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Resposta to "Omaha"

Tópico 14

A umas dezenas de jardas à esquerda de onde Wilson se protegia atrás de um obstáculo, os componentes do quartel-general ainda lutavam contra a água tentando chegar na praia.  A rampa do LCVP de onde vinham estava demorando a baixar acarretando em um pequeno atraso.  Quando a rampa finalmente baixou, eles se lançaram na água liderados pelo Capitão Finke, o comandante, que pulou em um local particularmente profundo onde a água quase lhe cobriu a cabeça.  Em uma área de triagem ainda na Inglaterra, Finke torceu gravemente o seu tornozelo esquerdo o qual agora estava enfaixado e bem apertado embora ainda estivesse instável.  Ao invés de carregar um fuzil, o Capitão se agarrava em uma bengala.  Ele e outros homens da mesma lancha atravessaram a água mas se depararam perto da orla com um paredão de tiros das metralhadoras e dos morteiros.  "Eu tive sorte em chegar tão longe porque tínhamos que correr e eu não estava muito bem para tanto." contou Finke.  Os homens sobrecarregados já estavam exaustos e, é claro, extremamente enjoados depois da deplorável viagem dentro da lancha de desembarque (para a maioria das seções a bordo das lanchas, a viagem durou mais de duas horas).  Naturalmente o fogo inimigo dispersou os soldados e jogou por terra qualquer tentativa que se assemelhasse a um ataque organizado.  "O sujeito ao meu lado, o ordenança da Companhia, (Soldado Primeira Classe) Ed Cox, gritou para mim que ele tinha sido atingido, caiu e rolou sobre as suas costas" lembrou o operador de rádio do Capitão, James Thompson. Thompson e outros sobreviventes arrastavam-se da melhor maneira possível praia acima, as balas inimigas ricochetando nas pedras sob as suas botas.  Os fragmentos zumbiam de forma ameaçadora.  Thompson reparou no Tenente Howard Pearre, o oficial administrativo da Companhia correndo à frente quando, depois de duas explosões, aparentemente ele simplesmente desapareceu.  "Eu olhei para cima e ele já não era mais um ser vivo.".  Pearre levou um tiro certeiro de um dos canhões anti-tanques de 50mm.  Duas equipes de metralhadoras da Companhia F montaram suas armas na orla e começaram a atirar contra as escarpas controladas pelos alemães.  Após alguns instantes, rajadas certeiras e mortais das metralhadoras inimigas rasgaram as duas equipes matando ou ferindo todos os soldados.

Diante de um fogo tão avassalador, os homens procuravam abrigo em qualquer lugar que fosse e a única alternativa nesta praia desolada eram os obstáculos.  Os ouriços (Ouriço ou Ouriço Tcheco é o nome dado a um obstáculo anti-tanque composto de três perfis de aço cruzados e unidos entre si - N. do T.) e os tetraedros (Tetraedro eram também um obstáculo anti-tanque feito a partir de concreto - N. do T.) eram as alternativas mais seguras mas eram pequenos e proporcionavam pouca proteção.  Assim, os portões Belgas (Portão Belga é um outro tipo de obstáculo no formato de uma cerca com vigas na parte de trás as quais, fincadas no solo, faziam com que ele permanecesse ereto e impedindo o avanço de blindados - N. do T.) e as rampas feitas de toras de madeira eram as opções mais atraentes para as tropas assustadas.  "Na hora do desespero, qualquer solução é bem vinda" explicou Finke "e os sujeitos tentavam se abrigar atrás daqueles postes.  Eram postes como os de telefone com uns 10 a 12 pés (3 a 3,6 metros) de comprimento e com uma mina Teller no topo.  Não era um lugar muito agradável para ficar.".  Finke sabia que essa era a receita para um desastre.  Por pior que fosse o fogo inimigo e por mais vulneráveis que os homens ficassem enquanto avançavam, seria fatal se eles simplesmente se escondessem naqueles locais virando alvos estacionários em uma zona de tiro previamente preparada, ainda mais nas sombras das minas Teller.  Então Finke começou a circular bradando a sua bengala como um verdadeiro chicote.  "Eu a usei de forma eficaz, batendo nas pessoas até que elas se mexessem.".  Em várias ocasiões ele bateu em figuras deitadas de bruços para só então descobrir que estavam mortos.  Em outras ocasiões, ele bateu com a bengala em alguns soldados por várias vezes, não obteve nenhuma reação e pensou que estavam mortos até perceber seus rostos petrificados e então compreender que eles estavam aterrorizados demais para se mexer.  "Vamos! Levantem! Mexam-se!" gritava ele enquanto golpeava com sua bengala.  Finke ponderou que se ele gritasse sem bater com a bengala, então cada homem poderia assumir que ele estava berrando com outra pessoa.  Mas se ele pessoalmente batesse com sua bengala em alguém, não havia dúvida - mexa-se - e ele tinha razão.  Dessa maneira ele, sem piedade, botou muitos deles para correr por várias centenas de jardas até a relativa segurança do banco de cascalhos.  Ao chegar no próprio banco, Finke estimou que tinha perdido 25% dos seus comandados.

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Figura 12 - Foto feita durante o desembarque do Dia-D em uma das praias de Omaha aonde soldados se protegem atrás de Ouriços.

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Figura 13 - O autor da tradução (no caso, eu... ) ao lado de um tetraedro na parte externa do museu anglo-canadense na praia Juno, Normandia, setembro de 2014.

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Figura 14 - Um portão belga preservado.

 

C O N T I N U A

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