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Resposta to "Acrilex"

Fizage,

Ao que parece, Você já pesquisou sobre o hobby, então talvez as minhas dicas sejam meio primárias, mas de qualquer modo, aqui vão. Antes, um pouco do meu background.

Monto continuamente há pouco mais de 25 anos anos, basicamente aviação 1/48, 1/32 e 1/72, mas com alguma militaria 1/35 ao longo do caminho e, mais recentemente, algo de naval, especificamente um destroyer alemão 1/700 semi-acabado e vários navios no estoque  (os trabalhos do Paulors aqui na WK são minha inspiração! Um dia chego lá). Ao longo desses anos, adquiri talvez uns 1000 kits e uma infinidade de acessórios, tintas e ferramentas. Tenho um quarto em casa só para o hobby, com toda a parafernália necessária.  Ainda ocupo dois depósitos na garagem abarrotados com kits, incluindo os lançamentos mais recentes. Em resumo, é um hobby que pode se tornar um "saco sem fundo". No final, depende do que Você quer com ele. Se for para montar um ou outro kit de vez em quando, para relaxar e sem se preocupar com acuracidade, é uma coisa. Agora, se for para tentar montar modelos primorosos , que impressionam outros modelistas com a qualidade do seu trabalho ou para participar e ganhar concursos e ter medalha na prateleira, é uma outra estória. Se prepara para investir pesado se esse for o seu objetivo, pois sem as ferramentas e recursos adequados, dificilmente Você chega lá.

Confesso que estou um pouco nessa segunda categoria, mas sempre tentando ficar na primeira, exceto pela parte dos concursos, que não tenho mais saco de participar, só de ir para encontrar os amigos aqui da WK e aprender alguma coisa com o trabalho dos outros (nesse hobby, há sempre algo a aprender).

Quando voltei ao hobby no começo dos anos 90, depois de montar uns kits na infância, o meu processo foi mais ou menos o seguinte: na época, comecei a me interessar por simuladores de voo de PC, em particular os de combates aéreos. Isso despertou o interesse de ter os aviões representados fisicamente, em modelos montados. Na mesma época, visitando um dia uma banca, descobri a FineScale Modeller Magazine, que na época, era A revista de modelismo.  Ainda tenho o exemplar que comprei nesse dia, com um Spitfire do ás Johnnie Johnson na capa. O nível de detalhe do kit na capa me chamou a atenção. Confesso que não consegui distinguir se o avião era real ou modelo. Hoje em dia, com os meus olhos mais treinados, essa diferença seria óbvia, mas foi o suficiente para eu decidir que queria fazer um trabalho como aquele. Comprei então na primeira oportunidade três kits 1/72 da Airfix: um P-39, um Corsair e uma B-25. Montei todos sem qualquer acessório (nem sabia o que era isso), pintando com pincel usando tintas Humbrol, mas tentando caprichar ao máximo.  É óbvio que o resultado não ficou igual ao tal Spitifire, mas foi o que me ajudou a perceber alguns problemas, oportunidades de melhoria  e motivou a procurar mais informações sobre como montar um excelente modelo, as ferramentas necessárias, técnicas, etc. e ir testando algo novo a cada montagem.

Nessa mesma revista, eu vi que a editora Kalmbach tinha alguns livros que ensinavam conceitos básicos e técnicas de modelismo. Comprei então todos eles e li de cabo a rabo várias vezes, fazendo então uma lista de todas as ferramentas e produtos que precisaria para levar minhas montagens para um outro nivel. Na primeira viagem aos EUA, trouxe tudo da lista, em especial o aerografo e um compressor pequeno.

Os próximos kits que montei foram um F9F Panther e uma B-17 da Monogram, ambos 1/48. Esses já ficaram melhores e estão na minha vitrine até hoje. Rebaixei as linhas de painel do Panther e usei um aerógrado Bagder 150 e compressor para a pintura dos kits pela primeira vez. Usei tintas da Testors, mas hoje não as usaria de jeito nenhum para pintar um modelo, talvez só para um ou outro detalhe, pois há tintas melhores no mercado.Também comecei nessa época a montar a minha biblioteca de referências, algo indispensável para o modelista.

Desde então, a coisa foi progredindo até o ponto em que estou hoje. Mas, como eu disse, continuo aprendendo a cada dia, seja uma técnica nova com outros modelistas, um novo produto, uma nova marca de tinta, e por aí vai. 

Quanto ao meu processo de escolha de um kit kit para montar, ele geralmente está associado a algo que eu li a respeito sobre o avião, tanque ou navio ou algum documentário que eu vi  (também tenho uma videoteca de aviação e outros temas militares bem extensa). Pegar simplesmente um kit do meu estoque para montar não funciona muito para mim. Tem que ter algum contexto histórico ou, pelo menos, eu achar o avião bonito. Claro, não é sempre assim, mas é o que me motiva mais a ficar horas na bancada com um kit.

Portanto, com base na minha experiência, minhas sugestões para Você são as seguintes:

- Começa com qualquer kit na escala da sua preferência, desde que seja de uma das grandes marcas (Hasegawa, Tamiya, Airfix, Academy, Revell, Italeri, Monogram, Trumpeter, Hobby Boss, Heller, talvez) . Marcas menores ou menos conhecidas podem ter kits mais difíceis de montar ,o que pode te desanimar. Dito isso, montar um kit da Tamiya é certamente uma melhor experiência do que montar um kit da Heller, mas a ideia no começo é Você perceber onde pode melhorar, quando terminar a montagem. Escolhe algum kit que tenha alguma relevância histórica para Você: Algum avião da FAB? Algum avião/tanque/navio que participou da batalha XPTO? Ou avião de uma determinado às? A coisa fica mais interessante, a meu ver, se tem algum contexto histórico associado ao modelo.

- Começa com ferramentas básicas. Se Você sair comprando toda ferramenta que achar que vai precisar, pode terminar gastando uma pequena fortuna e, no final, deixar elas na gaveta. Deixa a experiência te dizer o que Você precisa. Mesmo assim, acho que um compressor e um aerógrafo, que são talvez as ferramentas mais caras, são bons investimentos, se Você pretende ficar algum tempo no hobby. Mesmo que não fique, pode revendê-los aqui no forum ou no ML depois. Não compra aerógrafo e compressor "xingling", nem aerógrafo que seja difícil de manter. Tenho aérografos e compressores de várias marcas, mas  o meu "arroz com feijão" é o Badger 150 e compressor Badger. Duram anos, se bem cuidados.

Tintas: para o aerógrafo, usa Gunze esmalte, sem erro. São fáceis de usar, tem um acabamento excelente, e zilhões de cores. Duram uma infinidade e se secarem um pouco no recipiente, podem ser diluídas com o produto próprio da Gunze. Para pintar detalhes com pincel, Vallejo acrílicas. Também tem uma infinidade de cores, e como diluem com água, qualquer erro, Você pode apagar com um cotonete umedecido. Mais adiante, Você pode tentar outras marcas de tinta, mas essas são as que vão te dar menos dor de cabeça no começo.    

Acessórios, decalques, etc: tem uma infinidade de opções, mas acho que não é o caso comentar aqui.

Acho que é isso. Espero ter contribuído um pouco para o seu inicio exitoso no hobby. Se eu puder ajudar em algo mais, fica à vontade para me mandar uma MP.

Abs,

Ivan

 

 

 

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