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Resposta to "Omaha"

Tópico 20

O tempo não estava a favor deles.  A cada minuto que passava, a maré avançava. A grosso modo, naquela manhã na praia de Omaha a maré subia 30cm a cada 10 minutos.  Se os engenheiros não conseguissem liberar as passagens em tempo hábil, provavelmente em uma hora a maré alta iria cobrir os obstáculos deixando-os invisíveis e tornando uma ameaça para os botes, os soldados e os tanques que vinham em seguida.  Mais ainda, obstáculos submersos eram mais difíceis de destruir do que qualquer outra coisa.

A Equipe 14, sob comando do Tenente Phil Wood, desembarcou na extremidade leste da Easy Red à sombra do WN-62 e à frente da infantaria.  Por alguma razão, Wood tinha a impressão de que a Hora H era às 06:20.  O LCM trazendo a equipe chegou na praia cinco minutos depois, isolado e perfilado de forma perfeita para os artilheiros alemães.  Uma chuva de balas das metralhadoras atingiu a embarcação.  Um tripulante do LCM se dirigiu a uma das metralhadoras da lancha e atirou de volta.  No processo, ele tentou também sem sucesso atingir as minas Teller que estavam presas nas estacas na praia.  A rampa baixou.  Wood e os outros soldados desembarcaram primeiro, empurram os botes de borracha na água que batia no peito e se dirigiram, sob o peso esmagador do equipamento, para a linha de obstáculos mais próxima.  O Tenente olhou para trás, em direção ao LCM e viu um obus de artilharia - originário provavelmente do canhão de 88mm do WN-61 - atingir a embarcação onde os marinheiros se esforçavam para carregar o próprio bote de borracha em direção à praia.  "A munição no bote inflável detonou" ele lembrou algumas semanas depois do Dia-D "e o fogo envolveu o LCM.  O timoneiro foi arremessado para fora da embarcação".  A maioria dos marinheiros da equipe de demolição estava morta. Enquanto o LCM ardia em chamas e os homens morriam, os sobreviventes das equipes se apinhavam na praia da melhor maneira possível e tentavam preparar os obstáculos para demolição.  O assistente do líder de um dos botes, Sargento Harrison Marble, lembrou que tanto para ele quanto para os outros, havia apenas "o pensamento básico de autopreservação… e rezar".

Todas as outras equipes da 1ª Divisão desembarcaram entre os 15 a 20 minutos seguintes em locais aleatórios ao longo das praias Easy Red e Fox Green, na maioria das vezes juntos ou misturados com os LCVPs da infantaria e praticamente em meio a um caos total. "Eu estava na primeira fila a sair do nosso barco" escreveu para os seus pais o Soldado 1ª Classe David Snoke, membro da Equipe 16 "e, assim que a rampa baixou, 3 obuses … atingiram no nosso lado esquerdo a uns 3 metros".  A sua equipe desembarcou bem em frente à saída E-3, embora com certeza os tiros tiveram como origem o WN-60 ou WN-61.  Snoke carregava 40 libras (18 quilos) de explosivo, 20 libras (9 quilos) de equipamento para detectar minas e um fuzil M1 às costas.  Ele entrou na água e começou arduamente a vadear em direção à praia.  "Eu dei uma olhada para trás a tempo de ver o Tenente (Grover M. Hobson) ser atingido na cabeça por um 88. Foi a primeira vez que comecei a ficar com medo.  Ele estava a uns 5 pés (1,5 metros) atrás de mim.  Alguns segundos depois, um tiro de morteiro caiu a uns 7 pés (2,10 metros) à esquerda e atrás de mim".  Ele foi atingido por fragmentos na mão, no braço e no lado mas felizmente nenhum dos ferimentos era mais sério. Atrás dele, era possível ver os marinheiros se esforçando para deixarem o LCM. Eles eram facilmente reconhecíveis pelas listas cinzas e pelas letras USN impressas nos capacetes bem como os coturnos de para-quedistas.  Enquanto Snoke olhava, os marinheiros, com dificuldades, conseguiram arrastar o bote inflável para fora do LCM um pouco depois que um tiro de 88mm atingisse a sala de máquinas e explodisse fazendo com que o bote ficasse em chamas.  O Eletricistas Chefe, sub-oficial Alfred Sears, também estava sobrecarregado com explosivos e equipamentos tanto quanto Snoke.  "As portas do inferno abriram-se sobre nós" contou ele.  "Eu fui direto para o fundo.  Eu inflei a boia salva-vidas mas elas se enroscou na máscara anti-gás.  Eu afundei de novo, de cabeça para baixo.  A parte de cima do corpo era a mais pesada.  Finalmente eu coloquei a boia salva-vidas por debaixo dos braços".  Um obus explodiu perto mas ele continuou avançando.  Ele conseguiu colocar a cabeça para fora da água a tempo de ouvir o líder da Equipe, o Guarda-Marinha H.G. Stocking gritar "Fui atingido!"  Ele tinha levado um tiro no ombro.  Sears foi em direção ao seu líder. Outro marinheiro da mesma Equipe, novo no combate e em estado de choque, perguntou: "O que a gente faz?  Estou apavorado!"

"Me ajude com o Guarda-Marinha Stocking" respondeu Sears de maneira incisiva.

Isso deu ao homem o foco em uma tarefa fazendo com que saísse do estado de choque ao invés de sucumbir ao medo .  Os dois marinheiros alcançaram o Guarda-Marinha Stocking.  Neste momento ele já tinha sido atingido por um outro tiro na perna.  "Eu removi todo o seu equipamento, enchi a boia salva-vidas e puxei para a praia".  Eles estavam completamente acuados, praticamente imobilizados.  Sears então percebeu que tinha sido ferido por um fragmento no joelho direito.

C O N T I N U A

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