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Resposta to "777 asiana cai em sf"

TomCat, o que eu quis dizer desde o início do tópico é o seguinte:


- Um B777 perde a sustentação e se arrebenta na curta final depois de um voo de 12 horas.

Porquê?

- Oras, ele "estolou" por que o cara deixou a velocidade cair, levantou o nariz, a velocidade caiu mais, não deu tempo de recuperar e ele meteu a cara na cabeceira.

Só que isso é simplismo demais p'ra quem trabalha na área. O que eu quero saber é:

- Como pode uma tripulação com dez mil horas de voo cada piloto levar um avião como um B777 - em perfeitas condições e com meteorologia perfeita para se voar - a uma situação irrecuperável a poucas milhas da cabeceira?

- O que aconteceu dentro daquela cabine e que não pode jamais se repetir em um mesmo ambiente e situação? Será que eu já passei ou vou passar por algo semelhante?

- Será que eu cometeria o mesmo erro? Como será que eu reagiria? O que seria mais adequado? E por que o mais adequado não foi feito? Ou não foi conseguido?


Normalmente as pessoas apontam o dedo para os pilotos e repetem os clichês tradicionais de que "avião não cai, é derrubado", ou que "nunca é somente uma causa, mas um somatório de causas", bla bla bla bla...

Já sabemos tudo isso. Eu quero saber o que houve, efetivamente.

- O que eles estavam falando dentro da cabine?

- Porque ninguém ali dentro se manifestou sobre o estol iminente? Ou será que alguém falou e o piloto nos comandos simplesmente ignorou?

Essas são as perguntas que eu quero ver respondidas.

Que alguém errou fica fácil supor. Como profissional eu quero saber os motivos dos erros, e porque suas consequencias se tornaram impossíveis de contornar.

E sim, nós podemos errar nessa profissão. Somos humanos como todos os outros - médicos que erram, policiais que erram, juízes que erram... O que nós não podemos é ignorar esse fator da nossa condição humana, e deixar a situação chegar a um ponto sem retorno, como foi esse caso, gerenciando as consequencias dos erros e mitigando-os.

Eu já errei - e muito, diga-se de passagem. Só que nunca deixei a situação chegar ao limite do Jornal Nacional.

E - como já postei antes aqui mesmo - o dia que eu achar que estou livre de qualquer chance de cometer erros, terá sido o último dia que meu nome não aparece nos jornais.

Abrassssssssss

Eduardo


PS: Falando do AF447... o dia que eu perder alguém realmente próximo em um acidente (perdi conhecidos tanto no AF447 quanto no TAM 3054), farei as mesmas perguntas que fiz acima.

Se os caras não desviaram é porque não acharam que deveriam desviar. Já aconteceu comigo de uma tempestade ficar encoberta por outra mais a frente na apresentação radar, e a gente só descobrir depois que o monstro estava na nossa cara e não tinha mais como sair dele. Como gerenciar? Reduzindo velocidade, amarrando as comissárias, procurando um caminho mais curto para fora da surra e gerenciando os sistemas da aeronave que possam ser afetados pela pancadaria - sistemas de leituras de dados do ar, por exemplo.

Se eles pilotaram mal ou não conseguiram por qualquer motivo sair do estol em que se meteram, então entramos no mérito do gerenciamento das consequencias do erro que eu falei mais acima.
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