O aposentado Manuel dos Santos, de 72 anos, viveu boa parte de sua vida a bordo de navios. Ele trabalhava como reparador naval, eletricista e instrumentista de embarcaÇÕes. “Eu trabalhei com navio quando tinha 17 anos. Trabalhei na costa brasileira. Fiquei uns 30 anos na Área”, conta ele. ApÓs se aposentar, ele quis 'continuar' entre os navios. Por isso, desejou construir um Titanic em tamanho reduzido.

Na primeira tentativa, ele fracassou. Santos não tinha as medidas do navio original e faltavam informaÇÕes para deixar a maquete igual ao Titanic. Vendo o desejo do amigo, o comerciante JosÉ Antonio Frezza, de 65 anos, resolveu ajudÁ-lo nessa ‘brincadeira’. Ele comprou livros que falavam sobre o Titanic. Nas obras, era possÍvel encontrar o tamanho da embarcaÇão e todos os detalhes de dentro e fora do navio, alÉm da histÓria do naufrÁgio, dos mortos e sobreviventes.

Com base nas informaÇÕes dos livros, os amigos construÍram um Titanic em miniatura. “Fomos comprando o material, uma prancheta de engenheiro, fizemos as mediÇÕes certinhas, marcamos e fomos montando. A escala dele É 1:100. Ele É 100 vezes menor que o Titanic”, conta Frezza. A miniatura tem 2,70 metros de comprimento e 0,30 cm de envergadura. Segundo Santos, que ficou responsÁvel pela construÇão da embarcaÇão, o navio foi feito todo em madeira cedro e balsa equatoriana. “Fui pegando todas as medidas, o modelo, as janelas, as vigas dos camarotes foram todas contadas, tem o mesmo número do original. TambÉm tem 16 botes, como no original. Para fazer as janelas, usamos broca e lima. Deu trabalho. Os figurantes, os bonequinhos com a roupa da Época, compramos em São Paulo”, conta Santos. JÁ a parte de pintura e o acabamento ficou por conta de Frezza. “O trabalho foi a pintura normal, tipo linha automotiva, igual faz em carros”, diz.

Para finalizar, eles iluminaram toda a miniatura do Titanic, como se ele estivesse em alto mar, a noite. Os amigos tambÉm colocaram um som no navio, como se ele estivesse atracando e partindo de um porto. “Para fazer tem que fazer completo. SÓ não colocamos a Rose e o Jack”, brinca Santos.

A construÇão do navio comeÇou em 2001 e foi finalizada em 2003. Foram dois anos de muito esforÇo para deixar o navio o mais parecido possÍvel com o Titanic. “Foi um hobby e um desafio”, comenta Frezza. Os amigos trabalharam nos fins de semana, gastaram tempo e dinheiro. De material foram mais de R$ 10 mil", revela o comerciante. “JÁ tivemos vÁrias ofertas, mas não vendemos. Cheguei a ter ofertas de US$ 45 mil. O preÇo dele hoje É US$ 500 mil dÓlares. Menos do que isso eu não vendo”, afirma Frezza.

Santos fica orgulhoso ao mostrar o seu Titanic iluminado. O trabalho com o navio acabou sendo fruto de uma amizade, de sua adoraÇão pelos navios e tambÉm para reviver outros tempos. “Eu trabalhei com navio muito anos. Foi para relembrar”, finaliza.

Miniatura do Titanic feita em Santos conta com detalhes do navio original (Foto: Mariane Rossi/G1)