A Batalha de ilha Ramree
A batalha foi travada por seis semanas durante janeiro e fevereiro de 1945, como parte da ofensiva na Frente Sul da Campanha da Birmania durante a Segunda Guerra Mundial .
A Ilha Ramree ( Yangbye Kywan) encontra-se fora da costa da Birmânia e foi capturada junto com o resto do sul da Birmânia, durante os primeiros estÁgios da Campanha, pelo rÁpido avanÇo ExÉrcito Imperial JaponÊs em 1942.
Em janeiro de 1945, os Aliados lanÇaram ataques para retomar Ramree e sua vizinhoa Cheduba, com a intenÇão de construir bases aÉreas. A guarniÇão japonesa de Ramree consistia no 121º Regimento de Infantaria, que fazia parte da 54ª Divisão Japonesa. O comandante do regimento era o coronel Kanichi Nagazawa.
A batalha tambÉm estÁ associada com relatos de muitos soldados japoneses que acabaram sendo devorados pelos inúmeros crocodilos de Água salgada que estavam à espreita nos pântanos. O Guinness Book of World Records listou-os como "o pior desastre com crocodilos do mundo".
A batalha
A batalha comeÇou com a OperaÇão Matador, um assalto anfÍbio para capturar o porto estratÉgico de Kyaukpyu, localizado na baÍa de Hunter, na ponta norte da ilha Ramree, ao sul de Akyab, e do seu aerÓdromo localizado perto do porto. Reconhecimentos realizados em 14 de janeiro de 1945 mostraram as forÇas japonesas ocupadas, colocando obstÁculos para impedir o desembarque na ilha.
Assim a Royal Navy destacou uma forÇa tarefa composta de um couraÇado e um navio aerÓdromo para prestar um pesado apoio naval. Em 21 de janeiro, uma hora antes dos desembarques da 71ª Brigada de Infantaria Indiana, o HMS Queen Elizabeth abriu fogo, enquanto aviÕes do HMS Ameer realizaram pesados ataques nas praias. O cruzador leve HMS Phoebe e destrÓieres tambÉm juntaram-se ao bombardeio.
Logo em seguida, B-24 Libertadores e P-47 Thunderbolts do 224° Grupo da RAF, bombardearam e metralharam as praias acabando com qualquer resistÊncia planejada. ApÓs estes ataques, as tropas de assalto desembarcaram sem oposiÇão e garantiram a cabeÇa de praia. No dia seguinte, a 4ª Brigada de Infantaria indiana tambÉm desembarcou juntando-se as forÇas invasoras.
Em 26 de janeiro, um forÇa de fuzileiros navais desembarcou em Cheduba , que fica ao sul de Ramree, para descobrirem que ela não fora ocupada pelos japoneses. Em Ramree, a guarniÇão japonesa estabeleceu uma tenaz resistÊncia. A 36ª Brigada de Infantaria Indiana, junto com unidades da RAF e da Marinha Real entraram em atrito com as forÇas de defesa. Quando os fuzileiros navais conseguiram flanquear um reduto japonÊs, seus novecentos defensores a abandonaram e marcharam para o interior, a fim de se reunirem par formar uma forÇa defensiva maior juntamente com os demais soldados japoneses de toda a ilha.
Esta rota obrigou-os a atravessarem 16 quilÔmetros de manguezais e pântanos, lutando contra as forÇas britânicas que estavam cercando a toda a Área pantanosa. Neste cenÁrio, presos em profundas e pegajosa lama, numa Área infestada de mosquitos, doenÇas tropicais e crocodilos de Água salgada, comeÇaram a minar o moral dos soldados. Repetidas chamadas para que os japoneses se rendessem foram ignoradas.
Enquanto isso, dentro do pântano, centenas de soldados japoneses foram dizimados por falta de alimentos ou Água potÁvel e, principalmente, pelos ataques de centenas de crocodilos. Alguns autores, incluindo o naturalista Bruce Stanley Wright (que participou da batalha), afirmaram que os crocodilos, em grande número (acreditam-se que havia entre 450 a 800 animais) atacaram e comeram vÁrios soldados. A descriÇão de Wright estÁ em seu livro de 1962,Wildlife Sketches Near and Far:
..."Nessa noite [de 19 fevereiro de 1945] foi a mais terrÍvel que qualquer um jÁ tinha experimentado. Os tiros de fuzis espalhados pelo pântano escuro como breu, misturavam-se aos gritos dos feridos esmagados nas garras desses enormes rÉpteis e o som dos crocodilos girando na Água, feito uma cacofonia dos infernos, dificilmente serÁ conseguido reproduzir-se em terra.
Ao amanhecer, os urubus chegaram para limpar o que os crocodilos tinham deixado .... de cerca de mil soldados japoneses que entraram nos pântanos de Ramree, apenas cerca de vinte foram encontrados com vida "...
Quando os britânicos finalmente dominaram a Área pantanosa, eles descobriram que de novecentos de soldados que originalmente fugiram para o pântano, apenas cerca de vinte soldados gravemente feridos e debilitados restaram. No total, cerca de 500 soldados japoneses escaparam da ilha de Ramree, apesar do pesado bloqueio instituÍdo para detÊ-los.
Dúvidas
Se a afirmaÇão de Wright for verdade, os ataques desses crocodilos seriam o piores desses animais jÁ registrados na histÓria. Os britânicos da Burma Star Association parecem dar credibilidade às histÓrias desses ataques, mas fazem uma distinÇão entre os 20 sobreviventes japoneses de um ataque e os 1.000 japoneses que foram deixados à prÓpria sorte no pântano. AlÉm disso, não hÁ comprovaÇão do evento por relatÓrios militares britânicos ou por soldados japoneses entrevistados e birmaneses locais.
Estes números são contestados e o evento tem sido descrito como um mito urbano pelo historiador britânico Frank McLynn , que opinou que apenas alguns japonÊs feridos tinham sido atacados e devorados, embora ele tenha admitido que os crocodilos de Água salgada da região eram conhecidos " devoradores de homens e assassinos oportunistas ".
As crÍticas de McLynn resultam essencialmente de sua incredulidade pessoal de que o "poder de fogo japonÊs, que realizou buracos nos tanques e blindados britânicos, seriam incapazes de eliminar um grande número de crocodilos à noite". Suas suspeitas não são corroboradas por outros historiadores.
AlÉm disso, McLynn acusa Bruce Wright de não ter estado pessoalmente lÁ. Mas a carreira de Wright, tanto na Marinha Real Canadense como tambÉm de cientista e autor de vÁrias obras, são descritas e comprovadas por vÁrias fontes e novamente as dúvidas de McLynn não são corroboradas por historiadores de ambas as Áreas.