Sempre tive curiosidade de saber o motivo da RAF ter uma frota bem grande de helicÓptero
Chinook. São 46 helicÓpteros operando atualmente pelos britânicos em trÊs esquadrÕes. ApÓs ler o
livro “Sweating the Metal: Flying Under Fire. A Chinook Pilot’s Blistering Account of Life, Death and
Dust in Afghanistan” tive boas respostas.
O piloto, autor do livro, descreve sua experiÊncia no Afeganistão pilotando o Chinook e mostra
como a grande capacidade de carga da aeronave É necessÁria. A maioria das missÕes são de carga
(chamada taxi), mas as de evacuaÇão mÉdica são as mais interessantes. Algumas informaÇÕes
resumidas do livro:
- As reservas minerais no Afeganistão são estimadas em trÊs trilhÕes de dÓlares.
- O piloto ganhou uma medalha Distinguished Flying Cross em uma situaÇão bem inusitada. Um
dos motivos foi uma missão para pegar alguns feridos graves e pousou no meio do tiroteio. Foi
condecorado pela bravura, mas a histÓria real É que o controlador aÉreo em terra perdeu o
contato com o rÁdio e não conseguiu avisar que não era para pousar.
- Para um piloto de helicÓptero, a altitude e velocidade É seguranÇa, mas na guerra o mais seguro É
voar baixo.
- Na primeira decolagem no Afeganistão jÁ se assustou pois estava vazio e com 65% torque devido
ao calor e a altitude do local. Isso significa que não conseguiria voar se perdesse um motor.
Uma tonelada de carga ou
combustÍvel adicional gasta 5%
da potÊncia do motor.
- Em voo de formaÇão,
percebem a estrutura e
cobertura da aeronave se
contorcendo ao transportarem
grandes cargas externas que
ficam balanÇando.
- Os tripulantes traseiros tem
vÁrias funÇÕes: navegam a
aeronave se os pilotos estiverem muito ocupados, operam as metralhadoras (Minigum), cuidam das
cargas, ligam os pilotos com os passageiros, operam o guincho, auxiliam no pouso, dão alerta de
ameaÇa e reabastecem a aeronave no solo.
- Os artilheiros na Minigum tem autonomia para disparar sem autorizaÇão do piloto. As Minigum
agora podem atirar se o helicÓptero estiver desligado no solo, usando as baterias da aeronave.
- Os tripulantes tem arcos para cobrir. Se atacados os tripulantes citam no rÁdio “tracer” ou
“contato”. “Tracer” É para disparos não efetivo e contato para disparos efetivos. Depois de
identificar a ameaÇa podem engajar com as metralhadoras. A responsabilidade É do piloto, mas os
segundos perdidos ao não pedirem autorizaÇão fazem diferenÇa.
- A IRT (Incident Report Team) eram as missÕes de evacuaÇão mÉdica. A IRT era formada por dois
helicÓpteros Chinooks e dois Apache. O pessoal era formada por uma equipe mÉdica, o pessoal de
resgate e uma equipe de proteÇão. A evacuaÇão mÉdica tambÉm resgatava cachorros feridos,
levados para uma equipe veterinÁria, mas os humanos tinham prioridade.
- Os pedidos de evacuaÇão mÉdica eram pedidos com o protocolo de nove linhas, tambÉm usados
para pedir apoio aÉreo aproximado. O cÓdigo T classificava os feridos (T1 para caso cirúrgico ou
muito urgente, T2 para cirúrgico com risco de atÉ 4 horas, T3 para evacuaÇão em atÉ um dia e T4
para morto).
- Na decolagem apÓs o resgate, o piloto pergunta para o mÉdico como eles querem que seja a
saÍda: para o alto e acelera ou bem baixo e com evasivas. O caminho de volta pode ser direto para
maior rapidez ou com evasivas para evitar ameaÇas.
- Citou o episÓdio do resgate de um soldado ferido no ombro. O projÉtil passou pelo ombro,
ricocheteou na placa blindada e voltou. Sem a placa blindada o ferimento teria sido bem menor.
- Nas missÕes com ameaÇa, costumam decolar em uma direÇão contraria ao objetivo para despistar
e consideram a direÇão do vento para abafar o som da chegada do helicÓptero.
- A grande rampa traseira É muito boa para desembarcar tropas rapidamente. O piloto pousa com
a rampa para o alvo e as tropas jÁ saiam em direÇão ao alvo.
- Os Apaches vão na frente para checar a HLS (Helicopter Landing Site). Os sensores do Apache
eram considerados muito bons. A TV tem zoom de 127 vezes, podendo ler a placa de um carro a
4km de distância. TambÉm tem um “ICOM chatter” para interceptar as comunicaÇÕes do Talibã. Um
aumento no “ICOM” significava que o talibã estava na espera e se preparando. Os pilotos não
gostam de HLS cercado de arvores pois dava cobertura para o talibã. No Vietnã os pilotos dos UH-1
usavam as pÁs do rotor de metal para cortar as Árvores ao redor. Os helicÓpteros atuais são de
material composto e bem mais frÁgeis.
- Os Apache britânicos ficam voando mais alto e distante apoiando tudo enquanto os americanos
colam quando estão fazendo escolta. Nos testes das armas os americanos disparam atÉ foguetes e
muitos tiros de canhão, sem poupar muniÇão.
- Os procedimentos dos americanos são bem diferentes dos britânicos. Os britânicos tem mais
autonomia nas missÕes. Recebem uma tarefa genÉrica, como uma ordem ou objetivo, e os pilotos
planejam os detalhes, com pouco microgerenciamento vindo de cima. O planejamento britânico É
bem simples enquanto o americano É super detalhado e demorado. Inclui pequenos detalhes
tÉcnicos como citar que tem que diminuir a potÊncia para parar durante o pouso.
- O piloto citou preferÊncia pelo Black Hawk e Chinook. Não gostava do Merlin, Puma e Sea King.
Não citou o Lynx.
- Os pilotos brifam o pessoal de apoio sobre o que fizeram apÓs as missÕes. O objetivo É aumentar
o moral da tropa ao saberem o que estão apoiando.
- Uma tÉcnica simples para aumentar o efeito dos bastÕes de luz quÍmica, usadas para auxiliar o
HLS, É colocar o bastão dentro
de uma garrafa de Água. O brilho fica bem maior e fica mais fÁcil
de fixar no chão.
Fonte:
http://www.aereo.jor.br/2013/1.../sweating-the-metal/