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 O contexto da guerra na Guiné

 

Desde 1963 que as Forças Armadas Portuguesas enfrentavam uma guerra de guerrilha levada a cabo pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC). Apesar de ter promovido acções de desobediência em 1961, ano em que as atenções de Portugal estavam centradas no início da guerra em Angola, foi a partir de Janeiro desse ano que o partido independentista, apoiado pela União Soviética e respectivo bloco empreendeu aquela que foi a mais difícil guerra de guerrilha que Portugal teve de enfrentar.

As condições do teatro de operações eram precisamente as mais desfavoráveis a Portugal. Primeiro que tudo, a exiguidade do território (36.125 Km2), sem profundidade estratégica. Segundo, o facto de, na sequência da independência das colónias francesas e britânicas, a Guiné se ter tornado num pequeno enclave colonial europeu numa região de novos estados independentes politicamente adversos a Portugal. Este era o caso de ambos os países vizinhos, a Guiné-Conakry (pró-soviético) e o Senegal (seguindo uma política de vertente terceiro-mundista, ainda que refreada pela França), que permitiam o uso dos seus territórios como santuários para o PAIGC.

 

A geografia era problemática, sendo a maior parte do território um verdadeiro labirinto de rios e canais por entre pequenas ilhas e penínsulas, sendo que aquando da maré cheia um terço do território fica submerso, e aquando da maré vazia ficam a descoberto extensas áreas lodosas de difícil transposição. A pouca profundidade das vias marítimas limitava grandemente a navegação, colocando limites ao tamanho de navios militares e civis, e a eficiência do transporte marítimo, o que tinha consequências económicas. A rede viária era precária fora das poucas grandes cidades, o mesmo se podendo dizer das infra-estruturas portuárias, à excepção do porto de Bissau. Fora das savanas e áreas montanhosas (pouco elevadas) do interior, o clima é inóspito e insalubre, com temperaturas e humidade relativa muito elevadas ao longo de todo o ano, sendo habituais temperaturas muito acima de 40º Celsius. As selvas litorais contêm todos os elementos naturais habitualmente nocivos à presença humana.

 

A grande heterogeneidade étnica e religiosa da população indígena não era necessariamente um obstáculo, uma vez que existiam, ao mesmo tempo, grupos favoráveis e desfavoráveis a Portugal. Mas esse contexto, onde coexistia um grande número de línguas e dialectos locais, aliados a hábitos culturais, sociais e religiosos diferentes, obrigava a uma multiplicação das adaptações de procedimento que as Forças Armadas tinham que fazer, de acordo com os interesses tácticos e diplomáticos, no relacionamento com as populações. Esse esforço foi por demais notório a partir do momento em que foram criadas unidades militares formadas exclusivamente por indígenas, tanto regulares como milicianas, numa incorporação que em 1974 atingiu os 70% do efectivo total português, 80% se contabilizarmos apenas o Exército.

 

Existe um documentário intitulado "A Guerra" dividido, penso eu, em 4 ou 5 temporadas, que retrata os conflitos no ultramar desde o início até à descolonização. É um trabalho (longo e por vezes chocante) de excelente qualidade.

 

 

 

 

 

Last edited by Luis Pacheco
Originally Posted by fernando frota melzi:

Naquela antiga coleção "Corpos de Elite", falavam sobre a atuação dos soldados portugueses nas guerras coloniais africanas. Os caras eram bons mesmo.

E a coleção "Gun" sobre armas focando na sub-metralhadora italiana usada pelos comandos portugueses..

 

Last edited by Wolf

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