se uma expert, reconhecida por seu talento e sendo feita subcomandante do regimento, que a esta altura foi renomeado 46º Regimento de Bombardeio Noturno da Guarda - um atestado de seu sucesso em combate. Ela voou incessantemente em ataque no Cáucaso, Novorossiysk, Rostov, Sevastopol, Minsk, Polônia e Alemanha, chegando até Berlim. Ela chegou ao recorde de voar 18 sortidas em uma única noite, e totalizou 852 missões de bombardeio noturno contra alvos alemães. Como reconhecimento ao seu corajoso e impecável registro de combate, o Presidium do Soviete Supremo agraciou a Tenente Nadezhda Popova com a Estrela Dourada de Heroina da União Soviética em 23 de fevereiro de 1945. Curiosamente, Semyon Kharlamov foi feito Heroi da União Soviética no mesmo dia, e os dois se encontraram em Berlim após a vitória, escrevendo juntos seus nomes nas paredes do Reichstag.






Popova e Kharlamov: casal de Herois da União Sovíética.



Após a guerra, Popova continuou nas forças armadas como instrutora de voo, passando para a reserva em 1952 na patente de Major. Nas décadas seguintes serviu como parlamentar do Soviete Supremo. Seu marido chegou ao posto de Coronel-General da Força Aérea Soviética, vindo a falecer em 1990. Juntos tiveram um filho, Aleksandr, hoje general na Força Aérea da Bielorrússia.

Fonte: Blog Sala de Guerra
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Já havia lido sobre as "bruxas da noite", e achei fantástico a história de mulheres bombardeando as bases alemãs à noite para não deixar que os pilotos inimigos dormissem e tivessem menor desempenho no dia seguinte contra os pilotos "homens" soviéticos.

Que Deus a tenha.
A quem interessar possa, um documentário russo sobre o tema, em diversas partes(todas podem ser vistas acessando o youtube), com diversas pilotos que voaram com as "Bruxas da Noite" sendo entrevistadas contando suas experiências de guerra, inclusive Nadezhda Popova, que faleceu recentemente...




E um link(em inglês) que conta a trajetória dessas bravas mulheres

http://simanaitissays.com/2013...d-the-night-witches/

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