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Os caÇas suecos e a lÓgica de supermercado

 

14 de janeiro de 2014 | 2h 03 - Estadão
 

A soluÇão dada ao problema da compra dos novos caÇas para a FAB deve ser observada num horizonte mais amplo. Cabe ao Comando da ForÇa AÉrea perceber que jÁ hÁ quem aponte, discretamente, que o governo gastarÁ bilhÕes com a compra de equipamento militar enquanto populaÇÕes civis sofrem e morrem em inundaÇÕes e secas que se repetem.

 

Procurando examinar a questão de perspectiva diferente da usual, o primeiro ponto para o qual desejo chamar a atenÇão É este: o tempo perdido na soluÇão permite reafirmar que a "classe polÍtica" (tanto Executivo quanto Legislativo) não presta a mÍnima atenÇão aos problemas de Estado. Demorar tantos e tantos anos para decidir uma questão que afeta a defesa do territÓrio, das populaÇÕes e do prÓprio Estado brasileiros apenas indica, quando não prova, que as questÕes de governo, às vezes as eleitorais, tiveram e ainda tÊm prioridade. Para não dizer que a polÍtica posta em prÁtica nas últimas dÉcadas - perdidas do ponto de vista estratÉgico - reforÇa a tese dos que veem principalmente na polÍtica militar dos governos do PT a clara intenÇão de deixar os problemas de defesa (consequentemente, os das ForÇas Armadas) em plano secundÁrio.

Um estagiÁrio em informÁtica de uma empresa qualquer que não cuidasse de copiar os arquivos antes de substituir o sistema dos computadores seria sumariamente demitido, pela simples e boa razão de que teria posto em risco toda a documentaÇão arquivada. Observe-se que a decisão sobre a compra dos caÇas se deu poucos dias antes que os Mirages da FAB realizassem seu último voo. O que permite que se faÇa um raciocÍnio simples, partindo de algumas premissas administrativas, nada mais.

Dando aos que procrastinaram o benefÍcio da dúvida - não tiveram a intenÇão de deixar a FAB de asas... perdão, de mãos abanando -, o mÍnimo que podemos dizer É que decidiram como quem vai ao supermercado e colhe das prateleiras os produtos que faltam na despensa domÉstica. Se não os encontra aqui, ou se estão caros, estarão à venda ali, mais baratos, e bastarÁ cruzar a rua. Ou, na urgÊncia, pedi-los emprestados ao vizinho.

Ao longo das duas dÉcadas perdidas na defesa - É de notar que desde o governo Fernando Henrique hÁ um ministÉrio que legalmente (?) cuida de defender o Brasil - não foi considerada a situaÇão que se criava com a compra, em 2005, de 12 Mirages defasados, desativados pela ArmÉe de L'Air, e com o atraso nas decisÕes: quem garantiria a defesa do territÓrio, das populaÇÕes, do Estado quando deixassem de voar? A soluÇão foi de "dona de casa". Decidida a compra dos aviÕes suecos, de repente, como que acordando de um pesadelo, vemos que os cÉus estarão vazios contra eventuais inimigos que podem chegar na velocidade Mach 2 pelo menos. Resta tapar o buraco!

É evidente - devem ter pensado - que os suecos não rejeitarão pedido de emprÉstimo ou aluguel. É de seu interesse emprestar ou alugar. Que assim seja. Por quanto tempo? Por um ou dois anos, atÉ que cheguem os primeiros caÇas novos, com o tÍtulo de propriedade em ordem. Farão isso antes que o contrato de compra esteja assinado? Com certeza, pois tÊm interesse econÔmico. Assim pensado, assim resolvido e comunicado à imprensa. Geladeira cheia!

Os leigos, acostumados a ir ao supermercado e tambÉm a trocar de automÓvel quando possÍvel e necessÁrio, terão algumas perguntas a fazer. Os aviÕes emprestados ou alugados são da mesma geraÇão tÉcnica que os que serão comprados? Tudo indica que não: serão de uma geraÇão anterior. Os pilotos da FAB, os famosos "jaguares", tÊm treinamento para pilotÁ-los? Tudo indica que não! Quantas horas serão necessÁrias para que possam voar sem riscos desnecessÁrios? HaverÁ, no OrÇamento, previsão para isso? Ou se apelarÁ a uma mÁgica orÇamentÁria para que, com algumas horas, com certeza poucas, as minimamente necessÁrias, os pilotos possam voar? Por quantas semanas o espaÇo aÉreo ficarÁ indefeso?

Os que decidem com a lÓgica de supermercado aplicada à defesa nacional não se preocuparam com esses pormenores, que, por serem "pormenores", não tÊm importância. Se não hÁ previsão orÇamentÁria para treinamento, fechem-se algumas bases, como foi noticiado hÁ dias, e transfira-se a verba para outra rubrica. Se o TCU não permitir manobras contÁbeis do gÊnero, recorra-se ao ExÉrcito, que deve estar pouco satisfeito por ver que muitos pelotÕes de fronteira precisam esperar, às vezes, semanas para receber mantimentos e medicamentos porque os aviÕes da FAB para lÁ não voam por não terem pistas de pouso em condiÇÕes.

HÁ outro elemento na lÓgica de supermercado: muitas vezes se compra para revender. Quando vamos ao supermercado, temos a certeza de que os fabricantes dos produtos ali vendidos tÊm o direito de vendÊ-los porque pagaram o devido pela tecnologia de fabricaÇão, se dela não forem detentores legais. E o que se alardeia É que montaremos os aviÕes suecos no Brasil - haverÁ, com certeza, mercado para eles...

O comÉrcio de armamentos É diferente do de comes e bebes: cada produto vem com a clÁusula de "destinatÁrio final". A Embraer tem muito a ensinar a esse respeito: não pÔde vender o Super Tucano à Venezuela porque o avião tem componentes norte-americanos. O governo dos EUA proibiu a venda...

Pelo que sabemos, o caÇa sueco tem componentes norte-americanos - donde se segue que a SuÉcia deverÁ obter o "nada obsta" para que o Brasil possa transferir a outros governos esses componentes. E se Washington disser "não!"?

Os norte-americanos são mais rudes que os franceses, sem dúvida, mas igualmente não gostam de ser passados para trÁs, ainda mais quando foi seu presidente quem amargou o cancelamento de uma visita de Estado durante a qual, diz-se, o Brasil compraria os F-18. Enfim...

*Oliveiros S. Ferreira É professor da USP e da PUC-SP,  membro do Gabinete e Oficina de Livre Pensamento EstratÉgico. Site: www.oliveiros.com.br

 
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Mais uma vez é esquecido o detalhe que não se está comprando um avião pronto, e sim em desenvolvimento.  Daí componentes críticos de origem americana podem perfeitamente serem substituídos por outros, ou se deixar como alternativa componentes não americanos para exportação.

 

Esse foi o grande diferencial que não teríamos com o F-18, que é um avião pronto e que não poderia ser modificado pra atender as nossas necessidades.  

Como o Saito falou na entrevista, o Brasil dividirá com a Suécia a propriedade intelectual do projeto da aeronave, isso inclui prever no projeto substituições que se adequem a necessidade de mercado e troca de componentes sem ter que pedir autorização.  Isso seria totalmente impossivel com o F-18 e com o Rafale, pois já são projetos com patentes fechadas.

Last edited by Felipe C. Miranda
Originally Posted by Wolf:

Os caças suecos e a lógica de supermercado

 

14 de janeiro de 2014 | 2h 03 - Estadão
 

A solução dada ao problema da compra dos novos caças para a FAB deve ser observada num horizonte mais amplo. Cabe ao Comando da Força Aérea perceber que já há quem aponte, discretamente, que o governo gastará bilhões com a compra de equipamento militar enquanto populações civis sofrem e morrem em inundações e secas que se repetem.

 

Procurando examinar a questão de perspectiva diferente da usual, o primeiro ponto para o qual desejo chamar a atenção é este: o tempo perdido na solução permite reafirmar que a "classe política" (tanto Executivo quanto Legislativo) não presta a mínima atenção aos problemas de Estado. Demorar tantos e tantos anos para decidir uma questão que afeta a defesa do território, das populações e do próprio Estado brasileiros apenas indica, quando não prova, que as questões de governo, às vezes as eleitorais, tiveram e ainda têm prioridade. Para não dizer que a política posta em prática nas últimas décadas - perdidas do ponto de vista estratégico - reforça a tese dos que veem principalmente na política militar dos governos do PT a clara intenção de deixar os problemas de defesa (consequentemente, os das Forças Armadas) em plano secundário.

Um estagiário em informática de uma empresa qualquer que não cuidasse de copiar os arquivos antes de substituir o sistema dos computadores seria sumariamente demitido, pela simples e boa razão de que teria posto em risco toda a documentação arquivada. Observe-se que a decisão sobre a compra dos caças se deu poucos dias antes que os Mirages da FAB realizassem seu último voo. O que permite que se faça um raciocínio simples, partindo de algumas premissas administrativas, nada mais.

Dando aos que procrastinaram o benefício da dúvida - não tiveram a intenção de deixar a FAB de asas... perdão, de mãos abanando -, o mínimo que podemos dizer é que decidiram como quem vai ao supermercado e colhe das prateleiras os produtos que faltam na despensa doméstica. Se não os encontra aqui, ou se estão caros, estarão à venda ali, mais baratos, e bastará cruzar a rua. Ou, na urgência, pedi-los emprestados ao vizinho.

Ao longo das duas décadas perdidas na defesa - é de notar que desde o governo Fernando Henrique há um ministério que legalmente (?) cuida de defender o Brasil - não foi considerada a situação que se criava com a compra, em 2005, de 12 Mirages defasados, desativados pela Armée de L'Air, e com o atraso nas decisões: quem garantiria a defesa do território, das populações, do Estado quando deixassem de voar? A solução foi de "dona de casa". Decidida a compra dos aviões suecos, de repente, como que acordando de um pesadelo, vemos que os céus estarão vazios contra eventuais inimigos que podem chegar na velocidade Mach 2 pelo menos. Resta tapar o buraco!

É evidente - devem ter pensado - que os suecos não rejeitarão pedido de empréstimo ou aluguel. É de seu interesse emprestar ou alugar. Que assim seja. Por quanto tempo? Por um ou dois anos, até que cheguem os primeiros caças novos, com o título de propriedade em ordem. Farão isso antes que o contrato de compra esteja assinado? Com certeza, pois têm interesse econômico. Assim pensado, assim resolvido e comunicado à imprensa. Geladeira cheia!

Os leigos, acostumados a ir ao supermercado e também a trocar de automóvel quando possível e necessário, terão algumas perguntas a fazer. Os aviões emprestados ou alugados são da mesma geração técnica que os que serão comprados? Tudo indica que não: serão de uma geração anterior. Os pilotos da FAB, os famosos "jaguares", têm treinamento para pilotá-los? Tudo indica que não! Quantas horas serão necessárias para que possam voar sem riscos desnecessários? Haverá, no Orçamento, previsão para isso? Ou se apelará a uma mágica orçamentária para que, com algumas horas, com certeza poucas, as minimamente necessárias, os pilotos possam voar? Por quantas semanas o espaço aéreo ficará indefeso?

Os que decidem com a lógica de supermercado aplicada à defesa nacional não se preocuparam com esses pormenores, que, por serem "pormenores", não têm importância. Se não há previsão orçamentária para treinamento, fechem-se algumas bases, como foi noticiado há dias, e transfira-se a verba para outra rubrica. Se o TCU não permitir manobras contábeis do gênero, recorra-se ao Exército, que deve estar pouco satisfeito por ver que muitos pelotões de fronteira precisam esperar, às vezes, semanas para receber mantimentos e medicamentos porque os aviões da FAB para lá não voam por não terem pistas de pouso em condições.

Há outro elemento na lógica de supermercado: muitas vezes se compra para revender. Quando vamos ao supermercado, temos a certeza de que os fabricantes dos produtos ali vendidos têm o direito de vendê-los porque pagaram o devido pela tecnologia de fabricação, se dela não forem detentores legais. E o que se alardeia é que montaremos os aviões suecos no Brasil - haverá, com certeza, mercado para eles...

O comércio de armamentos é diferente do de comes e bebes: cada produto vem com a cláusula de "destinatário final". A Embraer tem muito a ensinar a esse respeito: não pôde vender o Super Tucano à Venezuela porque o avião tem componentes norte-americanos. O governo dos EUA proibiu a venda...

Pelo que sabemos, o caça sueco tem componentes norte-americanos - donde se segue que a Suécia deverá obter o "nada obsta" para que o Brasil possa transferir a outros governos esses componentes. E se Washington disser "não!"?

Os norte-americanos são mais rudes que os franceses, sem dúvida, mas igualmente não gostam de ser passados para trás, ainda mais quando foi seu presidente quem amargou o cancelamento de uma visita de Estado durante a qual, diz-se, o Brasil compraria os F-18. Enfim...

*Oliveiros S. Ferreira é professor da USP e da PUC-SP,  membro do Gabinete e Oficina de Livre Pensamento Estratégico. Site: www.oliveiros.com.br

 

 

Deixa eu ver se entendi...

 

A compra do Grippen, tem tudo a ver com inundações e seca, que não podem ser combatidas, porque o dindim pra isso foi gasto no novo brinquedinho da FAB... NOOOOSSSAAAAA!!!

 

O homem é um gênio, é membro da do Gabinete e Oficina de Livre Pensamento Estratégico,  Traduzindo, uma latrina daquelas de interior com um buraco fundo e cheio de vermes lá embaixo, esperando que o piso rache pra você cair naquele caldinho maravilhoso...

 

O cara ainda pergunta se os caças emprestados, são da mesma geração dos que foram comprados. Acho que só ele que não sabe a reesposta...

 

Ele critica a compra, tentando relacionar com a seca e com as inundações, tudo a ver... Como se o governo não gastasse dinheiro a rodo com zilhões de projetos de políticos que não beneficiam porra nenhuma, a não ser eles próprios. Gastam uma fortuna em estádios para serem usados uma única vez em alguns casos, desperdiça dinheiro em projetos faraônicos, tais com a Transposição do São Francisco, que ainda está longe de acabar...  Fecham os olhos para os desperdícios escandalosos que vemos todos os dias(taí a Roseana com seu caviar e champanhe pra mostrar que não estou mentindo)...

 

E com tudo isso, o Gripen, coitado, é culpado da seca e das inundações...

 

Esse distinto, deve ter imprimido o diploma dele em papel higiênico, depois de usá-lo, é claro, e depois usado ele pra limpar a merda que foi na cara dele... Não passa de um idiota qualquer totalmente desinformado, sem nenhum compromisso com a verdade, um verdadeiro nódico freixola, que se acha o tal com um título pomposo de sei lá o que, de um grupo totalmente desconhecido, e que usa um veículo de informação de grande circulação para se fazer importante.

 

Eu não sei quem é mais criminoso nisso tudo: se o nórdico aí em cima que se acha um "ixpecialixta" ou se o jornal, que age de forma totalmente inconsequente e descompromissada com a verdade, dando espaço para uma ameba ambulante divulgar suas ideias pseudo-marxistas mezozóicas...

 

O pior de tudo, é que a grande maioria do povo, sempre desinformada e à margem dos fatos reais, acaba por acreditar e dando crédito a tipos como esse, que nada acrescentam de útil para o país...

 

E quem diz que censura é ruim, é porque não besteiras como essas... Neste caso, a censura seria uma benção...

Originally Posted by Wolf:

Os caças suecos e a lógica de supermercado

 

14 de janeiro de 2014 | 2h 03 - Estadão
 

A solução dada ao problema da compra dos novos caças para a FAB deve ser observada num horizonte mais amplo. Cabe ao Comando da Força Aérea perceber que já há quem aponte, discretamente, que o governo gastará bilhões com a compra de equipamento militar enquanto populações civis sofrem e morrem em inundações e secas que se repetem.

 

Procurando examinar a questão de perspectiva diferente da usual, o primeiro ponto para o qual desejo chamar a atenção é este: o tempo perdido na solução permite reafirmar que a "classe política" (tanto Executivo quanto Legislativo) não presta a mínima atenção aos problemas de Estado. Demorar tantos e tantos anos para decidir uma questão que afeta a defesa do território, das populações e do próprio Estado brasileiros apenas indica, quando não prova, que as questões de governo, às vezes as eleitorais, tiveram e ainda têm prioridade. Para não dizer que a política posta em prática nas últimas décadas - perdidas do ponto de vista estratégico - reforça a tese dos que veem principalmente na política militar dos governos do PT a clara intenção de deixar os problemas de defesa (consequentemente, os das Forças Armadas) em plano secundário.

Um estagiário em informática de uma empresa qualquer que não cuidasse de copiar os arquivos antes de substituir o sistema dos computadores seria sumariamente demitido, pela simples e boa razão de que teria posto em risco toda a documentação arquivada. Observe-se que a decisão sobre a compra dos caças se deu poucos dias antes que os Mirages da FAB realizassem seu último voo. O que permite que se faça um raciocínio simples, partindo de algumas premissas administrativas, nada mais.

Dando aos que procrastinaram o benefício da dúvida - não tiveram a intenção de deixar a FAB de asas... perdão, de mãos abanando -, o mínimo que podemos dizer é que decidiram como quem vai ao supermercado e colhe das prateleiras os produtos que faltam na despensa doméstica. Se não os encontra aqui, ou se estão caros, estarão à venda ali, mais baratos, e bastará cruzar a rua. Ou, na urgência, pedi-los emprestados ao vizinho.

Ao longo das duas décadas perdidas na defesa - é de notar que desde o governo Fernando Henrique há um ministério que legalmente (?) cuida de defender o Brasil - não foi considerada a situação que se criava com a compra, em 2005, de 12 Mirages defasados, desativados pela Armée de L'Air, e com o atraso nas decisões: quem garantiria a defesa do território, das populações, do Estado quando deixassem de voar? A solução foi de "dona de casa". Decidida a compra dos aviões suecos, de repente, como que acordando de um pesadelo, vemos que os céus estarão vazios contra eventuais inimigos que podem chegar na velocidade Mach 2 pelo menos. Resta tapar o buraco!

É evidente - devem ter pensado - que os suecos não rejeitarão pedido de empréstimo ou aluguel. É de seu interesse emprestar ou alugar. Que assim seja. Por quanto tempo? Por um ou dois anos, até que cheguem os primeiros caças novos, com o título de propriedade em ordem. Farão isso antes que o contrato de compra esteja assinado? Com certeza, pois têm interesse econômico. Assim pensado, assim resolvido e comunicado à imprensa. Geladeira cheia!

Os leigos, acostumados a ir ao supermercado e também a trocar de automóvel quando possível e necessário, terão algumas perguntas a fazer. Os aviões emprestados ou alugados são da mesma geração técnica que os que serão comprados? Tudo indica que não: serão de uma geração anterior. Os pilotos da FAB, os famosos "jaguares", têm treinamento para pilotá-los? Tudo indica que não! Quantas horas serão necessárias para que possam voar sem riscos desnecessários? Haverá, no Orçamento, previsão para isso? Ou se apelará a uma mágica orçamentária para que, com algumas horas, com certeza poucas, as minimamente necessárias, os pilotos possam voar? Por quantas semanas o espaço aéreo ficará indefeso?

Os que decidem com a lógica de supermercado aplicada à defesa nacional não se preocuparam com esses pormenores, que, por serem "pormenores", não têm importância. Se não há previsão orçamentária para treinamento, fechem-se algumas bases, como foi noticiado há dias, e transfira-se a verba para outra rubrica. Se o TCU não permitir manobras contábeis do gênero, recorra-se ao Exército, que deve estar pouco satisfeito por ver que muitos pelotões de fronteira precisam esperar, às vezes, semanas para receber mantimentos e medicamentos porque os aviões da FAB para lá não voam por não terem pistas de pouso em condições.

Há outro elemento na lógica de supermercado: muitas vezes se compra para revender. Quando vamos ao supermercado, temos a certeza de que os fabricantes dos produtos ali vendidos têm o direito de vendê-los porque pagaram o devido pela tecnologia de fabricação, se dela não forem detentores legais. E o que se alardeia é que montaremos os aviões suecos no Brasil - haverá, com certeza, mercado para eles...

O comércio de armamentos é diferente do de comes e bebes: cada produto vem com a cláusula de "destinatário final". A Embraer tem muito a ensinar a esse respeito: não pôde vender o Super Tucano à Venezuela porque o avião tem componentes norte-americanos. O governo dos EUA proibiu a venda...

Pelo que sabemos, o caça sueco tem componentes norte-americanos - donde se segue que a Suécia deverá obter o "nada obsta" para que o Brasil possa transferir a outros governos esses componentes. E se Washington disser "não!"?

Os norte-americanos são mais rudes que os franceses, sem dúvida, mas igualmente não gostam de ser passados para trás, ainda mais quando foi seu presidente quem amargou o cancelamento de uma visita de Estado durante a qual, diz-se, o Brasil compraria os F-18. Enfim...

*Oliveiros S. Ferreira é professor da USP e da PUC-SP,  membro do Gabinete e Oficina de Livre Pensamento Estratégico. Site: www.oliveiros.com.br

 

São uns alarmistas, a FAB, inclusive, está fazendo a parte dela desativando bases aéreas, e outras unidades, e segundo declarou o brigadeiro a contenção de despesas até pagará a conta daqui a quatro ou cinco anos, pois só começariam a pagar depois da entrega dos caça, se falta dinheiro para a seca ou para a chuva, é por puro descontrole do próprio governo, os bilhões desviados para a corrupção, superfaturamento da copa, das olímpiadas, trem bala, fiscais de SP, Maluf, dolar na cueca, etc...

Parei de ler aqui:

"Os pilotos da FAB, os famosos "jaguares", têm treinamento para pilotá-los? Tudo indica que não! Quantas horas serão necessárias para que possam voar sem riscos desnecessários?"

Eu juro que interpretei o texto de outra forma.

 

Entendi que a crítica foi para o fato de que a compra foi decidida apenas pelo fato de que já não dava mais para adiar, de que não havia como postergar mais...

 

Tal qual aquela ida ao supermercado porque "o feijão tá acabando e não dá nem para amanha"...e nisso, não se pensou no gás para alimentar o velho fogão que recebe o feijão novo.

 

Foi isso que entendi...enfim, acho que me equivoquei então.

 

Abraço!

Vamos analisar:

 

"Oliveiros S. Ferreira é professor da USP e da PUC-SP,  membro do Gabinete e Oficina de Livre Pensamento Estratégico"

 

Leram ? ..... Membro do GOLPE (sigla)

e Oficina de Livre Pensamento Estratégico ??? O que é isso ? clube de drogados ? deve ser uma oficina mesmo, afinal o cara tá com umas ideias bem danificadas.

 

Haja saco!

 

A decisão de compra do Gripen, não foi equivocada, estava amparada a anos no estudo que a FAB fez, decisão de compra equivocada seria se o 9 dedos, alcoolizado, antevendo uma comissão, tivesse ido na cantada do Sarkozy, tanto que ele quando ficou sóbrio recuou, é claro que a decisão em decurso de prazo, mas foi a certa, e avião que era o azarão, foi o escolhido, até russos os ofereceram.

Last edited by Guacyr.
Originally Posted by Foks:

Eu juro que interpretei o texto de outra forma.

 

Entendi que a crítica foi para o fato de que a compra foi decidida apenas pelo fato de que já não dava mais para adiar, de que não havia como postergar mais...

 

Tal qual aquela ida ao supermercado porque "o feijão tá acabando e não dá nem para amanha"...e nisso, não se pensou no gás para alimentar o velho fogão que recebe o feijão novo.

 

Foi isso que entendi...enfim, acho que me equivoquei então.

 

Abraço!

Também interpretei a crítica dessa maneira.

Last edited by Pampa

Dizer que o cara é desinformado não concordo. O cara está bem informado a ponto de pegar fatos e direcioná-los para uma conclusão que justificasse o título do texto.

E ele conseguiu fazer isso muito bem. Só não contava que, aos olhos de quem conhece o assunto, ele seria separado fato por fato e analisado ponto por ponto.

Ele coloca o projeto em confronto com necessidades das catástrofes, o que aos olhos do povão é um absurdo. Diz que o último voo dos Mirage 2000 deixou os nossos céus sem defesa sem citar que ainda temos F-5 (tudo bem que o F-5 não é uma maravilha, mas está lá, funcionando, eu acho!!!!). Não citou que para qualquer escolha que se fizesse, deveriam entrar no pacote o treinamento dos pilotos, o que acredito deva estar no orçamento, é obvio.

A venda dos aviões usados será daqui a 30 anos, como será que estará a conjuntura do mundo, isso nem ele pode prever (eu aposto que a China vai autorizar a venda para a Venezuela ehehehehe).

Como nós do Fórum somos sujeitos conhecedores do assunto conseguimos  analisar a situação e descobrir que tal compra não foi tão de super mercado. Afinal, antes de sair de casa para comprar o feijão que a gente queria para encher a dispensa (mesmo pouco antes dela ficar vazia), pesquisamos por muitos anos para saber qual seria o que nos daria melhor custo benefício.

 

Abração a todos

Originally Posted by Pampa:
Originally Posted by Foks:

Eu juro que interpretei o texto de outra forma.

 

Entendi que a crítica foi para o fato de que a compra foi decidida apenas pelo fato de que já não dava mais para adiar, de que não havia como postergar mais...

 

Tal qual aquela ida ao supermercado porque "o feijão tá acabando e não dá nem para amanha"...e nisso, não se pensou no gás para alimentar o velho fogão que recebe o feijão novo.

 

Foi isso que entendi...enfim, acho que me equivoquei então.

 

Abraço!

Também interpretei a crítica dessa maneira.

Ufa, ainda bem que não fui só eu então!!

 

Galera, o autor alerta que "já há quem diga que...", e o faz em tom de crítica aos que seguem essa lógica. O texto todo foi uma crítica à demora na aquisição dos caças, ao descaso com a defesa e à "visão de supermercado" que parece nortear todo o processo!! Leiam com calma, caros colegas... ;-)

 

Abs!

Bem...a critica tem fundamento no sentido de que TUDO  no Brasil e deixado para a ultima hora, feito as pressas ou mal feito QUANDO E FEITO!......

 

Agora, que embora tenha sido deixado para o ultimo instante a escolha foi acertada, isso ele nao pode provar ou sequer tem argumentos para tal...

 

Edilson 

Tá, tudo bem, o texto se refere a demora na compra? Grande novidade,  Mas teria mais credibilidade se no sujeitinho não tivesse viajado na maionese tentando denegrir a compra, questionando o gato, em vista das catástrofes climáticas.

 

Ao usar a palavra supermercado para qualificar a forma como são feitas as compras, ele meio que vulgariza a questão que, dada a sua importância, mereceria uma melhor comparação.

 

Tirando essas escolhas infelizes, o texto até que é bem colocado na questão da má gestão das necessidades das Forças Armadas, que vem ao longo do tempo sofrendo, com o descaso do sucessivos governos sendo sempre colocadas em posição secundária.

 

Pra finalizar, bastaria apenas que ele se intitulasse como professor da USP e da PUC, mas ao colocar-se como membro de um grupo denominado G.O.L.P.E., ele detona e sepulta, qualquer imagem de seriedade do texto e do próprio autor...

 

Resumindo, foi uma escolha infeliz de momento e de tema, para tentar se promover de forma irônica, quando na verdade, deveria ter mantido a seriedade até o fim...

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