A Gespi AeronÁutica, especializada em manutenÇão e reparo de turbinas aeronÁuticas e industriais, desenvolveu com o Centro TecnolÓgico do ExÉrcito Brasileiro (Cetex) um armamento antitanque que serÁ exportado para dois paÍses do Oriente MÉdio, um da África e outro da Ásia. O nome dos paÍses não pÔde ser revelado, por questÕes de sigilo de contrato e dependÊncia de aprovaÇÕes por parte do governo brasileiro.
A empresa, que possui entre os seus acionistas a Rafael, segunda maior empresa de defesa de Israel, investiu R$ 15 milhÕes em recursos prÓprios no desenvolvimento do projeto no Brasil. O primeiro lote de 180 unidades jÁ estÁ sendo produzido para o ExÉrcito Brasileiro, que tambÉm É sÓcio do projeto por meio da empresa Imbel (Indústria de Material BÉlico do Brasil), fornecedora do propelente usado no armamento.
Com vendas de US$ 2 bilhÕes em 2013, a Rafael Sistemas AvanÇados de Armamento adquiriu 40% das aÇÕes da Gespi em 2012. O acordo prevÊ o desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil na Área de sistemas de defesa e mÍsseis. Na fÁbrica da Imbel, em Piquete (SP), serão produzidos a “cabeÇa de guerra” e os explosivos. O primeiro lote para o ExÉrcito serÁ concluÍdo atÉ o final deste ano.
Chamado de Alac (arma leve anti-carro), o novo armamento levou dez anos para ser desenvolvido e foi projetado para combater tanques e veÍculos blindados. É disparado do ombro do atirador, podendo ser adaptado para uso em carros leves. Seu alcance mÁximo de utilizaÇão É de 300 metros.
Segundo o diretor comercial da Gespi, AntÔnio Nogueira Cândido, alguns paÍses da AmÉrica Latina, como o Chile, Equador, Peru e Argentina, tambÉm demonstraram interesse em adquirir o sistema Alac. “Estimamos uma demanda de 3 mil a 4 mil unidades entre este ano e o prÓximo”, disse o executivo. A empresa projetava, inicialmente, vendas de cerca de mil unidades, mas, afirma o executivo, o potencial É muito maior.
A evoluÇão tecnolÓgica do sistema Alac, de acordo com Nogueira, serÁ viabilizada pela parceria estratÉgica que a Gespi acaba de fechar com a empresa alemã DND (Dynamite Nobel Defence), que É controlada pelo grupo israelense Rafael. O acordo, segundo o diretor, contempla a cooperaÇão industrial e a transferÊncia de tecnologia para a Gespi e a Imbel.
Com a Rafael, segundo Nogueira, a Gespi estÁ avanÇando em seus projetos na Área de defesa. A companhia israelense, por sua vez, passa a ter uma base estratÉgica no Brasil para ampliar seus negÓcios tambÉm em outros paÍses da AmÉrica Latina.
O Alac utiliza plataforma similar ao AT-4, armamento sueco produzido pela Saab e um dos mais vendidos no mundo. “Usamos o conceito da plataforma do AT-4, mas a Gespi desenvolveu o tubo lanÇador em fibra de vidro e de carbono”, disse. A tecnologia do sistema Alac, segundo Nogueira, serÁ aperfeiÇoada com a incorporaÇão de uma cabeÇa de guerra (muniÇão) termobÁrica, ou a vÁcuo, que vai garantir alta performance e poder de fogo maior para o armamento.
“O Alac tem hoje um poder de perfuraÇão de 250 milÍmetros, enquanto o sistema termobÁrico poderÁ elevar essa capacidade para 900 milÍmetros”, explicou. Nogueira estima que apenas cinco paÍses no mundo dominam a fabricaÇão dessa tecnologia, entre eles, Estados Unidos, Rússia, China, FranÇa, Inglaterra e Alemanha.
Nogueira afirmou ainda que todos os testes de desempenho e qualificaÇão do armamento jÁ foram realizados com sucesso pelo ExÉrcito em seu campo de provas em Marambaia (RJ). “No total foram disparados mais de 250 tiros para testar o sistema”, ressaltou.
FONTE: Valor EconÔmico