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No dia 11 de junho comemora-se o AniversÁrio da Batalha Naval do Riachuelo – Data Magna da Marinha. A batalha É considerada pelos historiadores como decisiva na Guerra da TrÍplice AlianÇa contra o Paraguai (1865-1870) – o maior conflito militar na AmÉrica do Sul, somente superado em vÍtimas, no Novo Mundo, pela Guerra Civil Americana (1861-1865).

 

AtÉ aquela data, o Paraguai tinha a iniciativa na guerra e a batalha inverteu a situaÇão, garantiu o bloqueio e o uso pelo Brasil dos rios, que eram as principais artÉrias do teatro de operaÇÕes de guerra, e desincentivou possÍveis adesÕes de simpatizantes argentinos e uruguaios à causa paraguaia.

 

Logo apÓs sua independÊncia, o Paraguai procurou se manter afastado dos conflitos frequentes que ocorriam na Região do Prata. Quando Francisco Solano LÓpez assumiu o poder em 1862, apÓs a morte de seu pai, Carlos AntÔnio LÓpez, passou a exercer uma polÍtica externa mais atuante, tentando fazer com que sua presenÇa se sobressaÍsse na região.

 

O Brasil foi o primeiro PaÍs a reconhecer a independÊncia do Paraguai. Isso estava de acordo com a polÍtica externa do ImpÉrio de não ser favorÁvel à sua anexaÇão, diversas vezes desejada, pelas ProvÍncias Unidas do Rio da Prata, futura Argentina.

 

Havia questÕes de limites entre o Brasil e o Paraguai, mas era improvÁvel que isso levasse a um conflito armado. A intervenÇão brasileira no Uruguai, em 1864, no entanto, contrariou os planos polÍticos e as alianÇas de Solano LÓpez. Ele considerou que a invasão do Uruguai, por tropas brasileiras, era um ato de guerra do Brasil contra os interesses do Paraguai e iniciou as hostilidades. Como lhe foi negada a permissão para que seu exÉrcito atravessasse territÓrio argentino para atacar o Rio Grande do Sul, invadiu a ProvÍncia de Corrientes, envolvendo a Argentina no conflito.

 

O Paraguai estava se mobilizando para uma possÍvel guerra desde o inÍcio de 1864. LÓpez se julgava mais forte e acreditava que teria o apoio do Partido Blanco uruguaio e dos partidÁrios argentinos de Justo JosÉ de Urquiza, que exercia o poder na provÍncia argentina de Entre Rios. Tal não ocorreu. Sua derrota em Riachuelo acabou com a possibilidade de uma vitÓria rÁpida. Seus possÍveis aliados não aderiram. Ele, tambÉm, superestimou o poder econÔmico e militar do Paraguai e subestimou o potencial e a disposiÇão do Brasil para a luta.

 

Esquadra brasileira


No inÍcio da Guerra da TrÍplice AlianÇa, a Esquadra brasileira dispunha de 45 navios armados. Desses, 33 eram navios de propulsão mista, a vela e a vapor, e 12 dependiam exclusivamente do vento. O Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (Arsenal da Corte) passara por uma modernizaÇão em meados do sÉculo XIX. Diversos dos navios do inÍcio da guerra foram projetados e construÍdos no PaÍs. Mais tarde, o Arsenal construiu tambÉm navios encouraÇados para o teatro de operaÇão no Rio Paraguai.

 

Os navios brasileiros disponÍveis antes dessa guerra eram adequados para operar no mar e não nas condiÇÕes de Águas restritas e pouco profundas que o teatro de operaÇÕes nos Rios ParanÁ e Paraguai exigia; a possibilidade de encalhar era um perigo sempre presente. AlÉm disso, esses navios, possuÍam casco de madeira, o que os tornava muito vulnerÁveis à artilharia de terra, posicionada nas margens.

 

Esquadra paraguaia


A Esquadra paraguaia possuÍa 32 navios, incluindo os que eles apresaram do Brasil e da Argentina, dos quais 24 eram navios de propulsão mista, a vapor e vela, e oito eram navios exclusivamente a vela. Todos os navios de propulsão mista, exceto um deles, eram de madeira, com rodas de pÁs. Embora todos eles fossem adequados para navegar nos rios, somente o Taquari era um verdadeiro navio de guerra.


Os paraguaios desenvolveram, então, a chata com canhão como arma de guerra. Era um barco de fundo chato, sem propulsão, com canhão de seis polegadas de calibre, que era rebocado atÉ o local de utilizaÇão, onde ficava fundeado. Transportava apenas a guarniÇão do canhão, e sua borda ficava prÓxima da Água, deixando à vista um reduzidÍssimo alvo. Via-se somente a boca do canhão, acima da superfÍcie da Água.

 

Antecedentes da Batalha


Coube ao Almirante Joaquim Marques Lisboa, Visconde de TamandarÉ, depois MarquÊs de TamandarÉ, o Comando das ForÇas Navais do Brasil em OperaÇÕes de Guerra contra o governo do Paraguai. A Marinha do Brasil representava praticamente a totalidade do Poder Naval presente no teatro de operaÇÕes. O Comando-Geral dos ExÉrcitos Aliados era exercido pelo Presidente da República da Argentina, General Bartolomeu Mitre. As ForÇas Navais do Brasil não estavam subordinadas a ele, de acordo com o Tratado da TrÍplice AlianÇa.

 

A estratÉgia naval adotada pelos aliados foi o bloqueio. Os Rios ParanÁ e Paraguai eram as artÉrias de comunicaÇão com o Paraguai. As ForÇas Navais do Brasil foram organizadas em trÊs divisÕes – uma permaneceu no Rio da Prata e as outras duas subiram o Rio ParanÁ para efetivar o bloqueio.

 

Com o avanÇo das tropas paraguaias ao longo da margem esquerda do ParanÁ, TamandarÉ resolveu designar seu Chefe do Estado-Maior o Chefe-de-Divisão (posto que correspondia a Comodoro, em outras Marinhas) Francisco Manoel Barroso da Silva, para comandar a ForÇa Naval que estava rio acima. Barroso partiu de MontevidÉu em 28 de abril de 1865, na Fragata Amazonas, e se juntou à ForÇa Naval em Bela Vista.

 

A primeira missão de Barroso foi um ataque à Cidade de Corrientes, que estava ocupada pelos paraguaios. O desembarque ocorreu com bom Êxito, em 25 de maio. Não era possÍvel manter a posse dessa cidade na retaguarda das tropas invasoras e foi preciso, logo depois, evacuÁ-la.

 

Ficou evidente, porÉm, que a presenÇa da ForÇa Naval brasileira deixaria o flanco dos invasores sempre muito vulnerÁvel. Era necessÁrio destruÍ-la, e isso motivou Solano LÓpez a planejar a aÇão que levou à Batalha Naval do Riachuelo.

 

A Batalha


A ForÇa Naval Brasileira comandada por Barroso, estava fundeada no Rio ParanÁ prÓximo à Cidade de Corrientes, na noite de 10 para 11 de junho de 1865.


O plano paraguaio era surpreender os navios brasileiros na alvorada do dia 11 de junho, abordÁ-los e, apÓs a vitÓria, rebocÁ-los para HumaitÁ. Para aumentar o poder de fogo, a ForÇa Naval paraguaia, comandada pelo Capitão-de-Fragata Pedro IgnÁcio Mezza, rebocava seis chatas com canhÕes. Adicionalmente, a Ponta de Santa Catalina, prÓxima à foz do Riachuelo, foi artilhada pelos paraguaios. Havia, tambÉm, tropas de infantaria posicionadas para atirar sobre os navios brasileiros que escapassem.

 

No dia 11 de junho, aproximadamente às 9 horas, a ForÇa Naval brasileira avistou os navios inimigos descendo o rio e se preparou para o combate. Mezza se atrasara e desistiu de iniciar a batalha com a abordagem. às 9 horas e 25 minutos, dispararam-se os primeiros tiros de artilharia. A ForÇa Naval paraguaia passou pela brasileira, ainda imobilizada, e foi se abrigar junto à foz do Riachuelo, onde ficou aguardando.

 

ApÓs suspender, a ForÇa Naval brasileira desceu o rio, em perseguiÇão, e avistou os navios inimigos parados nas proximidades da foz do Riachuelo. Desconhecendo que a margem estava artilhada, Barroso deteve seu capitânia, a Fragata “Amazonas”, para cortar possÍvel fuga dos paraguaios. Com sua manobra inesperada, alguns dos navios de sua ForÇa retrocederam, e o “Jequitinhonha” encalhou em frente às baterias de Santa Catalina. O primeiro navio da linha, o “Belmonte”, passou por Riachuelo separado dos outros, sofrendo o fogo concentrado do inimigo e, logo apÓs, encalhou propositadamente, para não afundar.

 

Corrigindo sua manobra, Barroso, com a “Amazonas”, assumiu a vanguarda e efetuou a passagem, combatendo a artilharia da margem, os navios e as chatas, sob a fuzilaria das tropas que atiravam das barrancas.

 

Completou-se assim, aproximadamente às 12 horas, a primeira fase da Batalha. AtÉ então, o resultado era altamente insatisfatÓrio para o Brasil: o “Belmonte” fora de aÇão, o “Jequitinhonha” encalhado para sempre e o “ParnaÍba”, com avaria no leme, sendo abordado e dominado pelo inimigo, apesar da resistÊncia herÓica dos brasileiros, como o Guarda-Marinha Greenhalgh e o Marinheiro MarcÍlio Dias, que lutaram atÉ a morte. Então, Barroso decidiu regressar. Desceu o rio, fez a volta com os seis navios restantes e, logo depois, estava novamente em Riachuelo.

 

Tirando vantagem do porte da “Amazonas”, ele usou seu navio para abalroar e inutilizar navios paraguaios e vencer a Batalha. Quatro navios inimigos fugiram perseguidos pelos brasileiros.


Antes do pÔr-do-sol de 11 de junho, a vitÓria era brasileira. A Esquadra paraguaia fora praticamente aniquilada e não teria mais participaÇão relevante no conflito. Estava, tambÉm, garantido o bloqueio que impediria que o Paraguai recebesse armamentos do exterior, inclusive os encouraÇados que encomendara na Europa.

 

Foi a primeira grande vitÓria da TrÍplice AlianÇa na guerra e, por isto, muito comemorada. Com a vitÓria em Riachuelo, com a retirada dos paraguaios da margem esquerda do ParanÁ e a rendiÇão dos invasores em Uruguaiana, a opinião dos aliados era de que a guerra terminaria logo.

 

Isso, porÉm, não ocorreu. O Paraguai era um paÍs mobilizado e HumaitÁ ainda era uma fortaleza inexpugnÁvel para aqueles navios de madeira que venceram a Batalha. A guerra foi longa, difÍcil e causou muitas mortes e sacrifÍcios. Foi nela, que brasileiros de todas as regiÕes do PaÍs foram mobilizados, conheceram-se melhor e trabalharam juntos para a defesa da PÁtria. Consolidou-se, assim, a nacionalidade brasileira.

 

FONTE: Marinha do Brasil

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Foi uma grande vitória, mas é interessante ponderar os erros paraguaios, e que talvez, a vitória não teria acontecido se o comandante da esquadra paraguaia, Mezza, tivesse obedecido as instruções do Mariscal Lopez, que havia planejado toda a operação de emboscada a esquadra brasileira na parte mais estreita do rio com um ataque a partir da meia-noite, pegando de surpresa os brasileiros. Por problemas com algumas unidades da frota, acabou atacando já durante o dia, apesar de alertado que seria então mais correto adiar até a meia-noite daquele dia o ataque.

Também é de se notar que as maiores embarcações paraguaias tinham ao comando de suas máquinas, ingleses contratados para o trabalho.

 

Vale a pena ler o relato escrito pelo então 1o.Tenente Antonio Luiz von Hoonholtz (futuro Barão de Teffe), que comandou a canhoneira Araguary durante a batalha (A Batalha Naval do Riachuelo), e que relata o tratamento brutal dos comandantes paraguaios em relação aos prisioneiros e até mesmo contra seus próprios homens, também seus comentários sobre os comandantes brasileiro, destaque para o mal humor e acidez do Almirante Barroso, tanto que ele havia meses antes pedido ao Almirante Tamandaré que o transferisse para outro comando, os detalhes dos combates, etc.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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