PM de São Paulo terá caminhões com canhões de água para manifestações
Veículos oferecem alternativas ao gás lacrimogêneo, embora também dispersem o material
Após os confrontos que terminaram com feridos nos protestos de junho, a Polícia Militar de São Paulo decidiu comprar veículos especiais para dispersar multidões com jatos de água e tinta. O comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, anunciou nessa segunda-feira (8), a abertura de licitação internacional para adquirir os equipamentos, entre eles quatro caminhões.
O Comando da PM trabalha nos detalhes do edital, mas ainda não há uma data definida para lançá-lo. A previsão é que sejam gastos 30 milhões de dólares (o equivalente a R$ 67,5 milhões). A ideia é que a frota esteja disponível na Copa de 2014, na eventualidade de uma nova onda de motins, segundo Meira.
— É para o ano que vem. Quem imaginava que haveria protestos dessa magnitude [na Copa das Confederações]? Não sabíamos que iriam encorpar tanto assim.
Os caminhões, do tipo riot control (controle de tumulto), oferecem alternativas ao gás lacrimogêneo. Embora também dispersem o material, podem lançar primeiro jatos de água pura ou com tinta que colore as roupas dos manifestantes. Isso facilitaria a identificação dos que se envolvem com violência.
A técnica de dispersão com água foi usada recentemente nas manifestações na Turquia. Segundo o coronel, nenhuma PM brasileira tem os caminhões especiais. A do Rio, no entanto, adaptou um veículo, que faz um riot control improvisado.
— O Estado não investiu muito em equipamentos de controle de distúrbios civis.
Além dos veículos especiais, a PM comprará para a Tropa de Choque cartucheiras semiautomáticas de calibre 12 para emprego em incursões em áreas consideradas de risco, dois robôs para desarmar bombas e carros blindados para transporte de policiais.
— Não é caveirão, hein?.
Apesar das novas tecnologias, ele disse que as balas de borracha continuarão como alternativa da PM paulista em protestos futuros.
— Se houver necessidade, vamos usar, com os mesmos critérios. Em São Paulo, fui eu que suspendi [o uso nas manifestações]. Não por causa de críticas, mas porque causa realmente uma lesão, ofende a integridade física. Não foi feito com essa finalidade, mas pode atingir.
Regras
O comandante participou, em Brasília, de encontro das cúpulas das PMs no Ministério da Justiça. Na reunião, discutiu-se a adoção de um protocolo padronizado para as corporações de todo o País adotarem em protestos. Atualmente, cada Estado tem critérios próprios para definir como agir no controle de motins e em que circunstâncias usar balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta.
A secretária nacional de Segurança Pública, Regina Miki, afirmou que os abusos foram pontuais nos protestos de junho.
— Em outros países, manifestações muito menores terminaram em morte. Mas estamos em processo de aprimoramento. Nossa avaliação é que as polícias garantiram a Copa das Confederações.
FONTE: Estadão, via R7
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