A data É 28 de setembro de 1918, e a Primeira Guerra Mundial estÁ perto do fim. Na pequena cidade de Marcoing, na FranÇa, um pelotão inglÊs não consegue atravessar um riacho por causa de uma ponte destruÍda. Para piorar a situaÇão, encontra-se sob fogo cerrado disparado por soldados alemães. De acordo com o historiador brasileiro Warde Marx, o soldado Tandey, em um ato de extrema coragem, correu atÉ o esconderijo dos atiradores inimigos, matou-os, e retornou para consertar a ponte. Horas mais tarde, no mesmo dia, ele seria o autor de uma faÇanha ainda maior: na companhia de mais oito colegas de batalhão, ele foi cercado por 37 combatentes alemães munidos de metralhadoras. Portando somente baionetas, Tandey convenceu os colegas a partirem para cima dos inimigos, e acaba por rendÊ-los. Obviamente, tais atitudes lhe renderam inúmeras condecoraÇÕes, mas uma delas teria um gostinho especial: a medalha Cruz VitÓria, honraria dada pelo rei àqueles que demonstrassem bravura na “presenÇa do inimigo”. Apesar da brilhante carreira militar, o bravo inglÊs seria conhecido, posteriormente, por outro motivo bastante curioso: ter desperdiÇado a chance de matar um soldado alemão. O nome desse soldado? Adolf Hitler.

Henry Tandey, o herÓi inglÊs na Primeira Guerra Mundial

Sim, o homem que aterrorizou o mundo esteve supostamente bem perto da morte na Primeira Guerra Mundial e, por mais de vinte anos, teve sua identidade ignorada pelo seu  ”piedoso salvador”. A histÓria sÓ seria revelada em 1938, quando o primeiro ministro britânico Neville Chamberlain esteve em uma reunião com Hitler na Alemanha. No gabinete do ditador alemão, havia a cÓpia de quadro, pintado pelo artista italiano Fortunino Matania, que retratava uma cena da Primeira Guerra Mundial. Nela, o herÓi inglÊs aparecia carregando um combatente ferido e o ditador alemão era mostrado sentado no canto direito da imagem. Mas como Hitler tinha tanta certeza de que o rapaz registrado na imagem era Tandey?, perguntou Chamberlain. Em 1933, ano em que subiu ao poder, o fÜhrer viu uma reportagem de jornal anunciando um evento em homenagem ao homem que o deixara viver. Reconheceu o rosto e ordenou a alguns agentes da polÍcia alemã que viajassem atÉ a Inglaterra para investigar a identidade do sujeito. Os policiais chegaram atÉ o regimento a que Tandey pertencera e, depois de algumas conversas com oficiais ingleses, descobriram o nome que tanto procuravam. De quebra, viram a obra original cuja cÓpia seria pendurada na parede do gabinete do lÍder alemão anos depois.  AlÉm da revelaÇão bombÁstica, Hitler tambÉm pediu que Chamberlain transmitisse um abraÇo e seu agradecimento a Tandey.

O quadro de Fortunino Matania: Hitler seria o sujeito deitado no canto direito do quadro

Se Hitler lembrava com carinho e, atÉ mesmo com gratidão, do episÓdio, o mesmo não se pode dizer de Tandey. “Se ao menos eu soubesse o que ele iria se tornar… quando eu vejo todas as pessoas, mulheres e crianÇas que ele tem matado e ferido, peÇo desculpas a Deus por tÊ-lo deixado escapar”, teria declarado a amigos em 1940. Na opinião de Warde Marx, porÉm, o inglÊs não tinha do que se arrepender. “Embora esta histÓria envolvendo o Hitler e o Tandey provavelmente seja verdadeira, não hÁ como confirmÁ-la de maneira absoluta. Se ela for real, Tandey adotou a mesma atitude que muitos outros soldados da Época, influenciados pelo pensamento tradicional e pelas questÕes morais do sÉculo XIX, adotaram”. Vale lembrar que a ConvenÇão de Genebra, responsÁvel por regulamentar as aÇÕes relativas a prisoneiros de guerra, sÓ apareceria em 1929, mais de dez anos depois do tÉrmino da  Primeira Guerra Mundial.

Embora não devesse se sentir culpado, o herÓi de guerra inglÊs tentou corrigir o suposto erro anos mais tarde: em 1940, com 49 anos, Tandey implorou às forÇas armadas inglesas que o deixassem viajar para a Alemanha, com o objetivo de matar Hitler. Devido à sua idade, no entanto, teve sua adesão ao exÉrcito britânico recusada. Trabalhando na Área de seguranÇa privada, viveria atÉ 1977, quando, aos 86 anos, veio a falecer na cidade inglesa de Coventry , injustamente mais lembrado pela sina de “O homem que não matou Hitler” do que pela heroica carreira militar construÍda ao longo de sua vida.

 

Fonte: http://guiadoscuriosos.com.br/...-matou-adolf-hitler/