Amigos:
Normalmente me preservo de opiniões em assuntos tão polêmicos, pois guerra, religião, futebol e gastronomia são de foro particular e devem ser respeitados porque, afinal, este direito foi conquistado à custa de muito sangue pelas tropas Aliadas (inclusive do meu pai, que serviu no Regimento Sampaio) e algumas honrosas exceções como a do Herr Stigler e do TCel Conde Claus Schenk Graf von Stauffenberg.
Para os que tem "peninha" dos bombardeados na Alemanha, convido à uma reflexão sobre o que Wehrmacht cometeu entre 1939-1945. Começemos pela Luftwaffe:
As 4:26h do dia 1 de setembro de 1939, sete minutos antes do encouraçado Schleswig-Holstein (recebido na Polônia como amigo) começar o ataque contra a Fortaleza de Westerplatte, vinte e nove bombardeiros de mergulho Junkers Ju 87B-1 Stukas da Sturzkampfgeschwader 76 (Esquadrilha de mergulho 76) lançaram 29 bombas de 500kg e 112 de 50kg sobre a cidade polonesa de Wielun. Localizada a 20km da fronteira alemã e com uma população de 15.000 habitantes, ela foi atacada indiscriminadamente, inclusive o hospital, onde morreram vinte e seis pacientes. Os três ataques seguidos deixaram 1.200 mortos, 70% dos prédios e casas da cidade destruídos, sendo mais de 90% somente no centro. O governo polonês considera o ataque a Wielun como crime de Guerra, pois a cidade não tinha valor estratégico, não possuia industrias pesadas e nenhuma unidade militar próxima, sendo considerada como exemplo pioneiro dos bombardeios de terror que marcariam a Segunda Guerra Mundial. Ainda mais cedo naquele dia, as 4:26h, uma Esquadrilha de três Stukas do 3./StG 1, liderada pelo Tenente Bruno Dilly, realizou o primeiro ataque com bombas da Segunda Guerra. A missão tinha como objetivo a destruição das cargas de demolição ligadas as pontes de Tczew sobre o Rio Vistula, mas embora tenham acertado os alvos identificados, os bravos soldados poloneses conseguiram destruir completamente as pontes antes que tropas alemãs chegassem.
O exército alemão ao invadir a Polônia deixava civis enforcados em postes com o aviso de que esse era o destino de quem esboçasse qualquer ato de resistência (vide Bundesarchiv). Na Itália, depois da rendição oficial de 1943, os alemães matavam a esmo qualquer suspeito. Exemplos como o do Regimento 114, que defendeu Montese da FEB, se repetiram com a eliminação de civis momentos antes da FEB libertar alguns povoados. Os camisas negras e fascistas fiéis ao Duce eram assassinos que não poupavam nenhum prisioneiro que caísse em suas mãos, coisa que não ocorria com os Aliados e principalmente os Brasileiros da FEB. As ordens documentadas de Eisenhower para atirar em alemães que se rendessem, mesmo com bandeiras brancas, foram assinadas depois de muitos episódios comprovados onde eles traziam armas e granadas escondidas para matar seus captores. Essa desculpa de "história escrita pelos vencedores" começou com os alemães e japoneses, louvando suas conquistas de "libertação" fartamente ilustradas.
Senhores, a Segunda Guerra Mundial não foi brincadeira e muito menos um engodo, diferentemente de nossos dias, naquele tempo se sabia perfeitamente quem eram os "maus"e os "bons". Não há revisionismo que mude isso, como disse muito apropriadamente Sir Arthur Harris: "eles plantaram o vento e colherão a tempestade".
Sem esquecermos dos japoneses, que cometeram muito mais de tudo desde o saque de Nanquim em janeiro de 1938, onde eliminaram entre 200.000 e 290.000 civis para "manter a ordem" somente nas primeiras seis semanas de ocupação. Estima-se que as tropas japonesas mataram no mínimo 1.000.000 de chineses desde o início da invasão, os dados são inconclusivos até a libertação pelos Aliados. Detalhe, entre os documentos mais contundentes está uma carta do secretário da legação do consulado alemão mantida no arquivo político do Ministério do Exterior em Berlim. Nos documentos mantidos pelo Museu de Nanquim estão os posters de homenagem e artigos de jornais japoneses louvando os ganhadores do troféu do "incrível recorde" da eliminação de mais de 100 pessoas com espadas (com fotos provando seus feitos).
Finalizando, quando a guerra na Europa terminou, não se ouvia um alemão dizer que era culpado, TODOS diziam que eram vítimas ou que foram "forçados" à fazer alguma coisa como matar judeus...
Duas bombas atômicas não vingaram nem metade dos chineses assassinados por esporte em Nanquim.
Como dizia meu velho pai sobre o assunto, o resto é conversa fiada de quem NUNCA esteve lá.
João Henrique Barone
2o vice-presidente da ANVFEB
Diretor do Museu da ANVFEB
Curador do Museu Conde de Linhares
Pesquisador Associado do CEPHIMEX