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Resposta to "A Vingança de Frederico: o sentimento que transformou o mundo"

FRIDERICUS REX RESSURGE: INICIA A GUERRA DOS SETE ANOS

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A morte de von Katte, no entanto, parecia não estar superada no coração do Rei da Prússia. Frederico poderia muito bem contentar-se com os territórios conquistados, com o prestígio de um rei jovem, de apenas 30 anos de idade, erudito e revolucionário, mas seu coração pedia por mais vingança. A Áustria e sua aliada quase que siamesa, a Saxônia, eram alvos que pediam para serem atacados novamente. A Imperatriz Maria Teresa, que conseguira finalmente subir ao trono graças à morte por exaustão de seu distante primo bávaro Carlos Alberto (que Frederico quis ver sentado no trono Imperial), dava sinais de unir-se aos russos, franceses e suecos para retomar a rica província da Silésia, cujos minerais e comércio já faziam falta ao seu vasto país.

A Vingança de Maria Teresa, no entanto, demorou demais para começar, e foi a Segunda Vingança de Frederico, talvez muito mais potente do que qualquer outra, que estourou quando ele uniu-se ao Reino Unido de seu tio Jorge II para ter a audácia suficiente e ressurgir com uma segunda guerra contra a Áustria ao invadir a Saxônia no Verão de 1756. A reação contra isso foi quase que imediata, e o Império Russo da Czarina Isabel, a Suécia de Adolfo Frederico, a França de Luís XV e a Áustria de Maria Teresa decidiram invadir a Prússia simultaneamente, de modo que as defesas de Frederico, quase débeis no leste e no norte, não puderam resistir por muito tempo. Frederico deu início à Guerra dos Sete Anos.

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A França, aliada da coalizão liderada por Maria Teresa, entrou na guerra esperando obter vitórias coloniais sobre os britânicos, que logo se sucederia num verdadeiro fracasso e no fim do Império Colonial francês do século XVIII — perdeu o Quebec, territórios na Índia e no Caribe, sem os quais a Corte Francesa encontrou dificuldades para manter o seu estilo de vida.

Portugal, aliada eterna dos britânicos, acabou se deparando com a Espanha na guerra, que esperava retomar para si o território lusitano, independente da coroa de Madrid desde 1640. Graças à expertise administrativa e militar do Marquês de Pombal, recém-contratado pelo rei Dom José, e graças às tropas britânicas estacionadas em Lisboa, a invasão espanhola a Portugal acabou se tornando um verdadeiro fracasso: 60.000 soldados franco-espanhóis enfrentaram 14.000 soldados luso-britânicos e mesmo assim levaram uma vergonhosa surra. Esse conflito, já nos últimos momentos da Guerra dos Sete Anos, ficou conhecido como A Guerra Fantástica, devido à bravura e à estratégia dos defensores, perdendo em número numa relação de 1 para 4. Como se a derrota das tropas espanholas e francesas não bastasse, o número de vítimas também foi acachapante: apenas 1.000 soldados morreram do lado defensor, enquanto que 25.000 pereceram do lado invasor. Tropas inimigas só voltariam a invadir Portugal em 1807, no contexto das Guerras Napoleônicas. Vale lembrar que o Grande Terremoto havia arrasado Lisboa no ano de 1755, um ano antes da guerra começar, e que parte do orçamento do Reino de Portugal fora convertido para a reconstrução da cidade, deixando sua própria defesa debilitada.

 A BATALHA DE ROSSBACH E A VERGONHA DE LUÍS XV

Foi em Maio de 1757 que Frederico invadiu Praga com o grosso do seu exército e tomou-a dos austríacos pela primeira vez na vida. Seu exército era numericamente superior (66.000 soldados prussianos contra 60.000 austríacos), embora tenha perdido 1/4 dele em batalha, ficando com 52.000 homens para resistir durante os próximos anos de Guerra. Mas ele não se deu por vencido e dividiu suas tropas em duas: enviou 22.000 para a Saxônia, a oeste, e 30.000 para defender a Silésia da iminente invasão austríaca, cujos exércitos estavam todos se concentrando em Viena, a sul. Com parte das forças de Frederico em pleno avanço sobre a Saxônia, no bimestre Novembro-Dezembro de 1757, Áustria pede o socorro das tropas francesas estacionadas na Baviera e é imediatamente ajudada. O Rei Luís XV da França envia para lá o seu melhor marechal, o Príncipe de Soubise, Carlos de Rohan, com um quarto das tropas francesas, enquanto que a Áustria envia a maior parte do seu contingente para a Saxônia e a outra metade para invadir a Silésia sob o comando do Príncipe Carlos Alexandre de Lorena, cunhado da Imperatriz Maria Teresa.

O total desse grande exército marchando simultaneamente para o norte, contra Frederico, era de 108.000 soldados mais 360 canhões. Frederico, contando com um exército de 22.000 soldados e 72 canhões para invadir a Saxônia, não poderia resistir na Silésia se perdesse muitos soldados nessa região. Ele tentou então, enganar o inimigo, fingindo que estava fugindo para o leste. Uma magnífica armadilha estava sendo preparada. Deu-se, então, a Batalha de Rossbach.

Soubise invade Rossbach, território saxão sob controle prussiano, com os 33.000 soldados para deter o avanço de Frederico pelo coração da Europa. Une-se aos 9.000 austríacos que ali estavam para formar um exército de 42.000 homens. Ali encontra os 22.000 soldados prussianos sob comando pessoal do rei, observando-os por cima de um monte a norte. As tropas sob o comando do Príncipe francês contornam a região pelos montes do sul e seguem adiante por um vale, imaginando que, dali, poderiam dividir o exército prussiano em dois. Mas os franceses foram pegos de surpresa: uma linha com todos os 72 canhões prussianos estava estacionada no alto de um monte para o qual o vale corria e encontraram um alvo perfeito na coluna massiva de inimigos marchando todos concentrados num espaço de pouco menos de 1 km de largura. As balas dos canhões atingem todas as filas inimigas, ricocheteando até pararem, como num jogo de boliche, destroem os canhões que estavam rebocados, derrubam pelotões inteiros de cavalaria… tudo isso apenas na primeira saraivada.

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Mas as ordens de Soubise não são para recuar. Ao chegarem num campo onde o vale se alargava, no norte, as tropas francesas, sem dar sequer um tiro, são surpreendidas por 3.500 cavaleiros prussianos descendo o monte à sua direita. Ainda recebendo fogo grosso da artilharia prussiana à frente, os inimigos são atropelados pelos cavalos e todo o restante da tropas inimigas dá meia volta para tentar ir embora. O próprio Príncipe de Soubise quase foi morto quando seu cavalo recebeu um disparo de artilharia. Enquanto isso a infantaria de Frederico vinha tomando o alto dos montes à esquerda dos inimigos e, numa orquestrada movimentação, conseguem garguelar todo o exército sob o comando francês. Ao final da batalha, que durou apenas 90 minutos, Frederico saiu vitorioso tendo perdido apenas 170 homens. Do lado inimigo, mais de 1.500 foram mortos e outros 2.000 feridos. Mais de 7.000 homens e 70 canhões foram capturados. Mas Frederico não decide perseguir o restante dos inimigos em debandada para o oeste, como qualquer vitorioso soberbo faria; sua preocupação passou a ser a Silésia, então prestes a ser invadida por 75.000 austríacos sob o comando do Príncipe Carlos. Em Junho daquele ano de 1757,  os austríacos sob comando do Marechal Leopoldo von Daun fizeram Frederico amargar uma dura derrota em Kolín, a primeira derrota de Frederico na Guerra dos Sete Anos — o que lhe obrigou a retirar suas tropas da Boêmia, abandonando a pretensão de invadir Viena, mais ao sul. Carlos ingenuamente esperava que Soubise desse conta do resto das tropas de Frederico em Rossbach, mas acabou se arrependendo depois…

 

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