Dia do recheque MNTE ("Monomotor-Terrestre")!
Cheguei cedo no aeroclube! O voo estava marcado para as 8 da manhã. Saí de casa as 6:40, e cheguei em 35 minutos. Se eu deixo para sair 7:00 levo mais de hora p'ra chegar! Então melhor acordar um pouco mais cedo...
Esperei um pouquinho, logo abriram a secretaria, e chegou o checador.
Conversamos um pouco, ele colocou o "slot" para decolarmos as 8:50HS, local. Já viram aeroclube onde precisa de slot p'ra decolar? Não? Nem eu. Começou tem pouco tempo lá em Jacaré... Que luxo, quem vê até pensa!
No briefing ele já deixou bem claro que não seria um recheque normal:
"Mano, que você sabe voar é óbvio. Só vou ver como você está com esse avião e com os procedimentos VFR em Jacarepaguá. Imagina se eu vou te pedir p'ra fazer fonia...".
E largou uma risada.
Já fiquei mais tranquilo! Se o checador resolve surubar um cara com muitas horas de jato e poucas horas no mono, consegue te derrubar facinho, mas o cara mostrou ser legal e bastante pé no chão quanto ao que eu estava fazendo ali.
Desde que voltei ao aeroclube sempre fiz questão de deixar bem claro o respeito que tenho pela "molecada" que trabalha lá, e que o fato de saber a sequência de botões a apertar p'ra levar um Airbus de um aeroporto a outro não me faz mais aviador que ninguém ali.
Trato a todos por "comandante" ou até por "mestre". Aliás não só os instrutores como também os alunos - acaba-se por encontrar camaradas de outras épocas, como dois colegas da Webjet que estão voltando para o Aeroclube p'ra voltar a dar instrução... tempos bicudos.
Enfim, com o horário do slot chegando, preparo o avião, dreno o combustível, e vamo'simbora.
Opa! Peraí! Um T-23 bloqueia a nossa saída do pátio do hangar.
Paciência: é um colega que está fazendo sua primeira navegação solo, e comento com o checador que a última coisa que eu quero é dar a impressão que eu estou pressionando o cara p'ra sair logo. Esperamos calmamente até ele acionar e iniciar o táxi p'ra iniciar nossa sequência de partida.
Partida normal, iniciamos o táxi, chegamos ao ponto de espera como número 3 para decolagem.
Nos cheques pré-decolagem, quase faço vergonha: ao testar a mistura do combustível quase cortei a p*rra do motor p'ra valer!
Meu, eu ia ficar com MUITA - maiúsculas e negrito, por favor: MUITA MUITA MUITA MUITA - cara de bunda se desse esse mole. Foi por pouco, mas valeu mais uma gargalhada na cabine.
Beleza, alinhamos e decolamos. A medida que fui subindo, explicava ao checador o que eu estava fazendo: saindo do circuito, curvas para avistar quaisquer tráfegos, desvio de pássaros - aliás, muitos pássaros! - etc...
Nivelados a 2 mil, o checador começa a pilhar o controlador para deixar a gente fazer pelo menos uns dois toques e arremetidas em Jacaré - terminantemente proibido ultimamente, mas em se tratando de cheque ANAC, conseguimos um "encaixe".
Voltamos rapidinho para o circuito de tráfego para não abusar da paciência do controlador, o primeiro "quique" foi legal. Arredondei um pouco alto (Ei! Desculpa lá! Eu voo Airbus, lembra?!?!), mas deu p'ra corrigir.
No través da cabeceira para o segundo pouso, o checador olha p'ra mim, dá uma risadinha marota, puxa a manete de potência p'ra trás e pronuncia a palavrinha mágica... "pane".
Dá teu jeito, mano!
Bem, estávamos no través da cabeceira, logo, escolher um lugar para pousar não era necessariamente uma preocupação. Então cravei 70 milhas na velocidade (ideal de planeio), compensei o profundor, e brifei a tentativa de partida do motor.
Como "não conseguimos", cantarolei a sequência de corte e preparação para o pouso de emergência sem perder o controle de nossa posição em relação a pista - lembrem-se: aqui eu não poderia mais mexer na manete! Estamos em pane simulada!
Lembrei bem da necessidade de deixarmos a chave elétrica ligada para arriarmos os flaps na final, e depois desligar tudo, destravando as portas.
Eba! Elogios do checador! Pois é, agora só falta pousar... Detalhe pequeno.
Pousaço! Maravilha, matei a pane e quiquei para o pouso final - não dava p'ra ficar neurando o controlador muito mais tempo, já tinha um Seneca no circuito e uns 3 helicópteros querendo decolar!
Por conta do Seneca, alongamos a perna do vento e acabei ficando um pouco baixo, nada que um pouquinho de motor não resolvesse.
Com os flaps em 30, vim escorando o motor e fizemos um lindo pouso curto. Livramos na taxiway "C" e voltamos para o hangar.
Pronto. "Porte de arma" renovado.
Agora só falta a burocracia da ANAC para darmos andamento ao processo de liberação da licença provisória e posso fazer voos como Piloto em Comando novamente.
13 horinhas em comando, e a brincadeira acaba.
Esse negócio de ir e voltar para o aeroclube nas minhas míseras 8 folgas está me cansando um bocado, vou precisar de férias depois dessa história!!!
Próximo voo marcado para sábado a tarde e depois domingo de manhã. Serão voos meramente recreativos, portanto devo aproveitar para tirar fotos, ficando boas eu posto aqui!
Abrasssssssssss
Eduardo
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