Assef, boa coleção de imagens, mas com um único banco de carro. E preto.
O couro não vem direto do animal já na cor preta, marrom, branca ou azul. Ele é tingido na cor desejada, um processo bem antigo. Ao natural, a cor do couro não é muito diferente da cor da pele humana.
Oficiais alemães usaram cintos de couro marrom desde o início da guerra e mais uma infinidade de artigos militares da Wehrmacht também eram marrons desde o começo, uns mais avermelhados, outros mais castanhos, e por aí vai.
Portanto a cor do couro não tem nada a ver com o ano da guerra, assim como artefatos diversos de couro com cores diversas também não têm nada a ver com assentos de veículos.
Couros pretos para os assentos dos veículos alemães fabricados para uso militar (e é importante frisar que isso vale apenas estes veículos) eram obrigatórios por ordem do Fuhrer? Não sei. Mas sei que se você ler as publicações do Tom Jentz ou outros artigos específicos sobre esse detalhe, vai encontrar a mesma resposta que eu. O couro dos assentos era preto. Possívelmente por questões de visibilidade nas fotos aéreas de reconhecimento inimigo, no caso de veículos abertos. Com esta cor adotada, possivelmente o preto ficou normatizado para todos os veículos, tanques e meia-lagartas, mas isso não posso afirmar.
Vou adiante: Nos anos 80 eu conheci um veterano alemão da segunda guerra. O sujeito (sobrinho de um cara muuito ilustre) era chefe de mecânica da Tianá Veículos, uma revendedora autorizada Volkswagen em Vila Isabel, Rio. Era lá que eu fazia as revisões dos Passats que tive. Ele nunca ouvira falar sobre o hobby do plastimodelismo até então.
Eu estava montando meu Kubelwagen 1/9 da Esci e tinha muitas dúvidas (lembrem-se: não tinha Internet ainda). Conversando com o cara, ele contou que foi mecânico da Luftwaffe, depois fotógrafo em avião de reconhecimento e por fim lutou na Hermann Goering como soldado de infantaria. E trouxe de casa fotos dele na época, para provar. Alguns poucos aqui do fórum devem lembrar disso, pois eu contei o fato em reuniões. É uma boa história, a vida dele.
O cara (já esqueci o prenome) cansou de dirigir e reparar Kubelwagens, e eu tenho até hoje o desenho feito a lápis da chave de ignição deste carro em tamanho natural que ele fez para mim. Eu perguntei a ele exatamente sobre a cor dos bancos, pois queria fazer certo no meu modelo.
Ele disse que eram de couro preto no início da guerra e couro sintético também preto mais para o final da guerra. O "couro sintético" parece ser um material plástico e tem uma textura que lembra brotoejas. Dá para encontrar fotos disso em muitos walkarounds de veículos alemães preservados em museu.
Claro que na época eu não tinha como comprovar o que o veterano me disse, mas com a chegada da Internet e das novas publicações eu vi que o alemão contara a verdade, há mais de 30 anos.
Eu acredito nele, nos textos do Tom Jentz e em outros artigos e fotografias coletados em muitos anos de pesquisa.
Mas cada um pinta seus modelos com o que der na telha, é o que sempre digo.