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O centenário da batalha que matou mais de 1 milhão e traumatizou a Europa

 
 
"Cavamos por alguns metros
E lá os deixamos para descansar
Mas o sangue à noite ainda é vermelho
Sim, mesmo à noite
E a face de um homem morto é branca"

O poema de Leslie Coulson, de 1916, é apenas mais um registro dos horrores da Batalha do Somme, uma das mais sangrentas da Primeira Guerra Mundial e, de acordo com historidadores, uma das maiores chacinas da história da humanidade.

Esta sexta-feita marca o início de um combate em que, durante cinco meses, forças britânicas e francesas enfrentaram tropas alemãs ao longo do rio Somme, na França, em uma frente de apenas 24 km, mas em uma horrenda guerra de atrito que resultou em mais de 1 milhão de mortes.

Apenas no primeiro dia de enfrentamentos, pelo menos 30 mil soldados teriam morrido. A Batalha do Somme se tornou um dos símbolos do trauma provocado pela Primeira Guerra no imaginário europeu e seu impacto teve influência em aspectos não muito óbvios - o escritor J.R.R. Tolkien, por exemplo, lutou nas trincheiras do Somme e muitos acadêmicos dizem que a experiência inspirou a trilogia O Senhor dos Anéis .

E há especialistas que veem a carnificina como desnecessária - cujo resultado final, na prática, foi um avanço de apenas 9 km por território controlado pelo inimigo.



Mais de um milhão de soldados morreram nos 141 dias de batalha
Foto: Getty Images

A batalha
A Ofensiva do Somme teve como objetivo reforçar as tropas francesas que lutavam na região de Verdun e enfraquecer as tropas alemãs. Ao contrário dos dois países, porém, o Reino Unido na época da Primeira Guerra não tinha um Exército forte e enviou para o front um imenso número de voluntários, que, em um primeiro momento, não conseguiam penetrar as linhas alemãs.

Apenas no primeiro dia de combates, pelo menos 19 mil soldados britânicos morreram, um número altíssimo de baixas que não convenceu o comandante Douglas Haig a diminuir a intensidade do ataque. Mas aos poucos a superioridade numérica dos aliados começou a falar mais alto - os britânicos, por exemplo trouxeram pelotões de então colônias como Austrália e África do Sul.


Aviões tiveram papel mais tático do que de combate na Primeira Guerra Mundial
Foto: Topical Press Agency

Em agosto, os alemães já contabilizavam mais de 250 mil mortos e feridos e ainda tinham de lidar com outros problemas. O maior poder naval britânico e francês resultou em bloqueios no Mar do Norte e no Adriático, causando severa escassez de alimentos na Alemanha.

O quadro apocalíptico fez com que o comandante das forças alemães, Erich von Falkenhayn, renunciasse. Em setembro, mesmo a resistência frenética alemã e os rigores do inverno não pareciam capazes de frear o avanço aliado. Mas foi apenas em novembro que a a última escaramuça da Batalha do Somme teve lugar, nas proximidades do rio Ancre.

Nos 141 dias de batalha, as forças aliadas ganharam apenas 9 km de território inimigo. Mas mesmo esse pequeno avanço teve sua importância: historiadores dizem que levou à maturação da tropas britânicas e à vantagem psicológica obtida sobre os alemães quando o inimigo recuou.


Tanques foram usados pela primeira vez na Batalha do Somme
Foto: Getty Images
Tecnologia no front
A Batalha do Somme marcou a entrada no teatro militar de importantes inovações tecnológicas. Em 15 de setembro, na Batalha de Flers Courcelette (que fez parte de Somme), os britânicos usaram uma arma secreta: o tanque de guerra. 48 tanques Mark I participaram dos combates, embora apenas 21 tivessem conseguido chegar à linha de frente - 17 quebraram no caminho.

Aviões jã faziam parte do teatro de operações da Primeira Guerra desde o início, em 1914, especialmente para operações de reconhecimento. No Somme, o poder aéreo foi muito mais importante neste sentido, embora pilotos já estivessem equipados com armamento para ataques e pequenos bombardeios.


Corpo de voluntários era repleto de soldados vindos da mesma cidade
Foto: Getty Images

Batalhões de camaradas
O recrutamento de voluntários para o Exército britânico teve sucesso devido à estratégia de usar o espírito cívico e comunitário como principal isca: milhares de "batalhões de camaradas", recrutados localmente em vez de nacionalmente, sob o raciocínio de que homens se sentiriam mais estimulados a servir com pessoas conhecidas.

Infelizmente, isso também tornou o trauma da guerra mais intenso - com a gradual dizimação de pelotões e mais pelotões. Cidades inteiras choraram a perda de vidas. Um exemplo: o 11º Regimento de East Lancashire enviou para a frente do Somme 784 "camaradas" em 1º de julho - apenas no primeiro dia, quase 600 estavam mortos ou feridos, e rumores de que apenas sete tinha sobrevivido causaram violentos protestos nas ruas da cidade de Accrington, de onde vinham os voluntários.



O jovem Hitler foi ferido duas vezes na Batalha do Somme
Foto: Hulton Archive

Guerra nas telas
Pela primeira vez na história, uma guerra foi filmada. E 20 milhões de pessoas no Reino Unido - quase metade da população em 1916 - correu para os cinemas para assistir ao documentário A Batalha do Somme , que usou cenas reais do front.

O filme teve imenso impacto e até hoje é um dos mais vistos na história do cinema britânico - teve mais espectadores que o episódio original de Star Wars .

Pessoas conhecidas no front
Tolkien não foi a única pessoa conhecida que participou dos combates no Somme. O compositor Ralph Vaughan Williams já tinha composto The Lark Ascending (uma das peças de música erudita preferidas do público britânico até hoje) quande se alistou como soldado do corpo médico britânico e foi enviado ao front.

Do lado alemão, havia Otto Frank, nascido em Frankfurt, cuja filha Anne ficou famosa ao escrever um diário sobre os anos em que sua família, judia, viveu escondida da perseguição nazista na Holanda. Ele viria a ser o único da família a sobreviver ao Holocausto.

Também estava nas trincheiras um jovem austríaco, de 25 anos, que havia se voluntariado para a guerra. Seu nome? Adolf Hitler.
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A carta da mãe que salvou menino de 12 anos de uma das batalhas mais sangrentas da 1ª Guerra

BBC BRASIL.com

Faz um século que o britânico Sidney Lewis fugiu de casa para se alistar no Exército.

Mas Sidney mentiu sobre sua idade. E, com apenas 12 anos, ele foi recrutado para lutar em um dos conflitos mais sangrentos da 1ª Guerra Mundial: a Batalha do Somme, na França, que deixou mais de 1 milhão de mortos.

Quando descobriu o que o filho havia feito, a mãe de Sidney ficou desesperada.

Ela encontrou sua certidão de nascimento e enviou o documento ao comando do Exército.

Na carta, a mãe de Sidney dizia que o filho ainda era uma criança e que deveria voltar para casa.

A mensagem chegou, enfim, aos superiores do menino ─ mas ele já estava no front de batalha havia seis meses.

Sidney voltou para casa. Foi a carta de sua mãe que salvou sua vida.

Os relatos foram compartilhados pelo filho de Sidney, Colin, à BBC, por ocasião do 100º aniversário da Batalha de Somme.

O primeiro dia da Batalha do Somme é considerado o dia mais fatídico do exército inglês. Foram 60.000 baixas nesse dia. E desses 60.000, foram 20.000 mortos.

Cartuchos de artilharia ingleses vazios, usados no primeiro dia da campanha. Dispararam tudo isso, mas ainda assim não conseguiram destruir as defesas alemãs, então, quando os soldados avançaram, foram de encontro a posições sólidas, por isso morreram tantos.

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Mais uma montanha:

Os ingleses dispararam só nesse dia mais de 1.500.000 de projéteis.

Mais tarde, já durante a 2ª Guerra Mundial, numa ocasião em que o General Marshall se encontrava na Inglaterra apresentando lógicos e convincentes argumentos a favor de uma invasão imediata do continente, Lord Cherwell retorquiu-lhe: "não vale a pena, o senhor está a argumentar contra as baixas do Somme".[9]

Pra mim esta batalha ao contrário do que dizem os aliados perderam por não terem alcançado seu objetivo.

 

Last edited by REZENDE

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