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Qual é o procedimento para que um avião opere em chuva? É diferente para motor à pistão, turbo-hélice, jato ou turbofan? E quanto ao tamanho da aeronave? Há situações em que o motor pare de funcionar? A hélice também é sujeita a danos pela chuva?

E no caso de granizo?

Eu sei que é muita coisa mas eu descobri que sou totalmente ignorante nesse assunto.

Abraços.
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O importante é que o avião esteja com um guarda chuva para não se resfriar...


Maneiro !!!!

Ricardo, alguns fabricantes recomendam o uso de ignição contínua em seus motores a jato quando a chuva é mais forte. Seria como adicionar uma vela extra e totalmente enlouquecida no cilindro do seu carro, isso ajudaria a manter a queima nas câmaras mesmo atravessando precipitações mais fortes.

Granizo? Evitar ao máximo. Pode causar danos a estrutura, ao para brisas, e aos próprios motores.

A hélice não vai ser afetada por chuva - mas pode ter suas pás "machucadas" por granizo, poeira, cascalho, etc.

Um motor parar de funcionar por conta de chuva é raríssimo hoje em dia, diria quase impossível. Pelo menos para motores modernos, a jato. Já foi comum em outros tempos, mas hoje os equipamentos são muito confiáveis.

Talvez fabricantes de motores de aeronaves menores recomendem evitar quaisquer precipitações mais fortes, mas não tenho muito conhecimento de causa para discorrer sobre o tema.
Ricardo,complementando as informações do Carioca,em motores modernos como os turbofam, existem 2 velas a A e B, a diferença e que na chuva as duas velas ficam centelhando direto,existe uma linha chamada PB line,onde o excesso de água que passou pela câmara de combustão e armazenado tanto quanto excesso de óleo nos motores,existe um service em que pressuriza-se essa linha com 30 PSI,pra que o excesso sai pelo dreno situado entre o capô do motor e o reversor a 6 horas.Como o carioca falou e seguro demais.
Além do descrito pelos colegas, e adicionando informações, nos turbo-hélices mais antigos além de usar a ignição em vôo durante chuvas fortes, havia um acessório interno no ducto de ar (intake) chamado 'separador inercial' (um defletor) cuja função era exatamente como o nome já diz, forçar por inércia a saida da água por uma abertura, evitando assim que esta se direcionasse para dentro da turbina.

No caso de granizo como perguntou, uma atenção deve ser tomada em aviões que não possuem sistema de 'degêlo', geralmente aviões menores. A formação de gelo nas superfícies de comando podem impedir o movimento correto.
Já ouvi dizer (não posso afirmar) de casos onde a formação de gelo sobre as asas alterou a aerodinâmica de sustentação....


Abs!
Last edited by Marcus
Só a título de informação para o seu conhecimento, em alguns (não todos) helicópteros, caso voem em chuva forte, é recomendado fazer uma re-lubrificação em todo o sistema do rotor principal (dampers, swashplate, etc.) e no rotor principal.
Abs
Agora falando em aviação à pistão:
Se o painel não for AQUELE PAINEL, não voe.
As referências visuais em voo com chuva (e nem precisa ser uma tempestade não) praticamente são nulas (Os monomotores , pelo menos todos os que eu voei até hoje e foram mais de 30, não tem limpadores de parabrisa, e mesmo que o tivessem não seriam funcionais).
Então se você não tem um excelente Horizonte Artificial , um bom transponder, UM EXCELENTE RADIO , ADF/VOR e um bom senso aprimorado (Não vai sair com um CB nas costas, ninguém é maluco) , evite voar mono-motor em chuva.

Com relação à mecânica do voo, como o Carioca disse, hoje em dia os motores encontram-se muito confiáveis, nada impedindo voar com chuva (eu mesmo já decolei com uma chuva moderada de Taubaté e fui abastecer em SJCampos sempre com chuva de pequena monta, sem problemas), mas como eu disse, bom senso, critério e técnica (Saber usar o que o painel te indica e confiar nos instrumentos fazem parte dessa técnica), sempre contam muito antes de colocar a sua vida e de outras pessoas em risco.

TÉCNICA + DISCIPLINA = SEGURANÇA
Meus dois centavos depois de alguns anos voando na busca e salvamento.

Diferente dos motores a pistão, que centelham o tempo todo para manter o ciclo do cilindro por meio dos magnetos, motores a reação (turbojatos, turbofan, turbohélice, turboeixo, turboqualquercoisa) utilizam o centelhamento da vela apenas no ciclo de partida. Depois de estabilizada a queima na câmara de combustão é autosustentada apenas pelo fornecimento de ar e combustível. Vários modelos ( que eu me lembre) possuem interruptores que mantém a ignição centelhando continuamente ao longo do voo. Isto é requerido quando se entra em condições de ingestão de água. Outros modelos acionam automaticamente em regimes e grande variação de pressão interna para evitar o apagamento também, como em manobras com alta variação do ângulo de ataque da aeronave.

Sobre se enfiar em chuva ou mau tempo (o voo ciscando), esqueça isso se sua aeronave não estiver equipada para o voo por instrumentos e, principalmente, se você não tiver treinamento para isso. Todo ano são pelo menos duas aeronaves em que meu esquadrão no sul tem que deslocar pro sudeste pra resgatar o que sobrou porque o piloto resolveu dar uma furadinha pra livrar a serra entre São Paulo e Rio indo ou voltando do litoral. Eu mesmo tive que resgatar o que sobrou de um helicóptero no começo do ano e digo, uma das piores situações que eu tenho que enfrentar é entregar um ou mais sacos pretos para qualquer família. E mesmo que a aeronave seja capaz de voar IFR, não quer dizer que ela foi feita para ser açoitada que nem escravo no tronco. O piloto deve tomar muito cuidado com o que pretende ultrapassar. Gelo é extremamente perigoso, já perdi dois amigos na FAB com um Caravan que caiu por conta de formação de gelo no motor e superfícies de comando. Também já vi Learjet pousar com furo no nariz por causa de granizo.

Sempre falo para meus tripulantes que avião nunca cai ou some com tempo bom. Infelizmente não posso escolher quando decolar, pois quando temos alguma suspeita de que hajam sobreviventes, não tem tempo ruim que segura a gente no chão.
Gelo?????? Disso, aqui entendemos muito bem....Maneiro !!!!Maneiro !!!!

Durante aproximadamente 4 meses por ano, a Europa e alguns paises nordicos e nós por consequencia, enfrentamos ação muito pesada de neve/chuva e medidas de contrapartida para evitar congelamento.

O De-Icing que é obrigatório nas operações, promove através do fluido descongelamente a manutenção das superficies de voo livres, o que fatalmente causaria grandes problemas se não executássemos estes procedimentos. Primeiro somos "lavados" com este fluido a base de propileno glicol e logo depois por um fluido anti-gelo que deve ser aplicado no máximo 3 minutos após o primeiro.

Quanto a ingestão d´água e neve deve-se, além de manter a ignição continua, monitorar os parâmetros das turbinas todo o tempo para evitar o flameout, que é raríssimo. Pelo menos não lembro de isto ter acontecido ultimamente.

Falando em CB´s, granizo ou formações mais pesadas, a máxima é sempre contornar, quando possível, mas existem determinadas situações que temos que enfrentar e não raro, temos alguns pequenos amassados na fuselagem e motores. Parabrisas já foram trocados uma vez por ação de granizo.

Bem, evitar nós sempre tentamos, mas quando não há o que fazer, reduzimos velocidade e tentamos achar o menor caminho para sair do problema.

Na aviação todo cuidado e atenção é sempre bemvinda. Primeiro um bom planejamento é o melhor caminho. Afinal decolar é opcional, mas pousar é obrigatório!!!

Abraço
Muito obrigado pela excelente aula!

Vários detalhes que eu nem imaginava.

O vídeo é impressionante. Se melhorarem mais um pouco vão inventar a turbina submarina.

Mas restou uma dúvida: qual a perda de empuxo nessas situações? Nenhuma?

Abraços
Last edited by RicardoJSA

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