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Achei muito legal a matéria sobre esse grande veículo que foi projetado pela Engesa e que lamentavelmente não foi pra adiante.

https://diemotoren.wordpress.c...-verdades-do-osorio/

 

 
 

AS VERDADES DO OSÓRIO

Nos anos 80, o Brasil construiu um MBT moderno o suficiente pata ser dito como um dos melhores de seu tempo, o EE-T1 Osório fez história em sua época, foi um projeto ousado que atraiu olhares de varias partes do mundo para sua tecnologia e suas capacidades. Porém, hoje, com o projeto já acabado á 25 anos, muitos equivocos se fazem sobre ele.

Nos meados dos anos 80, a Exército da Arábia Saudita lançou uma competição internacional para escolher qual seria o novo MBT (Main Battle Tank – Tanque Principal de Batalha) da força terrestre saudita, que substituiria os já veteranos AMX-30B, de fabricação francesa, que já estavam obsoletos, se comparados as novas gerações de tanques que equipavam as forças da região na época.

AMX-30B: A competição saudita substituiria este blindado.
AMX-30B: A competição saudita substituiria este blindado. (foto: Deviantart)

Era uma competição interessante para qualquer empresa de defesa no mundo, pois o reino saudita adquiriria mais de 700 unidades do blindado escolhido e pagava bem pelos mesmos. Era a chance para qualquer empresa de defesa lucrar muito mais do que lucraria normalmente em um único golpe, isso atraiu muitos olhares de todos os lugares do ocidente, e um desses olhares, vinha de São José dos Campos, estado de São Paulo. Eram os olhares de uma empresa que já havia vendido muito de seus produtos para países do Oriente Médio como o Iraque e a Tunísia, e era já uma marca bem conhecida, eram os olhos da Engesa.

A fabricante brasileira viu na competição árabe, uma chance de conseguir retornar aos velhos tempos de grandes lucros com seus blindados sobre rodas, era uma chance única e digna de todos os esforços da empresa paulista. Com isso, a empresa decidiu canalizar todos os esforços na construção de um MBT moderno para a competição. Este MBT recebeu o nome do patrono da arma da cavalaria do Exército Brasileiro, o Marquês do Herval, General Manuel Luís Osório.

O EE-T1 Osório foi um projeto ousado de uma empresa brasileira para uma competição internacional, recebeu muito do que havia de mais moderno na tecnologia encouraçada mundial, e mesmo tendo perdido a competição para o M1A1 Abrams, de construção norte-americana, é um blindado admirável e digno de respeito. Porém, muito é dito sobre ele, muito é mentira, muito é verdade. Este post, por fim, mostrará algumas verdades e desmontará alguns mitos acerca do primeiro MBT nacional.

                                                                               A Vitória Final

M1A1 Abrams: Foi escolhido junto do Osório para o final do programa, mas...
M1A1 Abrams: Foi escolhido junto do Osório para o final do programa, mas… (foto: Wikimedia Commons)

Muito se é dito sobre a suposta vitória do MBT da terra brasilis na competição saudita. A lenda reza que o Osório venceu todos os blindados da competição com folga (nestes, estavam o M1A1 Abrams, da General Dynamics, americana e o Challenger 1, da Royal Ordnance Factory, britânica) e que, acabou sendo derrotado na esfera política pela pressão do governo dos Estados Unidos da América. É uma história bem passional, às vezes, vem com comentários maldosos e antiamericanos. Porém, o fato difere em muitas coisas da história.

Após a volta das equipes de engenheiros da fabricante paulista para as terras tupiniquins, houve essa afirmação da vitória brasileira, se diz também de afirmações de oficiais britânicos e franceses sobre a superioridade do engenho brasileiro. Porém, maioria são enganos e más interpretações do ocorrido nas areias do deserto saudita.

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EE-T1 Osório: O fato é que o M1 Abrams tinha certas vantagens encima do Osório. (foto: Engesa)

O EE-T1 Osório realmente foi um dos escolhidos no fim da competição, porém tem que se prestar atenção nas palavras, um DOS escolhidos na competição. Ao fim do programa, dois blindados foram escolhidos como melhores e se decidiria qual seria escolhido pelas propostas das empresas, estes eram o Osório e o M1A1 Abrams. Restaria no fim, as empresas apresentarem suas propostas e o governo saudita decidir. Qualquer um dos dois poderia ser comprado pelos sauditas, porém venceu o americano por alguns motivos que, creio eu, foram fundamentais para a vitória.

  1. O blindado já estava em serviço na cavalaria do Exército Americano desde 1980, já era um blindado mais do que testado pelas tropas americanas na época (porém, ainda não havia sido testado em combate, o que viria acontecer só em 1991, na Operação Tempestade no Deserto, no Iraque).
  2. Já estava sendo construído desde 1979, a variante A1 (equipada com o canhão Rheinmetall L/44, de 120mm) já era construída em série desde 1986. Assim, havia capacidade provada de saciar a demanda do Exército Saudita pelo MBT.
  3. Os preços feitos pelos americanos seriam mais em conta, politicamente falando.

O fato dos oficiais franceses e britânicos terem falado tão bem do blindado brasileiro é resultado do fato que o mesmo realmente venceu-os tecnicamente. O Challenger 1 e o AMX-40 (que também participou da competição) foram, de fato, derrotados pelo blindado brasileiro.

                                                                     Tecnologia nacional

Outra história muito dita sobre o Osório é o fato dele ter sido totalmente nacional. Muito se falava na imprensa da época (e muitos acreditam até hoje) que o Osório era provido de tecnologia totalmente nacional. Porém, a história é outra.

A Engesa, na época, sabia bem que a indústria de tecnologia nacional demoraria muito para prover tecnologia suficiente para o encouraçado tupiniquim. O fato é que era mais em conta e muito melhor para a Engesa que entrasse em acordo com empresas do exterior para a construção do blindado. A Engesa, nos protótipos, construiu o chassi do blindado, mas quase todo o restante era uma colcha de retalhos internacional.

O Osório foi inicilmente pojetado dessa forma
A Engesa sabia bem que a técnologia nacional não supriria as capacidades necessárias para um MBT moderno (Foto: Engesa)

O grupo mecânico era composto por um motor TBD 234, V12 refrigerado a ar e movido a diesel, construído pela germano-brasileira MWM International (que é, nada mais que uma filial da MWM GmbH, da Alemanha), era nada mais que um grupo gerador de eletricidade, adaptado para poder operar como motor de blindado, porém, gerava saudáveis 1.014 cv. Muitos dizem que o motor padecia de problemas de superaquecimento, porém é algo que não pode se afirmar com total certeza. O grupo também era composto pela transmissão LSG3000, de seis velocidades (quatro a frente, duas a ré), construída pela ZF Friederichschafen AG, da Alemanha. Esta transmissão era nova na época (havia sido projetada somente em 1984), e equipou um blindado pela primeira vez com o Osório (porém, pouco tempo após, equipar o C1 Ariete, italiano, o K1-88, sul-coreano e o AMX-30E modernizado, espanhol). O grupo mecânico foi escolhido pela Engesa pela possibilidade de as mesmas serem construídas no pais (uma vez que ambas as empresas contavam com instalações no pais). Os sistemas de suspensão hidropneumática, usados pelo Osório e também pelo Challenger 1, seriam construídos pela britânica Dunlop, as lagartas seriam similares as utilizadas pelo Leopard 2-A4, providas pela Diehl BGT.

Vickers MBT Mk.5 [esquerda) e MBT Mk.7/2: Se verifica a semelhança da torre do Osório com os protótipos da Vickers.
Vickers MBT Mk.5 (esquerda) e MBT Mk.7/2: Se verifica a semelhança da torre do Osório com os protótipos da Vickers. (foto: desconhecido / Expedito Bastos – DefesaNet)

A torre foi resultado de um acordo entre a Vickers Defence Systems, britânica e a Engesa. Ela seria construída já visando o Osório, porém, feita totalmente na terra da Rainha Elisabeth II (este acordo, dava até a construção sob licença da torre para a Engesa, após a construção de um número x de torres pela Vickers). A torre foi baseada na utilizada por um projeto de MBT da própria Vickers, o MBT Mk.7/2 (que teria capacidades parecidas com a do Osório, porém, não foi enviado para a competição). O projeto foi acompanhado e teve participação de engenheiros da Engesa (Ricardo Schiesser e Mario Santiago, para ser mais exato), principalmente no que se diz questão ao sistema de controle de tiro. A torre, se comparada a projetos anteriores da Vickers (como o Mk.5 e o próprio Mk.7/2), é muito similar aos mesmos. Este acordo com a Vickers levou a construção de dois modelos de torres para o blindado brasileiro.

  • Um modelo para atender o mercado de exportação, equipado com um canhão francês de alma lisa GIAT G-1, de 120mm, sistema de controle de fogo britânico Marconi Centaur, equipado com dois periscópios franceses SFIM VS580 VICAS, para o atirador e para o comandante (sendo que o do atirador, era equipado com um telêmetro a laser e o do comandante era um modelo com visão panorâmica) e um sistema de visão noturna Philips UA9090, de fabricação holandesa, com visores para o atirador e o comandante.
  • Um modelo para atender o Exército Brasileiro, equipado com um canhão britânico de alma raiada Royal Ordnance L7, de 105mm, sistema de controle de fogo Marconi Centaur, sendo equipado com periscópios OiP LRS-5DN (comandante) e LRS-5DNLC (atirador), ambos com sistema de visão noturna.
O modelo do Exército Brasileiro, com um canhão L7, de 105mm.
O modelo do Exército Brasileiro, com um canhão L7, de 105mm. (foto: divulgação)

Ambas as torres contavam com sensores para prover parâmetros de disparo para o sistema de controle de fogo e uma metralhadora de ação por corrente Hughes EX-34, em calibre 7.62x51mm NATO, de construção americana, posicionada como metralhadora coaxial, metralhadoras pesadas belgo-americanas FN/Browning M2HB, em calibre 12.7x99mm NATO (.50BMG) em posição antiaérea, podendo ser substituída por uma metralhadora média belga FN MAG, em calibre 7.62x51mm NATO.

São de projeto (e tecnologia nacional) o chassi do tanque (construído pela Engesa) e a blindagem composta (que seria provida pela Chobham, porém diante da negativa da empresa britânica, esta tarefa foi dada aos engenheiros brasileiros do CTEx).

Torre de exportação, com um canhão GIAT G1, de 120mm.
Torre de exportação, com um canhão GIAT G1, de 120mm. (foto: divulgação)

O fato é que quase todo o blindado contem equipamento de fabricação ou de projeto do exterior, porém um coisa deve ser deixada bem clara em relação a isso. O fato dos equipamentos serem do exterior não tira o mérito dos projetistas e engenheiros da Engesa, até dá mais mérito a eles, que conseguiram unir equipamentos de várias fabricações em um único blindado, dando a forma que o Osório tomou.

                             O assassinato

Outra mentira dita sobre o Osório é que o mesmo viria a destruir a Engesa ou que a empresa paulista foi vítima de um complô americano, devido a inveja de termos o “melhor tanque do mundo”. Porém, a história mostra que foi outra coisa que abateu a Engesa.

Da mesma forma que a portentosa Varig faliu no ano de 2006, a Engesa declarou falência no ano de 1993. Não por complôs secretos, mas sim por calotes e má gestão (a mesma forma que a Varig faliu). O primeiro, do Iraque a Engesa, que ficou a dever R$ 200 milhões, da compra de blindados e munições de 90mm e a segunda, da Engesa com o governo brasileiro, que emprestou R$ 1,5 bilhões via BNDES e Banco do Brasil, para cobrir a falha do Osório e o calote do Iraque, porém, os mesmos não foram pagos pela Engesa. Houve também um breve interesse do Exército Brasileiro em alguns projetos da Engesa (como o EE-T4 Ogum e o Osório), porém, não se concretizaram.

A fato é que a Engesa não precisou dos EUA para falir, fez isso consigo mesma.

                                                                            O Renascimento

A última mentira sobre o Osório é bem mais recente. Se falam de boatos em que o Osório poderia ser reconstruído pelo Exército Brasileiro para ser posto em serviço como MBT (tapando uma lacuna interessante de MBT moderno para o EB). Outra mentira diz que o Osório seria um blindado moderno até hoje, e poderia ser facilmente posto em operação da mesma forma que foi concebido, nos anos 80. No fim, a coisa é bem mais difícil do que se parece.

O Leopard 1A5BR é, de certa forma, inferiro ao Osório em muitos quesitos.
O Leopard 1A5BR é, de certa forma, inferior ao Osório em muitos quesitos. (foto: DefesaNet)

Se formos comparar a versão do Osório que foi oferecida ao Exército Brasileiro com o carro de combate mais avançado usado hoje pela cavalaria do EB, o Leopard 1A5BR, se vê que o Osório é superior em certos quesitos importantes no campo de batalha sendo, de certa forma, superior ao blindado alemão. Pode-se citar:

  • O motor: O Leopard 1A5BR utiliza um motor MTU MB 838 Ca-500, V10, refrigerado a ar, multi-combustivel, que provem ao blindado 830 cv. O Osório conta com um MWM TBD 234, V12, refrigerado a ar, movido a diesel, com 1.014 cv. A despeito dos supostos problemas de superaquecimento do motor MWM, o Osório se sairia com mais potência, uma vez que a relação peso/potência é melhor para o Osório (26 cv/t) do que para o Leopard (19 cv/t).
  • Blindagem: O Leopard 1A5BR recebe uma blindagem de aço RHA (Rolled Homogeneous Armour – Blindagem Homogênea Laminada) de 10 a 70mm com uma placa de aço sobreposta de (aproximadamente) 30mm. O Osório é equipado com uma blindagem composta de alumínio/aço, fibra de carbono e cerâmica, muito mais resistente que a blindagem do Leopard.
  • Eletrônica: O Leopard 1A5BR conta com um sistema de controle de fogo EMES 18, da Krupp-Altas Eletronik, que conta com um periscópio TRP-5A, para o comandante (recebendo também, a reprodução das imagens do visor térmico do atirador), um periscópio EMES-18, para o atirador (com telêmetro laser e visor térmico) e um periscópio secundário TZF-3A, para o atirador. Já o Osório contaria com um sistema de controle de fogo Marconi Centaur, equipado com um periscópio LRS-5DN, para o comandante e um LRS-5DNLC, para o atirador, ambos contando com visor noturno em seus periscópios. O sistema do Leopard tem uma leve vantagem, devido ao periscópio reserva para o atirador e o sistema EMES-18 ser baseado no sistema EMES-15, do Leopard 2, porém o Osório também tem certa vantagem em seus optrônicos, devido ao fato que seus periscópios contam com um visor noturno.

Porém, não se pode dizer que o Osório é (ou foi) o melhor tanque do planeta e que ele poderia estar sendo usado quase imutável até hoje. Há muito no blindado que deve ser modernizado para, se houvesse a possibilidade de entrada em serviço do mesmo, dar capacidades modernas ao encouraçado.

Merkava Mk.4: Hoje, o Osório precisa de muita coisa para chegar a disputar com as novas gerações de MBT.
Merkava Mk.4: Hoje, o Osório precisa de muita coisa para chegar a disputar com as novas gerações de MBT. (foto: IDF)

Um exemplo do que teria que ser substituído seria a eletrônica embarcada do carro de combate. O Sistema de controle de fogo Centaur, da Marconi teria que ser substituído por um sistema mais moderno, bem como os periscópios, que já uniriam eles ao sistema de visão noturna e/ou térmica, assim, excluindo o sistema de visão noturna do blindado. A instalação de um sistema de defesa ativa (como o Trophy, israelense), rádios novos e um datalink também seriam necessários. A blindagem poderia receber reforços modulares, aumentando a probabilidade de sobrevivência e o motor, teria que ser substituído por uma unidade propulsora mais potente, que gerasse uma média de 1.500 cv. Estas e outras várias modificações seriam necessárias para o Osório poder disputar com os mais avançados blindados de hoje. Porém, a possibilidade de isso acontecer é quase nula.

Muita documentação técnica do Osório foi perdida, porém, ainda existe uma unidade em bom estado de conservação, nas mãos do Exército.
Muita documentação técnica do Osório foi perdida, porém, ainda existe uma unidade em bom estado de conservação, nas mãos do Exército. (foto: Expedito Brasil/DefesaNet)

Muito da documentação técnica do Osório se perdeu com o tempo, após a declaração de falência da Engesa. Muito engenheiros estão aposentados e só há uma única unidade do blindado em condições de uso, mantida preservada pelo Exército Brasileiro. Hoje, a possiblidade do blindado ser posto em operação e fabricado em série é muito pequena, quase nula.

Hoje talvez, o Osório seja somente uma lembrança de bons tempos de nossa defesa e uma eterna fonte de equívocos, mas todos nós podemos ser sensatos, o Osório foi um dos melhores de seu tempo, porém, daquele tempo.

Original Post

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Um EXCELENTE tópico, muito do que foi dito sobre a verdadeira história do Osório -e que foi dita no texto acima pode ser visto no livro "Rede de Intrigas", escrito pelo jornalista Roberto Lopes, um dos mais conceituados - e polêmicos - da área de defesa e que foi lançado em 1994. A culpa real  do Osório não ter vingado - e da consequente falência da Engesa - Engenheiros especializados S/A, já que a empresa jogou todas as fichas - e perdeu - na comercialização desse tanque para a Arábia Saudita se deve ao próprio presidente desta, o engenheiro José Whitaeker Ribeiro, que preferiu não se aliar a uma outra empresa para enfrentar a concorrência saudita e arcar com todas as despesas para desenvolver um produto tão Top de linha, nem tudo pode ser creditado aos (des) governos da época - Collor e Sarney

Last edited by MÁRCIO PINHO
CLEDSONSALES posted:

 

Hoje talvez, o Osório seja somente uma lembrança de bons tempos de nossa defesa e uma eterna fonte de equívocos, mas todos nós podemos ser sensatos, o Osório foi um dos melhores de seu tempo, porém, daquele tempo.

Cledson coincidência acabaram de me entregar o Osório que vc me vendeu rsrsrsr

Excelente matéria eu sou apaixonado por este tanque e acho que fala muito do que já sabemos porém creio que o blindado brasileiro não ganharia esta parada sem um looby muito forte, fato é que os americanos jogam mesmo muito pesado nas negociatas porém há que ser ver o seguinte que pode ter pesado na definição :

- Brasil não é detentor total da tecnologia;

- nenhum tanque vendido ou até então fabricado em série, só protótipos, nem nosso exército tinha ele em operação;

- fornecimento de peças de reposição;

- modernização;

- exclusividade;

- assistência técnica;

- parece que montaram um frankstein com peças de fornecedores diferentes;

- os americanos já eram um dos grandes fornecedores da Arábia Saudita - único pais a operar o F-15 além de Israel da região;

Vc compraria este tanque ?

Para  mim os arábes já sabiam o que iam encontrar e comprar mas foram surpreendidos e até favorecidos por esta obra de arte com certeza souberam muito bem encostar os americanos na parede qdo das negociações o os americanos idem ter usado muito bem os argumentos acima além de outros.

Outro culpado foi o nosso próprio governo que não comprou um tanque sequer queria ganhar tanques a partir dos impostos gerados que iriam se converter em tanques para o exército, um pequeno lote em operação poderia virar uma vitrine para o mundo.

E também por que este tanque não foi oferecido para outros países ? China, Egito, Líbia, Siria, ìndia, Tailãndia ou até mesmo para o Irã, mercados russos ? Proibições norte-americanas ?

 

Só um detalhe, e que pra mim, foi o prego que faltava na tampa do caixão do Osório.

Quando estavam concluindo os testes, o Saddam invadiu o Kuwait, e a Arábia Saudita precisava urgentemente de armas, e quem é que tinha tanques prontinhos para ser entregues? Todos os participantes, menos o Brasil.

Valls, ou algum outro colega saberiam dizer porque o exército brasileiro não teve interesse nele? 

Isso foi outra coisa que sei que dificultou, já que é difícil vender pra fora, quando seu próprio exército não demonstra interesse. Os americanos tiveram esse mesmo problema com o F-5, que foi feito pensando em exportação, mas os potenciais clientes diziam "para que usaríamos um avião que vocês mesmos não querem usar?".

Daí os americanos tiveram que criar unidades operacionais e coloca-los em uso no Vietnam, assim, puderam convencer os compradores da eficácia do bichinho.

 

Esse assunto já rendeu muito papel e tinta ! 

Depois que passou é muito fácil escrever qualquer coisa, sobretudo no sentido de crítica, mais ainda não tendo participado do "problema".  Assim como no êxito do Cascavel e do Urutu, a "aventura" do Osório foi uma aposta, que antes já tinha dado certo. Desenvolver algo novo e com um mercado promissor e milionário disponível.

É claro que a maioria dos componentes não era fabricado no país. Por acaso tínhamos ou temos uma indústria nacional de ponta que desenvolvesse ou desenvolva tecnologia, mais ainda nesse segmento ? Não fosse assim, nem o Cascavel e o Urutu teriam existido. Tivesse êxito a venda, seriam criados muitos empregos aqui e a tecnologia seria trazida e absorvida. O grande mérito da Engesa foi ser capaz de fazer a integração de todos esses componentes com admirável êxito, que seguem estando disponíveis no mercado internacional. Basta pegar qualquer publicação da Jane's para comprovar. Há de tudo à venda.

O exitoso EC90 era da Cockerill belga quando o Cascavel foi desenvolvido, mas a Engesa acabou fabricando mais canhões que eles. Ha muitos exemplos no mundo disso. O 120mm do M1 e de vários MBT's ocidentais é alemão.

Outra coisa é que o EB embora estivesse com muito interesse, uma expectativa muito grande e tenha apoiado no processo de homologação, não tinha nenhum em operação. Os sauditas perguntaram quantos o EB tinha em suas unidades. Nenhum foi a resposta. Já o M1 estava há vários anos, tanto em fabricação quanto em uso. Isso, para eles faz toda a diferença. Com que confiança você paga um ou dois bilhões de doletas por uma coisa que nem funciona ainda ?

Ainda assim, ele foi lá e fez muito bonito, derrotando os ingleses e franceses e empatando com o M1. Sepultou o projeto do AMX40, e fez os ingleses pensar em melhorar o Challenger. Até isso a Engesa fez sozinha, sem ajuda do governo.

Outra coisa que não se fala é que havia muita "dor de cotovelo" em relação à Engesa, inclusive no EB, por seu êxito num mercado onde a briga é de foice em quarto escuro.

Em resumo, se houve erros certamente não foram intencionais. Só erra quem faz, e agora é muito fácil dizer que se deveria ter feito isso ou aquilo, a exemplo de quando se comentam estratégias em batalhas da 2GM, já se sabendo de todos os detalhes.

Eu tive e ainda tenho muito orgulho de ter passado muitos anos de minha carreira como engenheiro lá, vestindo um macacão verde com o nome do Brasil e da Engesa.

Valls

PS: o EB não usou o Osório (e nem o Tamoio) porque não tinha grana para isso. Nem para comprar e nem para manter.

Last edited by Valls

A vontade inicial dos sauditas era comprar o Leopard II, mas por pressão dos judeus, a Alemanha acabou não vendendo.

Eles estava p...s com o AMX 30, que só funciona bem na mão de francês, e sem poder ter o Leopard, fizeram a concorrência internacional.

Depois dos testes na Arábia Saudita, ele foi para os Emirados e Kuwait, e chegou a ser oferecido ao Iraque, mas eles preferiram os T's russos e chineses, mais simples de operar e manter.

Outra coisa, o Osório e o M1 não eram competidores no mesmo nível. O Osório estava na faixa das 40 ton e o M1 passadas as 60 ton. Em termos de tamanho também eram diferentes, assim como na propulsão. O que ouvimos na época era que os sauditas comprariam os dois para usar em regiões diferentes do território. Mas ai o seu damasceno invadiu o vizinho e ferrou tudo. 

Valls

Last edited by Valls

hahahaha!!!

Era isso que eu estava esperando, vc meu amigo, o cara que estava envolvido diretamente no projeto.

Esses seu post é muito show e dá pra a gente ver bem como tudo funcionava.

Acredito que o cara que escreveu a matéria, tenha feito ela apenas tomando por base todos os fatos que ele conseguiu juntar em pesquisas, mas sem o vivenciamento no dia à dia, torna-se superficial.

 

e por fim, ele fala o óbvio. Que atualmente ele necessitaria ser melhorado.

Basta ver que todos os MBT contemporâneos do Osório ou foram substituídos ou tiveram novas versões desenvolvidas. Em 20 anos não haveria outra maneira.

Quanto aos componentes, inicialmente a Engesa quis ter o mesmo power-pack do Leopard. Isto é motor MTU e transmissão Renk, mas os alemães disseram não. Como não havia no mercado motores de 12 cilindros com potencia suficiente, buscou-se o MWM estacionário usado em grupos geradores fabricado aqui e que foi  adaptado para uso veicular, acoplado a uma transmissão ZF, que também tem fabrica no país.

As lagartas, a exemplo de todos os MBT's ocidentais (até os franceses), eram Diehl. O canhão de 105 era o Vickers L7, usado em TODOS os MBT's ocidentais, inclusive o M60.  Optrônicos a mesma coisa. A blindagem composta/cerâmica foi desenvolvida aqui com o apoio da Sandvik, em SP, já que os ingleses negaram o fornecimento. A suspensão hidropneumática foi depois usada no Challenger I e II, e em outros veículos ocidentais, sendo a Engesa pioneira no uso, que dá melhor ride, silhueta mais baixa e facilidade de manutenção. Ou seja, não faltam exemplos de pioneirismo e capacidade.

Outro exemplo: power-pack do Merkava é todo alemão e tanto o 105 quanto o 120 são inglês e alemão respectivamente.

Para a torre, como não se tinha conhecimento e experiência, e não havia tempo para um desenvolvimento, obteve-se a torre básica da Vickers, que veio com o L7 de 105mm.  Já o canhão, novamente os alemães negaram o fornecimento do Rheinmetall de 120m, sendo usado o Giat francês de 120mm, que estava disponível no mercado.

Valls

Last edited by Valls

Olha conhecendo a terra brasilis a burocracia estatal,os pedagios as pedaladas,podemos dizer que o pessoal da Engesa  foi heroica,muita coisa não vai para frente no Brasil porque o pessoal desmerece e não apoia.É obvio que é dificil de competir com os paises que tem anos de pesquisa e construção de artefatos militares, os paises citados vem há anos incendiando o mundo o que não falta é know how.

Pessoal,

Tem muitos modos de se contar a verdade, mas pode não ser tão simples para se avaliar tais verdades.

Isto não aconteceu só com a Engesa, muita empresa que se arriscou neste nicho de armamentos e tecnologia, dentre outros, foi para o vinagre, quem sobrou fica quieto no seu cantinho pois o mercado interno é quase nulo e o comercio exterior e a politicagem são complexos...

A única que se deu bem e com muito esforço, foi a Embraer, que também não produz nenhum avião 100% nacional, afinal se até a Apple, uma das maiores marcas mundiais, fabrica praticamente tudo na China, qual a razão de alguém produzir tudo aqui?

E isto acontece faz tempo, até na industria automobilistica que está no Brasil há décadas, muito coisa é importada, seja pronta ou em componentes.

Aliás a industria automobilistica também fez das suas. Não estou me referindo apenas à Gurgel, até no Google se encontra pouca coisa sobre a IBAP Indústria Brasileira de Automóveis Presidente, que chegou a montar uns poucos automóveis do modelo Democrata. Pesquisem...

Outra vertente mais atual que prometia, era da fabricação de foguetes, até explodirem, mas esta é outra história.

PlastiAbraços

A Bernardini também está ai a duras custas fabricando carros forte e reformando carros blindados, temos também a  AVIBRÁS que conseguiu sobreviver e que é fabricante do ASTROS., as duas tem outros produtos no mercado que lhes ajudaram a sobreviver.

Recentemente , o grupo europeu EADS se encontrou com o Governo Federal e "ressuscitou" a Engesa, que provavelmente voltará com o nome de ENGESAER.

Excelente tópico. Nos ensinou e muito sobre esse mito que é o Osório. De qualquer forma, como brasileiro e apreciador de tecnologia militar, fico contente pela tentativa e relativo sucesso que a Engesa conseguiu. Pena que não deu certo. No futuro, restabelecido a estabilidades política e econômica, que no momento não temos, quem sabe, outra empresa poderá empreender com sucesso a produção de blindados bem avançados com tecnologia predominantemente nacional? Parabéns ao articulista, que nos dá importantes informações.

Fazia tempo que eu queria comprar o meu  (quando o Valls começou a montar e reformar todo o kit dele é que atiçou as minhas lombrigas ) e comprei !

Tá na fila das montagens.  É um kit que todo plastimodelista (na minha opinião) deveria ter na coleção.

 

Ótimo tópico. E ainda melhor o artigo que o Valls indicou sobre o projeto todo do Osório. Show !! 

 

Estas são do outro tópico

 

https://webkits.hoop.la/topic/3...963618241093?page=21

Vall achei algumas fotos do Osório conforme mostra o kit original presumidamente um dos que foi para ser testado no que ele tem o escapamento lateral  ou seja a representação dos chinas tirando os detalhes não estaria  totalmente errada já q presumo que o tanque voltou e e teve mais alterações seria isso?:

http://www.google.com.br/searc...rc=z0duopNj5UrWzM%3A

http://www.google.com.br/searc...rc=CCCBmSbNnN8yqM%3A

http://www.google.com.br/searc...rc=I0-KR7K1p9i9ZM%3A

CLEDSONSALES posted:

Olha isso ai Valls, deve ser o primeiro modelo do Osório.

https://www.facebook.com/photo...p;type=3&theater

 

esse é o primeiro protótipo, que chamávamos de P0 . só tinha o chassi com a motorização e a suspensão. a torre era falsa, inclusive o canhão, feita de chapa. 

Na direção parece ser o Furlan, que era da equipe do projeto. O bom era que no dia da criança tinha um portas abertas e se podia "passear" em todos os veiculos. até marmanjo virava criança.  

Pode-se notar que muitas características dele depois foram mudadas.

Valls

Last edited by Valls
Valls posted:
REZENDE posted:

esse não é o Osório. Esse é o Olifant da Africa do Sul, baseado no Centurion ingles.

Valls

ooops claro que não é, eu uso óculos mas não to tão mal assim rsrsrsr eu devo ter postado sem querer a foto errada que está na sequência, o link certo é este  abaixo da foto antes desta do Olifant. :

 

https://www.google.com.br/sear...rc=psNwyh1tDeTHgM%3A

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