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Enquanto procurava material de referência sobre o Mörser que estou montando, fui encontrando alguns artigos muito interessantes sobre artilharia autopropulsada.

Visando dar aos plastimodelistas conhecimento sobre as suas montagens, eis o  primeiro artigo, de autoria de M. Rémy Scherer sobre o tema, com acréscimos explicativos e de maior profundidade encontrados em outras fontes da Internet e livros.

 

O conceito de um canhão autopropulsada nasceu durante a Primeira Guerra Mundial, pela necessidade de se ter uma artilharia que pudesse seguir os ataques de infantaria para apoiá-los e a seguir se reagrupar para realizar um bombardeio massivo em um ponto específico do campo de batalha.

Querendo ter uma artilharia pesada capaz de avançar em todos os terrenos, o exército francês em 1916 estudou os chassis sobre lagartas capazes de transportar grandes canhões.

Dois tipos de canhão autopropulsados foram construídos: Schneider e Saint Chamond.

O canhão autopropulsado da Schneider tinha uma arma modelo 1917 de 220 mm, da qual vinte e duas foram construídas antes de 1918 e foram usadas durante as batalhas de St. Mihiel.

 A fim de resolver o problema da artilharia autopropulsada, o engenheiro francês Coronel Émile Rimailho,

que trabalhava para a empresa St. Chamond, desenvolveu uma solução complexa que consistia em dois veículos com lagartas.

O primeiro veículo, movido a gasolina, tinha a função tripla de transportar a munição da arma, para o que tinha um guincho na parte traseira visando colocar a munição na altura do deque de carregamento da arma.

Tinha internamente um gerador elétrico que fornecia energia ao segundo veículo, o transportador da arma, através de um cabo elétrico de 50 metros.

E a sua terceira função era o transporte da equipagem da arma.

Enquanto em deslocamento por estrada, o transportador de munição rebocava o segundo veículo por meio de uma barra de reboque de 2 metros de comprimento.

Em situação fora-de-estrada, a barra de reboque podia ser removida e o transportador da arma podia mover-se independentemente, embora ligado pelo cabo elétrico. 

Como o motor e o gerador estavam localizados no transportador de munição, o suporte do canhão tinha uma seção central vazia para que a arma pudesse, além de efetuar o seu recuo, após disparo, abaixo do nível do convés. ser montada no chassi, o que melhorava a sua estabilidade.

Como cada lagarta do transportador da arma possuía seu próprio motor elétrico, as lagartas podiam ser movimentadas de forma independente, para que o veículo girasse sobre seu próprio eixo, diminuindo a necessidade de equipamentos mais elaborados.

Durante o transporte, o tubo era puxado para trás e colocado na posição horizontal. Quando colocado na posição de tiro, um par de abas no meio do veículo abria e permitia que o tubo efetuasse o seu recuo.

Este conjunto autopropulsado era capaz de ir à áreas inacessíveis para armas rebocadas semelhantes, como se vê claramente na imagem abaixo de um morteiro de 280 mm TR Mle 1914 Schneider em deslocamento morro acima..

Foi planejada a montagem de canhões de calibre 155, 194, 220 e 280mm nestas configurações. O fim da guerra reduziu o programa para somente canhões 194mm GPF e

280mm TR Schneider.

Eu pretendo manter essa postagem em atualização constante, inclusive e, principalmente, apresentando kits representativos dessas armas que tanto representam para a Artilharia.

Last edited by artemius111
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Boa matéria.  Vale lembrar que quem inventou o sistema de recuo hidráulico ou de barras (antes não existia qualquer sistema) para os canhões foram os franceses, posteriormente adotado ao redor do mundo.

1 - Origens.

Durante as etapas iniciais da guerra, a artilharia em geral, puxada por cavalos, era incapaz de manter o ritmo de avanço da infantaria em terreno com grande número de trincheiras e de crateras de bombas.

Para a artilharia de apoio de infantaria, especificamente, o General Estienne propôs, já em 1915, um veículo blindado sobre lagartas e armado com um canhão de 75mm. Estes vieram a ser os tanques Saint Chamond e Schneider, amboss 1915.

Para a artilharia pesada de campo, uma primeira tentativa de uso de um morteiro de 370mm rebocado por um veículo sobre lagartas não foi satisfatória porque não resolvia o problema do transporte das baterias que deveriam ser portadas pela arma.

2 - O Sistema Saint Chamond.

O General Sainte Claire Deville propôs esse sistema, em julho de 1916, e que foi assumido pelo tenente-coronel Rimailho, vice-diretor das Forges et Aciéries de la Marine et d’Homécourt à Saint Chamond (FAMH).

O primeiro projeto de veículo sobre lagartas autopropulsado de 1917 carregava uma canhão de 120mm, muito fraco para o peso total do conjunto.

Ele foi substituído por um par de veículos "indissolúveis como Nénette e Rintintin": um veículo tipo vagão para munição, equipado com um grupo gerador e uma conexão óleo combustível-elétrica Crochat-Collardeau, que rebocava e que fornecia energia a outra viatura que carregava uma canhão de grosso calibre.

Em movimento, os dois veículos eram conectados, na estrada, por meio de uma barra de conexão rígida e um cabo de alimentação, e através do campos de batalha, por um único cabo com comprimento suficiente para lhes permitir uma certa autonomia de movimento.

No ponto determinado para o seu emprego, após colocar a bateria no veículo que conduzia a arma, o vagão de carga ficava nas proximidades para garantir o fornecimento de munição a arma e, quando necessário, deslocava-se para repor o seu estoque e manter a peça em funcionamento.

Os primeiros testes em Roye-Lassigny, de 19 a 25 de janeiro de 1918, foram feitos com veículos desarmados. O relatório de 25 de janeiro de 1918 foi favorável: "O material se comporta admiravelmente em todos os terrenos ... Equipado com lagartas, não danificou as estradas e defendia veementemente que o Exército realizasse testes sérios".

A arma escolhida inicialmente, no verão de 1917, é um morteiro de 220 mm TR Schneider, modelo 1917. O modelo de 1918 vai se originar dele.

Morteiro 220mm, em posição, com o cabo de ligação ao vagão de transporte

Suas características eram:

         Velocidade: 500 m/s (1917), 560 m/s (1918).
         Alcance máximo: 13500 m (1917), 15000 m (1918),
         Ângulo máximo: 60 °,
         Peso da bateria em ordem de batalha: 24t
         Comprimento: 6,53 m
         Largura: 2,54 m
         Velocidade: 5 km/ h na estrada, 2 km/h em todos os terrenos,
         Cadência de fogo: 2 disparos/min.
         Peso do vagão: 24t, sendo 3t de munição.

Foto rara do 220mm desmontado, em deslocamento.

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