Skip to main content

Resposta to "Omaha"

Tópico 19

As defesas alemãs foram projetadas não apenas para matarem os invasores mas também para contê-los, impedir seu movimento, mantê-los imóveis, destruir qualquer manifestação de integridade de uma unidade militar, desfazer o seu propósito comum e privar os soldados dos seus líderes de modo que aqueles ficassem reduzidos a pouco mais do que uma turba sem objetivo e sem cadeia de comando, permanecendo inertes na areia molhada ou na água como alvos passivos, confusos e estacionários.  A causa número um para que este macabro conjunto de condições viesse à tona não era fruto necessariamente do formidável poderio de fogo vindo dos pontos de resistência; mesmo os tiros letais poderiam ser, em certas ocasiões, evitados contando com a sorte, o acaso, o heroísmo ou por simples capricho da física.  Os obstáculos minados eram, literalmente, a primeira linha de defesa dos alemães.  Assim, eles constituíam a melhor maneira para que os defensores imobilizassem os invasores e, consequentemente, os massacrassem no local.  Todos os ataques militares táticos - pelo menos aqueles que obtiveram êxito - dependeram de certa maneira na habilidade e no espaço necessário para manobrar em relação ao inimigo, eventualmente evitando os campos de tiros mais letais e atacando-o no seu ponto mais fraco.  Se os americanos falhassem em destruir a cobertura de obstáculos na praia de Omaha, eles não teriam a capacidade de manobrar soldados, tanques e veículos de uma forma eficaz o suficiente para flanquear os pontos de resistência, deixar a praia (local onde eram mais vulneráveis) e sobrepujar os alemães com a sua superioridade numérica.  Se os obstáculos conseguissem detê-los no local, pouco importava se eles pudessem lotar a praia com homens e veículos.  Isso serviria apenas para oferecer aos alemães alvos sendo empilhados cada vez mais até se tornarem uma superlotação caótica e que provavelmente só poderia ser salva pelo fogo protetor dos destróieres aliados e pela quantidade da munição alemã.

Por esta razão, ninguém na praia de Omaha (exceto pela infantaria que atacava) tinha um trabalho mais importante do que as Equipes de Assalto e Penetração.  O plano cuidadosamente concebido para desembarcar as equipes três minutos após a Hora H desfez-se face às condições e à ferocidade das defesas alemãs.  Assim como as unidades de infantaria, a forte correnteza em direção a leste fez com vários LCMs carregando as Equipes de Assalto e Penetração saíssem de sua rota e fossem naquela direção.  Dessa maneira, as oito equipes que apoiavam a 1ª Divisão desembarcaram de forma tão aleatória e precária quanto seus companheiros da infantaria.  Poucos, para não falar ninguém, desembarcaram de forma ordenada juntamente com os tanques tratores os quais estavam nos LCTs.  Em geral cada membro da Equipe carregava 75 libras (34 quilos) de explosivo, torpedos Bangalore, rolos de Primacord (Primacord é uma espécie de corda explosiva - N. do T.), alicates para cortar arame farpado, espoletas, detonadores, armamento individual e similares.  Cada um dos seus LCMs carregava um par de botes infláveis sendo um para a equipe naval de combate e demolição e o outro para a equipe de engenheiros do Exército.  Cada bote inflável continha um carregamento extra de suprimentos incluindo 500 libras (225 quilos) suplementares de explosivos, detectores de minas e marcadores para as trilhas com minas que fossem liberadas.  Independentemente do local onde desembarcassem, a praia que eles encontraram estava praticamente intocada.  "A primeira linha de defesa era composta por Elementos C" (Elemento C é o nome que as equipes deram para os Portões Belgas - N. do T.) afirmou mais tarde o Tenente John O'Neill comandante da Força Tarefa Especial de Engenharia.  "Estes estavam espaçados aproximadamente entre 40 a 50 jardas (35 a 45 metros) de distância e tinham minas presas na estrutura.  Havia em torno de três deles agrupados dentro das 50 jardas (45 metros) que precisavam ser liberadas.  A segunda linha de obstáculos consistia em cavaletes de madeiras com uma ponta voltada para a praia, com minas presas na sua estrutura e espaçados a uma distância entre 30 a 40 jardas (27 a 36 metros).  A terceira linha de obstáculos consistia na sua maioria em toras de madeira com um diâmetro entre 12 a 14 polegadas (30 a 40 centímetros) voltados em direção ao mar sendo que em alguns havia minas presas.  Entre eles havia os ouriços, em torno de 15 a 16 obstáculos num espaço de 50 jardas (45 metros)".

Durante o treinamento ainda na Inglaterra, o Tenente Carl Hagensen, um criativo oficial da marinha, projetou uma engenhosa maneira de eliminar os Elementos C ou Portões Belgas.  Ele colocou dois blocos de 2,25 libras (1 quilo) de explosivo C-2 em sacos fechados de lona, amarrou catorze deles nas dobradiças do Portão Belga, os conectou com Primacord e os detonou fazendo com que o Portão se transformasse em nada mais do que uma pilha de sucata.  O problema era que, naquela manhã do Dia-D, os assim-chamados Pacotes Hagensen (Hagensen Packs) estavam em falta.  Como alternativa, muitos engenheiros colocaram os blocos de C-2 dentro de meias juntos com pedras para que ficassem estáveis e com um Primacord saindo de dentro para então serem lacradas com barbante ou arame.  O plano era para amarrar essas meias com explosivos nos obstáculos.  O Primacord parecia ser inofensivo tanto quanto uma corda amarela de varal, mas tinha um considerável poder de combustão.  Contrário ao mito popular, os soldados não o levavam enrolado no capacete pela razão óbvia de que ninguém queria explodir a própria cabeça.

 

bangalores-1

Figura 15 - Soldados americanos treinando com um Torpedo Bangalore.

Primacord

Figura 16 - Um rolo de Primacord.

Hagensen Pack

Figura 17 - Um reprodução de um Hagensen Pack feito a partir de uma meia usada pelos soldados.

 

Attachments

Images (3)
  • bangalores-1
  • Primacord
  • Hagensen Pack
×
×
×
×