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Resposta to "Quando o mais é demais... E menos peças não significa menos detalhes."

O Spencer Pollard acrescentou algumas considerações sobre o que ele escreveu anteriormente.  Aproveito para colocar aqui já que, pelo visto, as manifestações dos amigos foram relevantes (e que apresentaram o mesmo exemplo, o Pz.Kpfw. IV da Dragon/Platz).

 De novo fiz uma tradução meio tosca, mas para quem quiser conferir o original, eis aqui: https://thekitbox.wordpress.co...-really-can-be-more/)

Abrssssss,

A Raguenet

 

Vários dias atrás escrevi um ensaio para este blog propondo que os kits estão se tornando cada vez mais complexos e, com o aumento do número de peças, há o inevitável aumento do preço e, muitas vezes, a queda nas vendas. Estaria eu me expondo com meus pressupostos?  Quem sabe? As respostas às minhas considerações mostrou que talvez eu estivesse correto em questionar tais coisas, mas que havia - com razão - modelistas que ainda gostam do desafio de uma construção longa e do detalhe que esses projetos geralmente oferecem. Eu não fiquei surpreso com isso, afinal de contas somos uma comunidade ampla e todos nós temos diferentes necessidades e aspirações e o que é bom para mim, muitas das vezes, será desconsiderado por outros.

O que eu não estava preparado, principalmente porque em nenhum momento eu defendi tais ideias, é a noção de que, ao argumentar por menos peças, eu estaria pedindo por menos detalhes. Nada poderia estar mais longe da verdade. Meu argumento, por menor que fosse, era sobre uma abordagem mais sensata para a criação e detalhamento de uma setor onde peças únicas podem ser usadas para criar seções perfeitamente detalhadas em detrimento do uso de várias peças de modo a criar um resultado idêntico, o que seria um caminho a seguir.

Eu citei um caso em que sprockets apresentavam cabeças de parafusos separadas, o Dragon 1:35 Panzer IVD estava em minha mente enquanto meus dedos teclavam o texto. Você pode se lembrar do lançamento desse kit e das mais de 1200 partes que continha; você também pode se lembrar do grande número de peças que compõe os rolamentos e, quando essas peças estavam montadas, muitas pareciam ter sido originalmente moldadas em uma só peça! Era pura loucura. Avancemos para 2017 e a Dragon lançou um novo Panzer IVD que foi projetado e produzido em colaboração com a Platz, um kit que contém cerca de 170 peças. É complexo? Sim. O detalhe é menor do que o encontrado no kit anterior? Aparentemente não. Será que vai parecer tão preciso, detalhado e agradável uma vez montado? Muito provavelmente. O que a Dragon percebeu, como os outros, é que a complexidade e o número maciço de peças não são necessariamente o caminho a seguir.

Existem outros exemplos de como os fabricantes optaram por criar kits que estão longe de serem complexos para montar, mas são praticamente perfeitos em termos de detalhes e precisão. Eduard, por exemplo, lançou nos últimos anos duas famílias de aeronaves: o Spitfire e o Me109G. Em ambos os casos, a contagem de peças necessárias para construir cada um é inferior a 100, sendo que a montagem demora pouco mais do que algumas horas para ser concluída. Eles se comprometeram em detalhes? Absolutamente não. Cada caixa oferece um kit e um modelo resultante que fica para trás com relação a outros kits mais complicados? Não. Um modelista ficaria desapontado com o baixo número de peças e os kits poderiam ser mais impressionantes caso fossem mais complexos e demorados para montar? Claro que não.

A questão da simplicidade não é um argumento que signifique menos detalhes e precisão, e é por isso que eu não fui idiota o suficiente para estabelecer isso como verdade. Existem muitos exemplos de kits que são simples de construir, mas oferecem níveis impressionantes de detalhes, obras de arte que oferecem grandes peças revestidas de notáveis detalhes e com encaixes perfeitos (basta ver as asas feitas de só uma peça no Mosquito da HK Models por exemplo). Então vou repetir: menos partes não significam menos detalhes. E se você precisar de mais provas de que menos é muitas vezes mais, basta pegar o P-51D 1/48 da MENG e ver que isto é possível...

De modo a colocar meus pensamentos à prova e ver se eu poderia realmente construir algo um pouco diferente, eu decidi tirar as tão necessárias férias anuais e, em vez de sentar, beber cerveja e comer sanduíches de queijo e cebola (que ainda soa como um maravilhoso uso produtivo do meu tempo ...), peguei um kit Tamiya M1 Abrams muito antigo e comecei a trabalhar. Agora, qualquer pessoa que tenha montado este kit (como eu já o fiz, seis vezes ...) irá dizer que não apenas é muito simples de montar, mas que faltam detalhes em alguns lugares e, quando se trata de precisão, deixa a desejar. Ainda assim eu o adoro e gosto da maneira em que, no espaço de algumas horas, posso montá-lo direto da caixa. Neste caso, eu decidi melhorar um pouco a sua aparência com adição/substituição de alguns detalhes e me diverti um pouco mais na hora da pintura. Eu costumo me referir a isto como "heranças de montagens", ou seja , nenhum esforço a mais para criar réplicas complexas, apenas fazendo algo rapidamente.

Continuando a divagar...

A partir do meu ensaio anterior, parte do exercício era pensar sobre o que eu tinha escrito e como o kit que eu estava construindo poderia ter sido melhorado se tivesse sido projetado em 2017. Quais provavelmente seriam os detalhes de hoje que foram omitidos em 1982 quando o kit foi lançado pela primeira vez? Quantas peças a mais seriam necessárias para tornar o kit mais preciso e detalhado? Bem, as partes superiores das saias laterais poderiam ter bordas de vedação as quais que eu acabei adicionando; os protetores dos faróis poderiam vir em duas peças ao invés de uma; uma tela protetora em separado poderia ter sido incluída para criar um escapamento com uma melhor aparência tridimensional; as saias poderiam ter vindo em mais peças ao invés de serem inteiriças; as lagartas poderiam ser do tipo encaixe uma a uma; a cúpula e escotilhas seriam mais detalhadas, as metralhadoras compostas por várias peças em vez de apenas uma. Inclua alguns detalhes adicionais aqui e ali e com a atual tecnologia que é amplamente utilizada, o número de peças deste kit pode ser facilmente inferior a 300 e mesmo assim ficará ótimo. Claro, ao adicionar um interior detalhado, o total aumentaria, mas sendo um modelo "marginal" não haveria necessidade de ser mais complexo. E esse é o meu ponto: se não é necessário, por que fazê-lo? Bem... porque...

 E parece que as empresas já estão começando a lidar com essa ideia. Eu já mencionei o Panzer IV do Dragon e a família de Spitfires e 109s de Eduard. Bem, a preocupação tcheca também parece abordar as questões que muitos enfrentaram com os kits do Fw190 na 1/48, kits que oferecem níveis extraordinários de detalhes, mas são - para dizer o mínimo - um desafio durante a montagem. Uma nova família de kits está sendo criada, clonada a partir de seus outros produtos recentes e oferecendo modelos de alta qualidade, bem detalhados, precisos e, acima de tudo, fáceis de montar. Aqueles detalhamentos complexos e às vezes confusos presentes nos primeiros kits estão com os dias contados, substituídos por subconjuntos que podem ser montados por qualquer um e não apenas por aqueles com um alto nível de habilidade e três pares de mãos. Na minha opinião, é o caminho a seguir - especialmente se levarmos em conta o preço que empresas como Eduard, ICM e Airfix estão oferecendo por seus produtos.

 Debates como este sempre dividirão opiniões - e é por isso que eu costumo iniciá-los! - com modelistas em ambos os lados do argumento oferecendo razões para mostrar que a sua posição é a correta. Mas aquilo que nos une é essa necessidade de continuar a montar modelos altamente detalhados, precisos e agradáveis ao olhar quando terminados. Qualquer outra coisa é apenas um ponto de vista controverso. Mas vou repetir: menos partes não significam menos detalhes - realmente não.

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