Bom, deixa eu dar meus pitacos também.
Como muitos sabem, eu sou um entusiasta da tecnologia 3D e venho explorando a aplicação dela no modelismo já há alguns anos.
Com relação a alguns pontos discutidos acima:
1. Considerando o nível atual da tecnologia, não tem como uma impressão 3D concorrer com um processo de injeção em plástico tradicional. O custo da injeção é muito menor. A única vantagem de se fazer impresso em 3D é a possibilidade de se fazer algo personalizado ou extremamente complexo, como o Estanislau comentou. Via de regra serão produzidas poucas unidades. Peças simples que serão fabricadas em larga escala ainda o serão através de injeção por muito e muitos anos.
A utilização de impressão 3D para geração de matrizes ou protótipos dos modelos não é uma coisa nova. Já é uma prática na indústria há anos (na indústria automobilística e aeronáutica há pelo menos 20 anos. Na indústria de kits, talvez seja mais recente, mas imagino que os grandes fabricantes já utilizem há pelo menos uns 10 anos).
2. Acho muitíssimo improvável que fabricantes disponibilizem arquivos 3D de seus modelos para serem baixados e impressos localmente. Como eles ganhariam dinheiro neste modelo de negócio?
O que acho mais provável acontecer é que se formem comunidades de entusiastas por um determinado assunto e então voluntários contribuam, através de seus esforços, com a construção de modelos 3D que ficariam disponíveis para a comunidade, similar ao movimento Open-Source no mundo de software. E, mesmo assim, a qualidade do modelo irá variar muito de um grupo para outro. Será necessária a adoção de padrões para troca dos modelos e consigo imaginar cada fornecedor de software 3D ou equipamento tentando puxar a sardinha para o seu lado.
3. O processo de impressão 3D é um processo de fabricação e possui limitações, como qualquer processo físico. Isto significa que não dá para scanear um objeto real, reduzir o tamanho dele para a escala desejada e simplesmente mandar imprimir. É necessário fazer ajustes nas espessuras de parede, eliminar detalhes que não poderão ser impressos e eventualmente separar peças que se deseja imprimir separadamente. E estes ajustes dependem do tipo de material que será utilizado na impressão.
Isto tudo normalmente já dá bastante trabalho quando se utiliza um software de CAD igual ao que o modelo foi originalmente criado. Um modelo nativo normalmente contém todo histórico de construção, o que facilita imensamente qualquer modificação, especialmente se o sistema CAD for um software paramétrico.
Mas, normalmente, modelos que se encontram em sites de compartilhamento de conteúdo 3D são convertidos para um formato neutro (o mais comum para impressão 3D é o formato STL), e não possuem qualquer histórico, apenas a geometria na forma de uma malha de triângulos. Editar estes modelos é muito, mas muito mesmo, mais trabalhoso. Por isso, não acredito que esta visão de se baixar um arquivo, ajustar a escala e imprimir seja viável a curto prazo.
4. As impressoras 3D com qualidade que considero aceitável para um modelo de aviação ainda são muito caras, na faixa de alguns milhares de dólares. Mas existe sempre a possibilidade de se comprar um serviço. Eu sou fã da Shapeways.
O mais bacana da Shapeways é que eles criaram um novo modelo de negócio. Eles te dão uma loja virtual, onde vc pode colocar e vender seus modelos impressos em 3D. Eles processam os pedidos, imprimem e enviam para qualquer lugar no mundo. E vc recebe um valor por cada venda. E este valor é definido por vc mesmo. Eu já tenho minha lojinha lá desde 2010: Small Scale Shop.
Existem alternativas nacionais também, como a Imprima3D. Embora eu não goste muito dos termos deles com relação à propriedade intelectual, já fiz algumas experiências e a qualidade é muito boa.
Daria para escrever muito mais, mas tenho que sair agora... Mais tarde tento colocar mais algumas observações.
Abraços,
Glehn