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SETE SEGUNDOS PARA A INFâMIA

 

A imagem mais marcante do ataque japonÊs contra Pearl Harbor em 1941 foi a destruiÇão do encouraÇado USS Arizona (BB-39), onde 1.177 marinheiros americanos perderam suas vidas. Detalhes dos momentos finais e a forma exata como os japoneses o afundaram são revelados agora!

 

 

Nos últimos 13 anos, os investigadores do ServiÇo Nacional de Parques e outros pesquisadores afiliados conseguiram novas evidÊncias para explicar como o encouraÇado USS Arizona afundou durante o ataque japonÊs em Pearl Harbor em 1941.

Recentemente, em 10 de abril 1996, uma equipe de mergulho do ServiÇo Nacional de Parques, liderada pelo guarda-florestal Jim Adams, encontrou uma perfuraÇão causada por uma bomba na popa, que não era conhecida, apÓs a torre número quatro.

Registros militares japoneses, entrevistas com os aviadores, e dados sobre as bombas utilizadas tambÉm tem contribuÍdo na investigaÇão da causa da explosão do paiol de muniÇão do navio.

Os registros militares japoneses mostram claramente que apenas formaÇÕes de bombardeiros de grande altitude atacaram o USS Arizona antes do paiol de muniÇão explodir. Nenhum bombardeiro de mergulho foi utilizado para atacar os encouraÇados durante a primeira onda de ataque. Os registros japoneses tambÉm indicam que nenhum bombardeiro torpedeiro atacou o ancoradouro onde o USS Arizona estava ancorado.

Pouco antes da explosão do paiol de muniÇão do navio, duas formaÇÕes compostas por cinco bombardeiros cada uma, se dirigiram contra o USS Arizona e lanÇaram o total de dez bombas #80 de 800 kg, com capacidade de perfurar blindagem.

A Secretaria de Navios da Marinha Americana apresentou duas hipÓteses para a explosão do paiol do USS Arizona. Apesar de que nenhuma das explicaÇÕes serem conclusivas, elas jÁ se tornaram parte da histÓria. Os investigadores da Secretaria basearam sua primeira hipÓtese no filme que registrou uma grande e visÍvel chama subindo na parte frontal da torre de tiro número um, meio segundo antes da explosão do paiol. Eles especularam que a bomba atingiu o tanque frontal de combustÍvel para aviÕes, localizado prÓximo da proa do navio, que causou um grande incÊndio na parte frontal da torre de tiro número um. O fogo, em seguida, atingiu o paiol repleto de muniÇão de 14 polegadas. O problema com esta teoria É que não existem evidÊncias da expansão ou de danos no revestimento da proteÇão acima da Área de armazenamento do tanque de combustÍvel que pudessem ser encontrados ou indicassem tal explosão. AlÉm do mais, a distância entre o tanque de combustÍvel e o paiol de muniÇão era de mais de 28 metros. Na metade desta distância, um anteparo transversal de aÇo com 33 centÍmetros de espessura protegia as Áreas vitais de qualquer explosão ou impacto. Este anteparo blindado poderia proteger os compartimentos do paiol de muniÇão caso uma explosão frontal atingisse este local.

Outra explicaÇão inicial foi a segunda hipÓtese de que estilhaÇos incandescentes de uma bomba que explodiu sobre o deque blindado do USS Arizona entraram por uma escotilha aberta e alcanÇaram o paiol de muniÇão abaixo do deque, entre as duas torres frontais de tiro. Este espaÇo abaixo do deque blindado deveria conter pÓlvora negra altamente inflamÁvel que explodiu e detonou a muniÇão ao redor. Por duas razÕes, todavia, esta interpretaÇão É altamente improvÁvel.  

As cargas de igniÇão de pÓlvora negra para inflamar os cartuchos de cordite tinham sido substituÍdos por um novo sistema. Os novos cartuchos de cordite utilizados continham acionadores de pÓlvora negra dentro do revestimento e eliminaram a necessidade de estocar cargas extras de pÓlvora negra. Esta segunda explicaÇão tambÉm assumia que com um alarme de dez minutos, os homens não estariam em seus postos de combate, e portanto, as escotilhas principais para os paiÓis abaixo não estavam fechadas em condiÇão “Z” antes da explosão ocorrer. Esta explicaÇão tambÉm assumiu equivocadamente que a bomba japonesa não tinha o potencial de penetrar o deque blindado do encouraÇado.

Apesar dos relatÓrios de danos iniciais no USS Arizona listarem pelo menos oito impactos de bombas, os aviadores japoneses estimaram que no mÁximo foram quatro impactos. A estimativa japonesa era mais realÍstica. E agora, com a chegada de novos dados, a declaraÇão oficial dos japoneses de quatro impactos deve ser reduzido para apenas dois impactos certeiros e duas explosÕes prÓximas do casco do navio.

 

 

Utilizando a informaÇão japonesa sobre o padrão de impactos em “v” das bombas, os investigadores desenvolveram um modelo criado por computaÇão grÁfica que ajudaram a determinar os locais de impacto das bombas #80 (veja o quadro com a sobreposiÇão dos impactos das bombas). Ao se colocar a sobreposiÇão dos impactos sobre as siluetas dos navios ancorados USS Vestal (AR-4) e USS Arizona, os locais de impacto tornaram-se aparentes, e eles coincidem com as informaÇÕes dos impactos de bombas no USS Vestal, ancorado do lado externo do USS Arizona, os impactos na Água entre os navios, e os dois impactos certeiros no prÓprio USS Arizona.

De grande interesse são os dois pontos de impacto onde as bombas #80 atingiram a Água entre os dois navios. Surpreendentemente, diversos relatos indicavam detonaÇÕes de torpedos nestas mesmas Áreas. Um importante relato de um impacto entre o USS Vestal e o USS Arizona veio do comandante Cassin Young, capitão do USS Vestal, o qual pensou ser a detonaÇão de um torpedo que causou a coluna de Água. Young observou que o impacto ocorreu prÓximo da linha 35 do USS Arizona. Ele e alguns de seus marinheiros observaram e relataram corretamente que uma bomba atingiu o castelo de proa do USS Arizona  ao mesmo tempo em que o impacto na Água levantou a coluna de Água. O relatÓrio tambÉm afirmava que o paiol de muniÇão explodiu pouco tempo depois. EvidÊncias fotogrÁficas e registros aÉreos japoneses, todavia, claramente discordam que algum ataque de torpedo foi feito contra estes navios. As colunas de Água que subiram prÓximo dos navios devem ser atribuÍdas apenas as bombas #80 lanÇadas pelos bombardeiros de grande altitude.

Outras evidÊncias que desacreditaram estes relatos sobre impactos de torpedos contra o USS Arizona vieram da Marinha Americana. Em 1942, a Marinha conduziu uma escavaÇão submarina de toda a seÇão dianteira do casco do USS Arizona, abaixo da linha de lama. Mergulhadores da Marinha, utilizando mangueiras que lanÇavam jatos de Água de alta pressão, removeram a lama de metade da parte frontal afundada do navio atÉ um ponto de 3 metros do bojo e não encontraram nenhuma evidÊncia de impacto de torpedo. AlÉm disso, o USS Vestal não sofreu nenhum dano em seu casco que poderia ser esperado de uma detonaÇão de torpedo tão prÓxima.

O filme tambÉm corroborava para a evidÊncia jÁ determinada dos impactos de bombas. O registro do filme preto-e-branco dos segundos finais do USS Arizona mostram apenas um impacto de bomba que levantou uma coluna de Água prÓximo da ilha Ford, e ao lado do ancoradouro F-7. Novamente, este impacto se encaixa com a sobreposiÇão gerada por computaÇão grÁfica e prevista pelo padrão em “v” de impactos de bombas.  O padrão de impactos de bombas em “v” tambÉm previa um acerto a meia popa do USS Vestal. Surpreendentemente, o relatÓrio de danos do USS Vestal afirma que uma bomba atingiu a rÉ e que ela atravessou completamente o navio na linha 110. Este acerto na proa condiz com o padrão de impactos da sobreposiÇão. Com quatro locais de impactos conhecidos e identificados, estas evidÊncias exigiam que se refizesse completamente o padrão de impactos em “v” de todas as cinco bombas.

A mesma imagem gerada por computaÇão grÁfica dos impactos de bombas em “v” tambÉm ajudou a eliminar as especulaÇÕes da Época da guerra de impactos de bombas na Área a meia-nau. Nenhum padrão de impacto coincidia com estes relatÓrios da Marinha Americana da Época da guerra de impactos na seÇão a meia-nau do USS Arizona. Isto É especialmente importante porque muitos testemunhos diziam que uma bomba entrou pela chaminÉ do navio. Nenhuma evidÊncia de penetraÇão de bomba na grade blindada da chaminÉ pode ser encontrada. AlÉm do mais, o filme americano feito no momento da explosão do paiol do USS Arizona demonstra claramente que a explosão aconteceu a frente, antes que qualquer fumaÇa saÍsse pela chaminÉ.

Muitos outros pequenos buracos e danos nas Áreas a meia-nau do USS Arizona podem ser atribuÍdas apenas a explosão do paiol frontal e de diversas granadas de 5 polegadas pelo incÊndio resultante. Isto inclui Áreas internas destroÇadas que se estendiam por cerca de 18 metros pela Área do deque de botes a rÉ da ponte de comando destruÍda. O colapso da ponte causou uma grande inclinaÇão para a frente.

A capacidade de penetraÇão da bomba #80 deve ser analisada. Ela teria capacidade de penetrar um deque blindado de 12,7 centÍmetros e a proteÇão blindada de 2,54 centÍmetros sobre o paiol de muniÇão? Documentos japoneses afirmam enfaticamente que a bomba #80 podia perfurar 15 centÍmetros de uma placa blindada fabricada pelos alemães (MNC), quando a bomba fosse lanÇada de uma altitude de 2,500 metros. A bomba #80 que atingiu o castelo de proa do USS Arizona foi lanÇada de 3,200 metros e tinha o potencial de penetrar uma placa blindada de quase 18 centÍmetros.  A bomba #80 tambÉm era uma arma perfuradora de blindagem com uma pequena carga explosiva de quase 23 quilos. Estas caracterÍsticas da bomba causavam uma perfuraÇão com cerca de 60 centÍmetros de comprimento e 50 centÍmetros de largura no deque superior atingindo profundamente o interior do navio alvo.

Expostas as evidÊncias, uma figura conclusiva emerge sobre os últimos minutos do encouraÇado americano. O USS Arizona e o USS Vestal sofreram um impacto cada um de bombas lanÇadas por um grupo de bombardeiros de grande altitude do porta-aviÕes Kaga às 8h05. A formaÇão liderada pelo tenente Hideo Maki conseguiu um impacto na torre de tiro número quatro do USS Arizona e um impacto no estibordo do USS Vestal prÓximo da proa. A bomba que atingiu o USS Arizona na torre de tiro número quatro, resvalou pela blindagem inclinada na parte frontal e acabou desviada, perfurando o deque, explodiu na lavanderia dos oficiais, causando apenas pequenos danos ao navio. A bomba que atingiu o USS Vestal na linha 44 perfurou os trÊs deques, entrou na tubulaÇão de armazenamento, desviando em direÇão da proa antes de explodir, causando um incÊndio, mas nenhuma inundaÇão. TrÊs outras bombas erraram os dois navios.

Um minuto apÓs este primeiro ataque, um segundo grupo de bombardeiros de grande altitude do porta-aviÕes Hiryu, sob o comando do tenente comandante Tadashi Kusumi, carregados com as bombas #80, atacaram os jÁ danificados USS Arizona e o USS Vestal. Aproximadamente às 8h06, o grupo do porta-aviÕes Hiryu alcanÇou sua posiÇão de ataque e selecionou um encouraÇado como alvo. Utilizando uma pequena bandeira retangular de cor branca, o tripulante do assento traseiro do bombardeiro lÍder sinalizou para os outros quatro para lanÇarem suas bombas. O tenente Shojiro Kondo, que era o especialista em bombardeio e tripulante do assento central do avião pilotado pelo tenente Comandante Kusumi, lanÇou a fatÍdica bomba que destruiu o USS Arizona de uma altitude de 3,200 metros com um tempo de impacto esperado em cerca de 26 segundos. Nesta altitude, os detonadores duplos eram regulados para explodir embaixo do casco do navio. Igual a formaÇão anterior, o grupo de Kusumi conseguiu um impacto no USS Arizona e um impacto no USS Vestal, que estava prÓximo.

 

IlustraÇão A – a bomba atravessa os paiÓis.

 

A bomba que atingiu o USS Vestal golpeou a bombordo na linha 111 e atravessou completamente o navio. Não estÁ muito claro se a bomba explodiu no interior do navio ou apÓs afundar na lama, todavia, este impacto causou uma extensa inundaÇão nos setores à rÉ do navio. O USS Vestal foi depois rebocado para Águas mais rasas da baÍa e encalhado na praia para evitar que afundasse.

 

IlustraÇão B – a explosão preenche os espaÇos vazios entre os cartuchos armazenados abaixo do deque blindado.

 

Agora, os sete segundos finais do USS Arizona se tornam o nosso foco. O navio possuÍa seis paiÓis de pÓlvora para seus canhÕes, sendo trÊs ao lado das torres frontais  principais de canhÕes de 33 centÍmetros de diâmetro. A bomba letal golpeou o estibordo do deque da proa, ao lado da torre de tiro número dois. A bomba #80 atravessou quatro deques e a blindagem de mais de 14 centÍmetro de espessura antes de penetrar no paiol de muniÇão. O primeiro clarão ocorreu dentro do paiol da sala de manipulaÇão a estibordo da torre de tiro número dois. Dois paiÓis vizinhos estavam a frente deste local da explosão inicial. GÁs em expansão do primeiro paiol a ser atingido se espalhou para estes dois paiÓis adjacentes. O gÁs se espalhou rapidamente pelos espaÇos vazios abaixo do deque blindado e penetrou a espessa blindagem de 33 centÍmetros da divisÓria final, a qual estava posicionada abaixo da borda frontal do convÉs blindado atÉ a frente da torre de tiro um. Este anteparo frontal blindado vedava a parte frontal da cinta de blindagem de 33 centÍmetros localizada em cada lado da linha d’Água do encouraÇado.

 

IlustraÇão C – Gases em expansão penetram em direÇão a blindagem frontal e aos deques da torre frontal de tiro, criando uma grande bola de fogo.

 

A pressão causada pelos gases super-aquecidos esmagaram o anteparo blindado. Depois os gases da explosão desviaram para cima em direÇão aos trÊs deques superiores e causaram a explosão visÍvel do deque de proa em frente a torre de tiro número um. Este rÁpido clarão de fogo, que durou apenas meio segundo antes da subseqÜente explosão gigantesca, foi uma importante pista gravada por uma câmera de filmagem a bordo do navio hospital USS Solace (AH-5), que estava ancorado prÓximo.

 

IlustraÇão D – Uma grande explosão É visÍvel.

 

Enquanto os gases em erupÇão atravessavam os deques em direÇão a torre de tiro número um, os paiÓis restantes do estibordo entraram em igniÇão. Com todos os espaÇos vazios da parte de baixo do deque frontal e de estibordo jÁ preenchidos com gases em expansão, os gases super-aquecidos do paiol do bombordo poderiam escapar apenas para fora, para cima ou para frente. O resultado foi uma catastrÓfica explosão que arrebentou as estruturas horizontais restantes e as chapas do casco acima da cinta de blindagem. Testemunhas puderam sentir e observar o clarão a milhas de distância da baÍa. Aproximadamente 582 toneladas de ogivas de 14 polegadas de diâmetro armazenadas na Área do paiol frontal foram consumidas pela explosão. A filmagem registrou a parte externa de todo este processo, desde o impacto da bomba atÉ a explosão final. Todo este processo durou pouco menos de sete segundos. A ponte de comando do USS Arizona entrou em colapso, caindo para frente da cavidade em chamas, e o navio afundou em nove minutos.  A devastaÇão de um terÇo da parte frontal do navio foi tão pesada que, posteriormente, as equipes de mergulhadores encontraram apenas uma bala de canhão de 14 polegadas de diâmetro das mais de mil armazenadas nos paiÓis frontais.

Em 1984, a equipe do ServiÇo Nacional de Parques (SNP), setor de Recursos Culturais submersos, liderada por Daniel J. Lenihan, conduziu uma busca subaquÁtica abrangente nos destroÇos do USS Arizona. Neste perÍodo, uma descoberta particularmente interessante feita pelo SNP foi o padrão incomum de distorÇÕes do casco em ambas as partes externas e internas do paiol frontal. Na Área do paiol frontal, a parte externa do casco de bombordo ficou mais abaulada do que a parte do estibordo.

A maior distorÇão do bombordo providenciou uma marca histÓrica indelÉvel, sendo um testemunho dos segundos finais do USS Arizona. A distorÇão externa maior do bombordo deu evidÊncias de que o paiol do bombordo explodiu primeiro. Com todos os espaÇos vazio jÁ preenchidos por gases super-aquecidos em expansão, a posterior explosão dos cartuchos de cordite no paiol de bombordo forÇou mais a sua saÍda pelo casco. Uma evidÊncia adicional a maior distorÇão do casco de bombordo É uma grande rachadura encontrada na proteÇão blindada que se estende abaixo atÉ a virar no fundo do porão e possivelmente alÉm. O mergulhador especializado Jim Adams, do ServiÇo de Parques, confirmou que esta rachadura pode ser vista apenas no casco a bombordo e não no estibordo.

A sequÊncia de eventos, iniciando com o lanÇamento da segunda bomba atÉ a explosão do paiol frontal, não demorou mais que 33 segundos. A trÁgica perda do USS Arizona encerrou a era da supremacia do encouraÇado e viu nascer o novo senhor dos oceanos, o porta-aviÕes.  

 

FONTE: Revista PROCEEDINGS/DECEMBER1997

 

John De Virgilio É diretor da AssociaÇão de Historia de Pearl Harbor. Ele possui um grau de mestrado da Universidade do HavaÍ e É o autor do artigo “Japanese thunderfish” (publicado na revista Naval History, 1991), que relata sobre o ataque de torpedos realizado pelos japoneses contra a frota americana em Pearl Harbor, em sete de dezembro de 1941.

 

SobreposiÇão do padrão de impactos das bombas: para compensar as margens de erro a esquerda e a direita, a Marinha japonesa desenvolveu e implementou um padrão de lanÇamento de cinco bombas para garantir pelo menos um impacto no encouraÇado.

 

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O MÉTODO DE BOMBARDEIO UTILIZADO PELOS B5N2 “KATE”.

 

A Marinha japonesa possuÍa vÁrios mÉtodos de ataque aÉreo utilizando bombas, e o bombardeio de grande altitude foi o formato mais utilizado durante a guerra com a China, reiniciada em 1937.

As missÕes de longa distância e grande altitude realizadas pelas forÇas de bombardeio japonesas durante esta fase deram uma valiosa experiÊncia no formato de bombardeio de saturaÇão, todavia a precisão deste tipo de bombardeio deixava a desejar. Experimentos realizados no mar e em terra durante a campanha na China apresentavam problemas que pareciam insolúveis, e que levaram a Marinha japonesa a reconhecer sua frustraÇão diante da realidade de que teria que atacar alvos navais em movimento.

Por volta de 1941, os resultados obtidos com experimentos do mÉtodo de bombardeio de grande altitude eram tão desencorajadores que este mÉtodo quase foi abandonado em prol do ataque com bombardeiros torpedeiros e bombardeiros de mergulho. Durante o planejamento do ataque contra Pearl Harbor, concluiu-se que seria necessÁrio a utilizaÇão de bombardeiros de grande altitude contra os encouraÇados americanos, que poderiam estar protegidos por redes de proteÇão anti-torpedos. AlÉm do mais, os americanos tinham como prÁtica atracar os encouraÇados aos pares, medida esta que protegia o encouraÇado atracado do lado interno da ilha Ford. Os bombardeiros de grande altitude teriam que duelar com os encouraÇados americanos em Pearl Harbor.

 

 

O tenente Masatake Okumiya afirma que durante o perÍodo em que foi instrutor na base naval de Yokosuka, nos anos de 1938-1939, ele foi o primeiro a sugerir uma melhora na questão da precisão deste tipo de bombardeio.  ApÓs chegar em Yokosuka, o tenente Okumiya realizou um dedicado estudo sobre os resultados dos testes feitos pelas escolas de vÔo. Ele concluiu que o problema fundamental era uma questão de atitude. Existiam muitos bons pilotos na Marinha, porÉm poucos bons bombardeadores, e isto acontecia porque os melhores alunos das escolas de aviaÇão eram escolhidos para ser pilotos de caÇa e de bombardeiros.

 

 

Pelo fato deles não serem treinados como bombardeadores, os pilotos de bombardeiros apenas pilotavam seus aviÕes, e os bombardeadores ocupavam a posiÇão central, atrÁs destes pilotos. O tenente Okumiya argumentou que os melhores pilotos de bombardeiros deveriam ser treinados intensivamente nas tÉcnicas de bombardeio de grande altitude, e depois seriam destacados para voar junto com bombardeadores habilidosos formando assim uma equipe permanente, e pelo fato de trabalharem juntos seriam equivalentes a uma equipe de um único homem. A proposta de Okumiya foi aceita pela Marinha, e por indicaÇão sua, o tenente Izumi Furukawa, um dos melhores pilotos do grupo aÉreo Yokosuka, recebeu o treinamento especial em bombardeio horizontal. Furukawa se tornou a principal figura entre os especialistas da Marinha na questão do bombardeio horizontal. Furukawa era membro das unidades aÉreas do porta-aviÕes Akagi, e conduziu o treinamento destas unidades. Com energia e determinaÇão, Furukawa moldou estas tripulaÇÕes a se tornarem um instrumento de precisão.

Um passo seguinte para melhorar o bombardeio horizontal foi reduzir a altitude de lanÇamento, de 4.000 metros para 3.000 metros. Esta era a altitude mÍnima para que uma bomba perfuradora de blindagem pudesse desenvolver velocidade suficiente para penetrar um deque blindado. Todavia, estes bombardeiros ficavam mais expostos a artilharia anti-aÉrea. ApÓs estas mudanÇas, um novo padrão de formaÇão foi desenvolvido. Um formaÇão menor e mais concentrada seria utilizada contra os alvos. Estas novas tÉcnicas levaram a um aumento da precisão, que subiu de 10% para 33%, e  depois com mais treinamentos realizados em Kagoshima, a precisão aumentou ainda mais.

 

 

Outro problema que tambÉm foi solucionado era a questão da bomba a ser utilizada no ataque aos encouraÇados americanos. Na vÉspera do inÍcio da guerra do pacÍfico, a Marinha japonesa possuÍa trÊs tipos de bombas mais pesadas em seu inventÁrio: 250kg, 500kg e 800kg. Apenas a bomba de 250kg possuÍa uma versão anti-navio, as outras eram bombas utilizadas apenas contra alvos em terra. A Marinha japonesa decidiu converter a granada naval tipo 99, que era utilizada pelos canhÕes dos encouraÇados japoneses Nagato e Mutsu. Esta bomba foi adaptada com uma proteÇão de alumÍnio colocada internamente e na frente da carga explosiva, evitando assim sua explosão no momento do impacto. Isto permitia que a bomba penetrasse os deques blindados dos navios inimigos. Os tÉcnicos julgavam que esta bomba seria capaz de penetrar uma blindagem de atÉ 15 centÍmetros de espessura, que era o padrão utilizados pelos navios de guerra da Época. Esta bomba modificada recebeu a designaÇão tipo 99, #80. O processo foi realizado com  dificuldade e apenas 150 destas bombas foram fabricadas antes que as mÁquinas utilizadas na remodelagem acabassem quebrando.

Foram designados para o ataque 50 bombardeiros B5N2, sendo 15 do Akagi, 15 do Kaga, 10 do Soryu e 10 do Hiryu. Apesar do “estrondoso sucesso” representado pela destruiÇão do USS Arizona, o resultado final foi bastante frustrante: apenas 10 bombas acertaram os encouraÇados, ou seja, 20% de precisão, e destes acertos, apenas o USS Arizona foi destruÍdo por uma destas bombas. Os outros navios receberam apenas danos menores.   

O raide contra Pearl Harbor foi a primeira e última missão que utilizou este tipo de bomba #80.

 

O MOMENTO DO ATAQUE

 

A formaÇão japonesa se aproximou da ilha de Oahu, que foi avistada pela primeira vez por volta das 7h40. O comandante Mitsuo Fuchida, lÍder de toda a formaÇão de ataque, ocupava o assento central do B5N2 cÓdigo de cauda AI-301. ApÓs seu avião sair das nuvens, ele estava bastante atento olhando no horizonte. Esta ilha havaiana possuÍa uma aparÊncia pacÍfica e um tom verde luxuriante.

Tudo parecia bom demais, pois nenhum avião inimigo estava sobrevoando a ilha para interceptar a formaÇão japonesa. às 7h49, Fuchida ordenou que seus pilotos atacassem em formaÇão. Ele conduziria pessoalmente a formaÇão dos bombardeiros de grande altitude. Sua formaÇão era composta de 49 bombardeiros, porque 1 bombardeiro teve problemas e não decolou para o ataque. Eles voaram pela costa oeste da ilha, aguardando que os D3A1 - bombardeiros de mergulho e os B5N2 -  bombardeiros torpedeiros realizassem seus ataques primeiro.

 

 

Sua formaÇão alcanÇou o ponto de ataque por volta das 8h05, e o atracadouro de encouraÇados  jÁ estava sob ataque a cerca de 10 minutos.  Suas unidades estavam divididas da seguinte forma:

AKAGI – 3 shotais com cinco B5N2 “Kate” lideradas pelo comandante Mitsuo Fuchida (alvo atacado: USS Maryland), tenente Goro Iwasaki (alvos atacados: USS Tennessee e USS West Virginia) e tenente Izumi Furukawa (alvos atacados: USS Tennessee e USS West Virginia);

KAGA – 3 shotais com cinco B5N2 “Kate” lideradas pelo tenente comandante Takahashi Hashiguchi (alvos atacados: USS Tennessee e USS West Virginia), tenente Hideo Maki (alvos atacados: USS Arizona e USS Vestal) e tenente Yoshitaka Mikami (USS Tennessee e USS West Virginia);

SORYU – 2 shotais com cinco B5N2 “Kate” lideradas pelo tenente Heijiro Abe (alvos atacados: USS Tennessee e USS West Virginia) e tenente Sadao Yamamoto (alvo atacado: USS Nevada);

HIRYU – 2 shotais com cinco B5N2 “Kate” lideradas pelo tenente comandante Tadashi Kusumi (alvos atacados: USS Arizona e USS Vestal) e tenente Toshio Hashimoto (alvo atacado: USS California).

O comandante Fuchida ordenou que suas unidades de bombardeio de grande altitude atacassem telegrafando o cÓdigo: Tsu! Tsu! Tsu!

As baterias antiaÉreas de grosso calibre que foram inúteis contra os B5N2 torpedeiros que realizaram seu ataque a baixa altitude, agora descarregavam toda sua fúria contra as formaÇÕes de bombardeiros de grande altitude lideradas por Fuchida, cuja ala foi o primeiro alvo destas baterias. A impressão que ele teve ao se dirigir para seu alvo É que sua formaÇão devia lembrar o vÔo de patos selvagens observados pelos caÇadores. A disciplina absoluta se fazia necessÁria. Tufos de fumaÇa cinzenta explodiam ao redor do seu avião.

Fuchida ficou muito impressionado com esta capacidade americana de reagir ao ataque de maneira tão rÁpida. Ele reconheceu que se fossem os japoneses que estivessem sob ataque, este tipo de reaÇão tão rÁpida não aconteceria.

O ala #5 de Fuchida foi atingido no suporte de sua bomba, que acabou despencando prematuramente a caindo no canal de entrada da baÍa. Observadores no solo pensaram que os japoneses estavam minando a entrada da baÍa. Num primeiro momento, sem saber do acontecido, Fuchida pensou que o piloto abandonara a formaÇão por medo, mas apÓs sinalizar questionando esta atitude, a resposta que recebeu É que este avião tinha sido atingido pela baterias antiaÉrea. Fuchida sentiu remorsos por ter ficado com raiva deste piloto.

O prÓprio avião de Fuchida acabou sendo atingido, e ao olhar para trÁs, seu artilheiro/operador de rÁdio deu o seguinte relatÓrio sobre os danos: “HÁ um rombo na fuselagem e o cabo do leme estÁ danificado”. Todavia, seu piloto assegurou que os danos não eram tão graves e que eles poderiam continuar seu ataque. Mal o piloto deu esta informaÇão, outra explosão bem prÓxima chacoalhou o avião novamente. Fuchida ficou preocupado ao sobrevoar os encouraÇados americanos e experimentar esta explosiva recepÇão... ele esperava que sua boa sorte não o abandonasse neste momento!

Conseguir um bom ângulo de aproximaÇão era algo bastante difÍcil. Por mais treinado que fosse o bombardeador, era quase impossÍvel ele corrigir rapidamente a rota de aproximaÇão ao dar orientaÇÕes para seu piloto. Quando isto acontecia, seria necessÁrio dar uma volta e tentar nova aproximaÇão. No momento crucial de lanÇar sua bomba, uma nuvem escondeu seu alvo, e a primeira ala do porta-aviÕes Akagi (a de Fuchida) precisou circular para uma nova aproximaÇão. As duas formaÇÕes seguintes do porta-aviÕes Akagi conseguiram corrigir sua rota a tempo, e lanÇaram suas bombas contra os mesmos alvos: o USS Tennessee e o USS West Virginia.

 

 

Logo apÓs o ataque dos aviÕes do Akagi, as trÊs alas do porta-aviÕes Kaga tambÉm se dirigiram contra o USS Tennessee e o USS West Virginia, mas a segunda ala observou que o USS Arizona não tinha sido atacado ainda e seguiu em sua direÇão.

Fuchida e sua ala ainda não tinham conseguido voltar para uma nova passagem de ataque quando as unidades do porta-aviÕes Hiryu atacaram. A primeira ala tambÉm lanÇou suas bombas contra o USS Arizona e o USS Vestal. A fumaÇa resultante da explosão do paiol de muniÇão do USS Arizona atrapalhou a visão do bombardeador lÍder da segunda ala do porta-aviÕes Hiryu, que tinha como alvo o USS California. Eles acabaram ultrapassando o ponto de lanÇamento e erraram seu alvo.

Fuchida observou esta terrÍvel explosão e relatou: “Chamas e fumaÇa subiram juntas para os cÉus... foi terrÍvel observar labaredas vermelhas, resultado de uma explosão de pÓlvora. Eu sabia que o paiol de muniÇão de algum navio tinha explodido”. Seu avião foi abalado pela forÇa da explosão, mas seu piloto Matsuzaki, com bravura e habilidade, conseguiu mais uma vez controlar o avião jÁ danificado. Fuchida não sabia que fora o USS Arizona que tinha sido atingido, mas ele sabia que pelo menos um encouraÇado estava fora de combate. Alegria e gratificaÇão encheram seu coraÇão, pois sua missão parecia estar alcanÇando seus objetivos.

 

 

A primeira ala do porta-aviÕes Soryu foi capaz de ver entre as nuvens de fumaÇa e conseguiu atingir o USS Tennessee e o USS West Virginia. A segunda ala precisou dar uma volta para tentar uma nova passagem de ataque.

Agora havia muita fumaÇa sobre os encouraÇados, e Fuchida precisou fazer outra volta e tentar uma terceira vez se aproximar para o ataque.

Fuchida finalmente conseguiu se aproximar de um alvo, o USS Maryland, apenas na sua terceira passagem de ataque. Fuchida descreveu assim este momento histÓrico: “Deitei-me (...) para ver as bombas caÍrem... Quatro delas, num padrão perfeito, caÍram verticalmente com o destino do inferno. Esqueci-me de tudo, na emoÇão de vÊ-las caÍrem na direÇão do alvo. Elas ficaram tão pequenas quanto sementes de papoulas e finalmente não consegui mais vÊ-las no exato momento em que pequeninos jatos brancos de fumaÇa apareceram no navio e prÓximo dele...” Apesar dele alegar dois acertos, na verdade sua formaÇão errou o alvo.

A última ala a atacar pertencia ao porta-aviÕes Soryu, que atacou o USS Nevada, mas acabou errando tambÉm.

Estas unidades de bombardeio de grande altitude desperdiÇaram 39 bombas que erraram seus alvos. Das 10 outras que acertaram, apenas a que foi lanÇada contra o USS Arizona foi efetiva, causando sua completa destruiÇão.

Outro testemunho detalhado da forma como se realizavam estes ataques É dada pelo suboficial de segunda classe (PO2c) Taisuke Maruyama que voou pela Marinha imperial japonesa e participou dos raides contra Pearl Harbor, Darwin, Midway e da batalha das ilhas Santa Cruz. No final de guerra ele participou de ataques contra as bases aÉreas americanas na ilha de Saipan.

Ele nos dÁ uma interessante descriÇão do mÉtodo utilizado pelos grupos de bombardeiros B5N2 de grande altitude. Esta prÁtica foi desenvolvida pela ForÇa AÉrea da Marinha Japonesa pouco antes do inÍcio da Guerra do PacÍfico. Em cada grupo de bombardeiros embarcados nos porta-aviÕes, a tripulaÇão que conseguia os melhores resultados durante os treinamentos era designada como responsÁvel para liderar o ataque. Quando a formaÇão estava se aproximando do alvo, esta tripulaÇão lÍder estava posicionada como ala #2 dentro de uma formaÇão em “v” que poderia variar de 3 a 5 aviÕes. O oficial lÍder da formaÇão ocupava a posiÇão #1, a frente de toda a formaÇão. Pouco antes de alcanÇar o alvo, estes dois aviÕes trocavam de posiÇão, e o avião com a melhor tripulaÇão lideraria o ataque final. O piloto do bombardeiro sentado na posiÇão frontal podia se comunicar com o observador/bombardeador sentado na posiÇão central por meio de um comunicador (tubo de voz). Este dois tripulantes utilizavam inflexÕes vocais para aperfeiÇoar a mira. O tripulante sentado na posiÇão traseira era o artilheiro/operador de rÁdio. Este acenava para o alto uma bandeira que deveria ser o foco de todos os outros observadores/bombardeadores dos outros aviÕes. No momento do lanÇamento das bombas, este tripulante do assento traseiro abaixava a bandeira sinalizando desta maneira que todos os outros bombardeadores deveriam lanÇar suas bombas simultaneamente. De acordo com o historiador Mr. David Aiken, esta bandeira era de cor branca, e se o tripulante central do bombardeiro lÍder decidisse abortar o lanÇamento da bomba, o artilheiro deveria sinalizar com a bandeira, agitando-a para frente e para trÁs, rapidamente. Com este sinal toda a formaÇão deveria circular mais uma vez para tentar uma melhor passagem de ataque.

 

 

Durante o ataque contra Pearl Harbor, vÁrios grupos de bombardeiros precisaram fazer outras passagens de ataque porque a primeira foi abortada. Pouco antes de decolar para o ataque, o comandante Mitsuo Fuchida deu a seguinte orientaÇão aos seus pilotos: “Nem uma sÓ bomba deve ser lanÇada descuidadamente... Se necessÁrio, faÇam duas, trÊs ou mesmo quatro passagens sobre o alvo”. Como jÁ pudemos ler, o prÓprio lÍder do ataque, comandante Mitsuo Fuchida, precisou fazer trÊs passagens para conseguir lanÇar as bombas de sua formaÇão... e mesmo assim errou o alvo!

O suboficial de segunda classe (PO2c) Maruyama acredita que esta tÉcnica improvisada se devia unicamente a falta de tecnologia por parte dos japoneses.

 

TraduÇão: Sidnei Eduardo Maneta (JaponÊs) – 08/04/2012

 

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:

1. Livro: GOD’S SAMURAI: lead pilot at Pearl Harbor, ano 1990. Autores: Gordon W. Prange, Donald M. Goldstein e Katherine V. Dillon.

2. Livro: MIDWAY, Editora Flamboyant, ano 1967.  Autores: Mitsuo Fuchida e Masatake Okumiya.

3. Livro: PEARL HARBOR – Editora Nova Fronteira. Autor: Walter Lord.

4. Livro: SUNBURST – Naval Institute Press, ano 2001. Autor: Mark R. Peattie.

5. Livro: ATTACK ON PEARL HARBOR – Editora Pictorial Histories Publishing, ano 2007. Autor: Stan Cohen.

6. Livro: PEARL HARBOR 1941 – Editora Osprey Publishing, ano 2001. Autor: Carl Smith.

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Oi Omarr.

 

Considero o mérito todo dos pesquisadores que nos compartilham suas pesquisas históricas que trazem luz para um melhor entendimento.

Estes artigos são verdadeiras aulas de história e de certa maneira ler estes artigos é como viajar em uma máquina do tempo...quero uma!

 

A tradução e a postagem aqui no FORUM são um grande prazer para mim.

 

Enjoy!

 

Sidnei, vulgo japonês!

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