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Missão 2

Cheguei ontem de noite no Santos Dumont, vindo de Natal / Brasília / Congonhas, dormi cedo para aguentar o "tranco" da missão de hoje.

Mas quando acaba a única chatice foi acordar cedo mesmo - E EU ODEIO ACORDAR CEDO...

Pelo menos estava um dia brilhante: céu claro, temperatura na casa dos 19 graus, visibilidade até onde a minha miopia permite... e balões. Desgracentos, horrorosos, grandes, volumosos e teimando em permanecer perto de aeroportos. No caminho percebi um enorme bem perto - MUITO PERTO! - do Galeão. Em Jacarepaguá eu contei mais uns 3, e ainda avistaria outros 3 ou 4 durante o voo... tudo bem, sejamos brasileiros, vamos deixar um acidente bem grave acontecer para só depois fazer de conta que damos a mínima para essas escrotices de sermos civilizados.

Cheguei bem cedo ao aeroclube, 45 minutos antes de abrir. Acabou sendo bom pois aproveitei para estudar mais uma vez os checks de panes simuladas, e alguns procedimentos do Cessna.

E isso foi importante - depois da minha "aventura" de uma hora na quarta feira passada eu voei 17 horas no grandalhão. Eu lembro todos os briefings, checks e scan flows do Airbus, mas ainda preciso de um certo esforço para lembrar das coisas do Cessna.

Me foi designado o instrutor Antoniolli - gente finíssima, sangue bom p'ra cacete e um p*ta instrutor! - e ele logo desenrolou as notificações de voo junto a sala AIS, enquanto eu preparava o avião - drenava, abastecia, checava óleo, documentação. O instrutor tentou descolar uns toques e arremetidas em Jacarepaguá mesmo, mas não teve jeito... eles não autorizam mais por conta do tráfego de helicópteros, não sei se alguma reclamação da associação de moradores também pode ter contribuído para a proibição de toques e arremetidas em jacaré.

Um saco isso: precisamos navegar até Maricá para só então fazer os pousos e arremetidas. Deixa quieto...

Com tudo pronto e no horário da notificação, dou início aos procedimentos de partida. Como o "susto" da primeira hora já passou, percebo que os checks e os procedimentos saem muito mais rápidos e fluem muito melhor do que foi na quarta feira.

E conhecendo melhor a planta do aeródromo, eu desenrolei a fonia com o solo com bastante desenvoltura também.

Começamos bem.

Decolamos, e fomos autorizados a manter 2 mil pés até Maricá, onde faríamos os toques e arremetidas. Aproveitamos a navegação até lá - mais ou menos 25 minutos - para treinar curvas de grande inclinação e voo com velocidade reduzida.

Me surpreendeu como o C152 voa bem reduzido: manete a 1500 RPM, 80kt flaps 10. 70kt, flaps 20. 60kt, flaps 30 e mantendo a velocidade em 50-55kt com ajuda do motor. O avião reage bem, mantenho nivelado com pouquíssimo compensador, faço uma curvinha p'ra direita, outra p'ra esquerda... e o instrutor satisfeito manda desfazer. Fiquei cheio de moral!

Tá bom, vamos p'ra próxima. Curvas de grande inclinação p'ra treinar coordenação pé/mão/motor.

MUITO melhor do que no primeiro voo, só a turbulência no través de Maricá que não ajudou muito. Acabei variando 50 pés, mas o instrutor ficou satisfeito, eu também.

Hora de tocar e arremeter em Maricá.

Domingão? Um helicóptero e mais uns 4 Cessnas fazendo toque e arremetida em Maricá. Vamos nos coordenando na frequência 123,45 e tudo corre bem.

Os pousos ainda foram meio catrapados, mas melhoraram bastante. Já estou com uma noção melhor de rampa, preciso me acostumar ainda a manter o avião na velocidade de planeio sem "punhetar" demais o manche.

A parte engraçada desses toques foi quando, numa das arremetidas, eu olho para o lado e para baixo e o que vejo? A pista que eu acabei de arremeter.

Tive que dar uma gargalhada, o instrutor sem entender nada... "Dá uma olhadinha como eu sei manter a reta legal após a arremetida", e mostrei a pista a nossa esquerda. Ele também teve que rir... Dali p'ra frente tomei mais cuidado, melhorou um pouquinho. Só um pouquinho.

Voltamos para Jacaré cruzando a Boca da Barra - entrada da Baía da Guanabara - a 500 pés! Maneiríssimo!

Pousamos em Jacaré e voltamos para o hangar do aeroclube.

Missão cumprida, bem melhor do que o voo de quarta feira, sem dúvida. Pouca coisa ainda para ser refinada. Hoje não treinamos panes simuladas - havia outro aluno esperando o avião para depois do nosso voo.

Programamos de fazer pousos curtos e pousos sem flaps na próxima missão! LEGAAAAAAAAAAL!!!

Ufa... não dei vexame hoje!

Maneiro !!!!
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É isso aí, o segundo vôo sempre sai melhor que o primeiro!rsrs

Lembro que estava com 16h de Paulistinha, e resolvi fazer dois vôos de C152 pra ver como era. O primeiro foi um lixo! No Paulistinha se voa com a mão esquerda na manete de potência e a direita no manche tipo stick. No Cessninha, é ao contrário: mão esquerda no manche tipo volante e mão direta na potência. Estava acostumado a fazer movimentos suaves com a mão direita, e movimentos mais bruscos com a direita. No Cessna tive que inverter tudo. No começo foi horrível me senti um burro, pois não acertava uma curva! Mas depois fui acostumando, e no segundo vôo, já fiz tudo sem interferência do instrutor.

Continue postando suas peripécias com o Cessninha!!

Abraços
quote:
Originalmente publicado por carioca:

Os pousos ainda foram meio catrapados, mas melhoraram bastante. Já estou com uma noção melhor de rampa, preciso me acostumar ainda a manter o avião na velocidade de planeio sem "punhetar" demais o manche.

Maneiro !!!!


Engraçado que eu também fazia isso, até que um dia o instrutor falou: "Cara, vc está atrapalhando o avião a voar!" e foi só parar de "punhetar" o manche que o bicho ficava na velocidade certinha (desde que bem compensado). Maneiro !!!!
quote:
Originalmente publicado por Wolney:
Engraçado que eu também fazia isso, até que um dia o instrutor falou: "Cara, vc está atrapalhando o avião a voar!" e foi só parar de "punhetar" o manche que o bicho ficava na velocidade certinha (desde que bem compensado). Maneiro !!!!



Na mosca... preciso matar, trazer p'ra velocidade e manter no compensador. É mais fácil escrevendo do que fazendo, mas eu chego lá.

Maneiro !!!!
quote:
Originalmente publicado por Wolney:

Engraçado que eu também fazia isso, até que um dia o instrutor falou: "Cara, vc está atrapalhando o avião a voar!" e foi só parar de "punhetar" o manche que o bicho ficava na velocidade certinha (desde que bem compensado). Maneiro !!!!


Hahahaha, lendo esta frase me lembrei de uma passagem que li na semana passada de um livro chamado "Stick and Ruder - An Explanation of the Art of Flying", onde o autor fala que o avião voa sozinho. Quem atrapalha é sempre o aluno.

Inclusive, este livro é muito legal, recomendo pra todo mundo que quer se inteirar um pouco mais sobre os princípios do vôo.

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