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Resposta to "Sherman Crab (Anti-Minas)"

O Sherman atingido começou a queimar lentamente, com o combustível vazando e pegando fogo em poças ao redor do chão. Vi três tripulantes escalarem para fora das escotilhas, mas a cada vez que eles se levantavam na torre ou no topo do casco, os alemães atiravam neles. Um tripulante permaneceu caido sobre sua torre, segurando uma submetralhadora, enquanto as chamas cresciam em volta do tanque. Atrás do tanque, as fitas brancas que ele tinha aberto estavam à deriva através da fumaça no campo.   Um barulho de tambores e vibração na terra foi crescendo, e outra nuvem de poeira surgiu, outro tanque Sherman com correntes girando estava se aproximando para terminar a tarefa de seu companheiro. Este tanque apareceu rapidamente, o tambor girando em um frenesi absoluto, e vi que seu cano da arma já estava abaixado e disparando através das correntes girantes para os grupos dispersos de jovens alemães ao redor da encruzilhada.   Este tanque desviou seu caminho ao redor do companheiro que estava queimando e ia se aproximando, imprudente do perigo do lançador de foguetes que acabara de destruir a primeira tentativa.

Os alemães dispararam um foguete, mas ele passou longe do tanque que vinha se aproximando, e eu vi o seu rastro de faíscas desaparecendo no céu pálido além da fumaça. Antes que a SS pudesse disparar outra, o Sherman atirou sobre os alemães com alto explosivo e muitos dos alemães foram lançados no ar entre a terra empoeirada do campo.

Eu pensei que esta batalha terrível poderia finalmente estar no fim, mas ainda não.  O jovem alemão loiro ainda estava ativo, e ele correu para o campo, segurando apenas a Schmeiser, onde se plantou com os pés separados em frente ao tanque, não se importando com as pedras e terra que caiam sobre ele vindo daquele turbilhão provocado pelas correntes ao girar. Este rapaz disparou muitos tiros de sua Schmeiser, mas as balas, claro, eram irrelevantes para o tambor gigantesco que girava em sua direção.

O Sherman não hesitou ou desviou do seu caminho. As muitas correntes, girando a sua velocidade poderosa, desceu sobre o alemão enquanto ele estava tentando recarregar sua arma e ele foi simplesmente cortado em pedaços pela força dos links de metal.

Aquele Sherman não parou por aí. Eles continuaram a operar seu cilindro rolante, tamborilando as enormes correntes ao redor da encruzilhada, e, para meu choque, através dos corpos dos soldados mortos, feridos e queimados na estrada, passando mesmo sobre a torre do Panzer IV destruído e dos restos do canhão de 88mm e sua tripulação. As partes de metal do canhão, os corpos dos soldados e outros detritos foram lançados em torno a muitos metros de distância em nosso campo.

Fiquei em choque com este ato da tripulação dos tanques aliados. Para mim, que esperara tanto tempo pela libertação, isso parecia uma forma de vingança, ou como uma profanação desnecessária de cadáveres e o massacre dos feridos, embora os alemães  fossem meus inimigos também.

Quando o tanque finalmente parou, e mais tanques e a infantaria vieram através dos caminhos no campo minado para garantir a encruzilhada,  sai correndo e gritando de casa, desesperada, confrontei o comandante do tanque Sherman, vermelho de sangue e sujo com partes de corpos e detritos.  Eu estava confusa e estressada, e gritei com ele enquanto descia da torre do tanque. Ele era um canadense, com cerca de vinte e cinco anos, e embora falasse francês canadense,  não estava interessado em meus protestos.

Enquanto eu gritava para ele, ele colocou a mão sobre sua pistola. Seus olhos estavam raivosos e aturdido, e me olhou como se eu fosse um inimigo.

Um dos oficiais de infantaria canadense, que falava francês, me levou de lado e explicou que haviam perdido muitos homens para esses SS, e que eles escondiam bombas pelo caminho, entre veículos, objetos e mesmo cadáveres e que por esse motivo eles não arriscariam com eles vivos ou mortos.

Ainda em lágrimas fui examinar os destroços da minha casa, minha fazenda, focos de fogo e os tanques e os corpos que estavam espalhados por toda parte ao nosso redor.

Mais tarde, no dia seguinte, os canadenses trouxeram uns poucos prisioneiros alemães para limpar as partes  e os corpos dos alemães espalhados, sob escolta armada.  Havia muitas moscas ao redor, e os pássaros estavam pegando em muitos pedaços de carne. Isso foi acontecer na minha fazenda inocente, que era como um jardim do Eden antes da guerra. Os corpos das tropas canadenses mortos foram levados por médicos canadenses sob a direção de um padre do exército.

Este padre era católico, e ele fez algumas orações comigo e com minha mãe na nossa adega, entre as ruínas da nossa casa.

Uma última coisa que tenho a dizer sobre essa batalha.   Alguns anos depois da guerra, acho que foi em 1948, eu recebi  uma carta pessoal do comandante do tanque anti-minas canadense que eu tinha protestado tanto sobre a dilaceração dos feridos e dos cadáveres.   Ele escreveu em francês e endereçou apenas para a minha região de referência na encruzilhada, mas ainda assim foi entregue.  Eu lembro-me que o endereço postal era de Vancouver.

Sua carta dizia que, apesar de sua aparente indiferença na época, ele agora estava muito perturbado com os acontecimentos na Normandia, especialmente com relação aos jovens soldados alemães que ele matou, muitos ainda parecendo crianças. Ele me perguntou em sua carta o que mais ele poderia ter feito para proteger seus próprios homens. Ele me disse que achava difícil dormir e que ele estava infeliz.

Devo confessar que peguei a carta dele e rasguei, jogando o papel picado ao vento que espalhou os pedaços pelo campo...

 

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