Skip to main content

Um tanque britânico, Iron Duke, se move através de Arras (ou Scarpe) para a linha de frente, 10 de abril de 1917.

Nesta segunda parte do artigo sobre o centenário da criação do tanque, destaque para seu uso depois de Flers e do impacto desta máquina de guerra em alguns dos principais campos de batalha de 1917.

 Apesar das limitações dos tanques, como mostrado durante o ataque em Flers-Courcelette em 15 de Setembro de 1916, o comandante-em-chefe britânico, General Douglas Haig, logo pediu mais tanques que foram posteriormente utilizados na batalha de Thiepval. 

A Batalha de Thiepval ocorreu em 26 de setembro e foi a primeira ação montada de forma coordenada pelo exército sob o General Gough que planejou novas técnicas de guerra com a cooperação tanque-infantaria.  Gough e seus comandantes de corpo analisaram as filmagens de um ataque montado em 18 de setembro para formular suas táticas. Eles optaram por um único ataque em linha e não em ondas de apoio pois avaliaram ser os tanques demasiados vulneráveis à artilharia inimiga. 

O pioneiro das novas táticas General Ivor Maxse e sua 18ª Divisão chegou no teatro de operações pronto para a batalha. Eles foram informados da situação local alocando quatro tanques para seu avanço, mais dois foram alocados a outros elementos do 2º Corpo, e mais dois em reserva. Conforme o pedido de Maxse, o começo do ataque estava preparada para o final da tarde, deixando apenas algumas horas de luz do dia para que os alemães tivessem tempo de dar uma resposta. O bombardeio e as operações preliminares começou no dia 23 e 24 de Setembro, seguido no dia 26 de uma barragem de artilharia e o grande avanço com início às 12:35hs. Dois tanques atribuídos a 6ª Brigada da 2ª Divisão canadense foram rapidamente perdido, no entanto elementos desta formação alcançaram com êxito as linhas alemãs em apenas 10 minutos.

 A 18ª Divisão também utilizando tanques ultrapassaram as linhas alemãs em 12 minutos. Dois tanques apoiaram o avanço da 53ª Brigada mas as tropas avançaram muito rápido para os tanques poderem acompanhar. Terreno foi rapidamente ganho mas o ímpeto do ataque diminuiu até que se desatolassem os tanques, um deles entrou em Thiepval e suprimiu os ninhos de metralhadoras localizadas nas ruínas do castelo nas proximidades. 

Por volta das 14:30hs a maior parte da aldeia estava nas mãos de Maxse. Relatórios alemães sugeriram que os tanques (erroneamente relatado como em número de três) foram responsáveis pela queda da aldeia. O próximo grande desafio para o tanque foi em Arras em 9 de abril de 1917 onde o novo tanque Mark II foi usado em conjunto com o Mark I. A batalha resultou em um ganho enorme para os britânicos no primeiro dia, seguido seis semanas de longo impasse com baixas tremendamente pesadas. 

Dois tanques Mark II, C21 e C26, atravessam uma linha férrea e trincheiras no começo de seu ataque durante a batalha de Arras.

O modelo Mark II infelizmente não foi uma melhoria como seu nome poderia sugerir. O tanque foi desenvolvido apenas para uso em treinamento e apesar das melhorias sobre o projeto original não eram ainda um desenho maduro especialmente em termos de proteção oferecida pela sua blindagem. Foi o Mark IV que alcançou o desejado progresso mas atrasos na produção forçou os britânicos a usarem o Mark II em combate. O ataque em Arras dependia fortemente de tanques, usando 45 Mark II e 15 Mark I. A confiança era tão grande que um adiamento de 24 horas das operações foi executada após o mau tempo no dia 10 que atrasou a chegada dos tanques. No entanto, infelizmente a ordem de adiamento do ataque não chegou a todas unidades e elementos do Regimento de West Yorkshire avançou sofrendo pesadas perdas além de alertar os alemães para o ataque iminente. No dia 11 apenas 11 tanques estavam mecanicamente aptos para avançar em apoio a 62ª Divisão  britânica e 4ª Divisão australiana. Embora elementos da força Australiana tenham alcançado alguns de seus objetivos, seu ataque não foi bem sucedido e dois tanques foram perdidos capturados perto de Bullecourt. Os alemães analisaram cuidadosamente os tanques e observaram os efeitos de suas munições de rifle perfurantes. Felizmente, o avanço assistido por tanques foi consideravelmente mais bem sucedido em outros setores do campo de batalha. Também em abril oito tanques Mk I foram mobilizados em apoio a operações na segunda batalha de Gaza em 17 de Abril de 1917. Este foi o único outro teatro da Grande Guerra em que tanques foram utilizados. Após a chegada, muitas coisas eram esperados dos tanques, que foram vistos como oferecendo a maior chance de um ataque frontal bem sucedido, e para maximizar seu efeito foram utilizados em pares amplamente separados. 

Um tiro regulado de uma seção da Nova Zelândia com seus Vickers Machine Gun sob o fogo na segunda Batalha de Gaza, um exemplo fantástico de como pouca cobertura estava disponível naquela parte do deserto.

O historiador David Woodward sugere que os tanques foram bem razoáveis a operar na areia e não se afundar e atolar como provou em um ataque teste desde que as esteiras não tivessem sido lubrificadas os tanques iriam rolar, no entanto o tanque não foi uma solução milagrosa e três foram destruídos durante a batalha com apenas dois a alcançar os seus objetivos. Os tanques tiveram um impacto mas a noção bem intencionadas de usá-los como escudos para o avanço da infantaria não era viável já que atraiam o fogo inimigo e havia pouca outra possibilidade de proteção no deserto escaldante.

 Uma ação posterior no deserto, na terceira batalha de Gaza em novembro de 1917 usou seis tanques (três Mark IV e três Mark I) em apoio à infantaria. Aqui a batalha foi consideravelmente mais bem sucedida, foi mesmo decisiva com o valor dos tanques claramente demonstrado, com um batalhão do Regimento de Essex sofrendo pesadas perdas somente depois que os seus tanques de apoio foram postos fora de ação.

 Metralhadores turcos em Tel el Sheria ocupam posição com uma visão clara do campo de batalha durante a segunda Gaza.

Voltando a Frente Ocidental, um ataque perto Scarpe em 3 de maio resultou em fracasso mas foi valioso para os britânicos no seu desenvolvimento para uma cooperação mais estreita entre os tanques e outras armas. Tais desenvolvimentos seriam aplicados na famosa batalha de Cambrai. Um novo tanque, o atualizado Mk IV com design semelhante ao Mk I porém mais confiável, com os canos dos canhões mais curtos (para evitar que ficassem presos em terreno acidentado), e blindagem mais espessa de até 12mm. O tanque de combustível também foi deslocado para a parte traseira do veículo para melhorar a capacidade de sobrevivência e modificações foram feitas para permitir o transporte mais fácil, o Mark IV também foi o primeiro a usar faxinas. 

Estes veículos foram os mais produzido da guerra (1220 unidades)  foi usado pela primeira vez em Messines, em junho de 1917. A batalha é mais famosa por sua série de explosões de minas colossais. O som das explosões foi ouvido de tão longe como Dublin e por Lloyd George em Downing Street, o som combinado de 19 explosões enormes era o mais alto até então feita pelo homem, forte o bastante para desfigurar Messines Ridge, foi comparado a um "pilar de fogo " e que provocou a morte de pelo menos 10.000 alemães em minutos, no entanto o envolvimento dos tanques também foi incrivelmente bem sucedido.

 Pelo menos 72 Mark IV foram utilizados cobertos por sobrevoo de aviões britânicos. Na fazenda de Swayne o ato de simplesmente dirigir um tanque através da fazenda bem defendida fez 30 alemães renderem-se instantaneamente outros 100 se renderam a um tanque na Fazenda Fany, e na vila Wytschaete dois tanques facilitaram a captura de um quartel-general alemão. Ao longo do centro do cume, oito tanques que trabalhavam com cavalaria e as aeronaves avançou rapidamente com a infantaria aproveitando várias centenas de jardas e as casamatas da linha Oosttaverne causando uma sangria em seus atacantes australianos que só conseguiram avançar com o apoio de três tanques, cerca de 60% de baixas foram evitadas. A batalha foi a primeira ao longo da frente ocidental em que o número de baixas entre os defensores superaram as dos agressores.

 A foto canadense de um tanque lutando para atravessar uma área encharcada perto de Ypres, no Verão de 1917.

Meticulosamente planejado e soberbamente executados o ataque ao cume de Messines assegurou seus objetivos em menos de 12 horas.

 A combinação de táticas desenvolvidas no Somme e em Arras, o uso de minas, barragem de artilharia, barragens rolantes, aviões e pequenas unidades de fogo e movimento táticos apoiados por tanques e cavalaria utilizados de forma adequada e a surpresa permitiu a infantaria avançar pela infiltração e / ou flanco quando confrontado por defesas intactas. Alguma fluidez tinha sido restaurada para o campo de batalha e tão dramática foi a vitória do Império Britânico que o comandante alemão, Laffert, foi demitido dois dias depois da batalha.

 Dito isto, em Messines a batalha foi travada em terreno seco e a batalha subsequente de Passchendaele foi travada ao longo de um campo famosamente encharcado. Neste cenário os tanques pouco podiam fazer pois ficavam presos e se tornaram alvos fáceis para os artilheiros alemães. 

Um exemplo do terreno em Messines, que era mais firme e mais seco e mais adequado para tanques.

Bem sucedido foi o uso dos blindados em Messines e era o momento culminante para os tanques na grande guerra que estava por vir. Ele finalmente veio durante 1917 em novembro onde cerca de 460 tanques, principalmente Mark IVs, provou que uma grande concentração de blindados poderia rapidamente ultrapassar um sistema de trincheiras extremamente bem defendido e sofisticado. Esta batalha se tornaria para sempre conhecido como a batalha de Cambrai.









Original Post

Incluir Resposta

×
×
×
×
Link copied to your clipboard.
×