Bom dia.
Temos, na verdade, duas situações, já postadas aqui.
A primeira, historicamente falando, a influência francesa nas terras dos faraós, já vem há muito tempo.
Napoleão, buscando estancar o comércio vital de mercadorias indianas para a Inglaterra, que passava em sua longa jornada pelo Egito, invadiu o país, em 1798, com 18 mil homens.
Após dominar parte dele, ali deixou um governador e voltou para a França com uma guarda de mamelucos.
Desde antes daquela época, a influência francesa no norte da África sempre foi forte. Apesar de todos os países ali terem como língua oficial o Árabe, na Tunísia, Marrocos, Argélia, mesmo na Líbia, o francês tem forte participação.
Assim, laços mais estreitos entre esses e outros países da região não são estranhos e a compra de armamentos franceses muito menos.
Os militares egípcios fizeram uma grande compra de armamento no início do ano, onde entrou, além dos 24 Dassault Rafale que já estão chegando ao país e uma fragata FREMM da DCNS (ex-Normandie, da Marinha francesa), que também já chegou, bombas e mísseis do consórcio europeu MBDA, num total de $9 bilhões, metade financiado por bancos franceses, o que atesta ootimismo do governo francês de que o governo atual do Egito tem estabilidade política de longo prazo.
A fragata e seis Rafale chegaram a tempo da festa de inauguração das obras de alargamento do Canal de Suez.
O segundo fator postado, refere-se ao pagamento de comissões em venda de armamentos, que é prática comum, ainda mais envolvendo fabricantes franceses.
Assim, possivelmente, houve um aceleramento das vendas em virtude dos valores da venda, de atuação nacional francesa em áreas de influência e de alguma "pressão" mais, digamos, financeira, nos pontos certos das hierarquias envolvidas no contrato.
Por tudo isso, a França, que tinha dois navios para os quais não tinha uso imediato, encontrou uma forma rápida e lucrativa de repassá-los a um habitual e recente cliente, por um custo, podem ter certeza, menor do que o que a Rússia pagaria por eles. Deve ter sido uma boa compra, talvez até uma pechincha.
Quanto ao seu emprego, o Egito, segundo o mapa abaixo tem vizinhos bem complicados ou em vias de se complicarem, isso deixando Israel de amigo dele...
O Chade, inclusive, tem tropas paraquedistas francesas ajudando na manutenção de uma certa ordem.
Da população do Egito (mais de 70 milhões), 20 milhões residem no Cairo e boa parte do restante posiciona-se ao longo da sua maior joia que é o Rio Nilo.
Posicionar um dos navios na parte baixa do Canal do Suez que, ampliado, terá seu fluxo navios/dia praticamente dobrado, é uma boa estratégia para uma força de intervenção rápida e uma área de máxima importância econômica.
Posicionar o outro nas proximidades da fronteira com a Líbia, preenche, com tropas de rápido deslocamento, uma área de vazio populacional e acesso fácil para quem tiver más intenções quanto ao governo egípcio.
Abs.