A pergunta a se fazer não é quantas horas o cara tinha no equipamento, nem quantas vezes ele tinha pousado em SFO ou quantos nós abaixo da velocidade ideal de aproximação ele estava.
A pergunta a se fazer é: o que leva dois aviadores, com 10 mil horas de voo cada um, a deixar uma situação desenvolver dessa forma, levando um avião tecnologicamente impecável a um ponto sem retorno num momento tão crucial do voo, e porque sua reação não foi suficiente p'ra evitar a porrada.
Já li muitas postagens em locais diversos (aqui e outros fóruns) apontando o dedo para o aviador, chamando os caras de bundas moles, outros dando graças ao avião que só teria aguentado a porrada por que era Boeing, todos sem ter a menor idéia do que acontece numa cabine de comando.
Enfim, fico especialmente ansioso pelo relatório desse voo.
A única coisa que me arrisco antecipar é que provavelmente o gravador de vozes da cabine trará mais revelações do que necessariamente o gravador de dados de voo.
Algumas frases - criadas por mim, juro! - que gosto de dizer quando há um acidente e todo mundo aponta o aviador como culpado:
- "A aviação nada mais é do que um monte de cagadas completamente inéditas esperando p'ra serem cometidas pelo primeiro aviador desatento que chegar perto delas".
- "O dia que achar que eu não cometo mais erro algum, será o último dia que eu não vou ver meu nome nos jornais."
E uma clássica (não foi criada por mim):
"O bom piloto é aquele que sabe evitar as situações das quais somente um excelente piloto poderia se livrar".