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Oi pessoal. Quem já me conhece sabe como eu gosto de fazer vários modelos ao mesmo tempo. Não me imponho prazo algum para termina-los, pois já chega os que eu tenho com o meu trabalho de ilustrador. Meu prazer no modelismo é o de testar os limites da minha habilidade em reproduzir coisas em escala, o melhor que eu puder. E o  modelo que ficar pronto primeiro, ficou.

Isso não impede de mostrar o progresso de alguns deles aqui. Vou postar um de cada vez, e todos neste mesmo tópico. Vamos ao primeiro.

                Mercedes 170 V

O Mercedes 170 V foi projetado para uso civil apenas, e não era adequado para os rigores do emprego militar. Mas sendo tão bem fabricado (afinal, era um Mercedes- Benz), foi amplamente adotado pela  Wehrmacht como transporte de oficiais, servindo com distinção em toda as frentes de guerra. Os 170V que vemos em fotos eram veículos civis requisitados ou comprados pelas forças armadas. A maioria deles recebeu pintura por cima das cores civis de fábrica, assim como a instalação das lâmpadas Notek, e mais uma ou outra pequena alteração. A mecânica do carro não sofreu modificação. Não confundir este modelo civil com aquele modificado pela fábrica, a pedido dos militares. Durante a guerra, a produção para os civis cessou em favor do modelo com  carroceria simplificada, como os lançados pela Masterbox.

Este é um carro que eu sempre quis ter na minha coleção. Antes de o kit da Miniart ser lançado, eu cogitei em comprar um de resina feito no Brasil, mas depois de ver o modelo montado, creio que aqui no fórum, mudei de ideia por ser o kit completamente tosco.

O kit da Miniart, lançado há poucos anos, é superior ao Mercedes da Masterbox, lançado quase ao mesmo tempo, mas também tem altos e baixos. É bem detalhado, mas a engenharia de alguns encaixes é ruim. As linhas do veículo estão bem representadas, mas faltam partes importantes do design. Algumas peças, como a capota dobrada de lona, ficam melhores na lixeira. É bem injetado, porém o plástico macio pode dar problemas com cola em demasia.  Como eu pretendo detalhar bem o modelo, vejamos na prática o que pode ser feito para resolver esses problemas e miniaturizar um Mercedes 170V à altura do nome.

Começando pela carroceria, a primeira coisa foi lixar toda a lataria do carro. Uma textura inexistente no Mercedes real, foi aplicada no kit, sem necessidade.  Fui lixando e polindo, à medida que a montagem prosseguiu. Nas fotos adiante, a maior parte da textura já foi eliminada.

1- O kit da Miniart omite esta extensão em cima das quatro portas. Fiz os acréscimos com plasticard, deixando a devida abertura para as janelas de vidro.

2- Novos apoios de braço foram fabricados de plástico, com os acabamentos da costura em alto relevo feitos em sprue esticado.

3- A área onde o assento traseiro deve ser colado é precária. Com enchimento de plasticard, a colagem do assento pode ser feita depois, com mais firmeza.

4- Um novo tanque de gasolina foi feito em plasticard. O original do kit não está legal, então só aproveitei as duas extremidades.

1- Os pilares do para-brisa são muito finos e foram engrossados com plasticard de 0,2mm, colados atrás e nos lados externos de cada um.

2- Faltava este estofamento no kit. Como estava, parecia com o interior de um Kubelwagen, com a chapa de metal exposta. Um Mercedes é todo estofado e acarpetado. Fiz o enchimento com Durepoxi e muita lixa.

3- O túnel da transmissão estava incorretamente mais largo na frente, quando deveria ser reto. O excesso foi cortado, lixado e o buraco resultante preenchido com plástico, Durepoxi e Superbonder. E mais lixa ainda.

Só reparei nestes dois últimos problemas quando a carroceria já estava montada, como na foto, por isso deu trabalho consertar. É melhor fazer esta correção antes , para facilitar a vida.

Também iniciei a abertura de pedais e outros controles, que serão melhoradas mais adiante.

Aqui vemos o mesmo tratamento que apliquei no assento traseiro. Um bloco de plástico torna muito mais fácil colar os bancos dianteiros ali depois de pintados, sem correr o risco de borrar aquela área com cola. Furos e pinos garantem que os bancos vão ficar na posição desejada.No lado externo do carro, os debruns entre a lateral e os para-lamas são feitos de sprue esticado e cuidadosamente colados.

Agora vou fazer alguns carpetes. Cortei gabaritos em papel sulfite e transferi os contornos para o verso de uma lixa d’água, depois recortei com tesoura e estilete todas as reentrâncias. O carpete sob os pés do motorista é o mais complicado, mas com paciência todos os ângulos acabam ficando certos.

1- Gabarito feito em papel sulfite e carpetes dianteiros recortados de lixa d’água. Cada gabarito serve para o lado esquerdo e para o direito, bastando inverte-lo.

2- Carpetes traseiros.

3- Carpete do motorista com primer aplicado.

4- Esta foto mostra a escala da textura do “carpete” em relação a uma lapiseira comum. Eu guardei um retalho com a gramatura da lixa anotada no verso. Preciso procurar para afirmar o número, mas deve ser uma lixa 300. Tem uns 3 anos que fiz isso e não se pode guardar tudo de cabeça.

Os carpetes foram colados com Araldite e os acabamentos, como os debruados nas bordas de cada um, foram feitos com fios de Durepoxi. Fotos, mais adiante.

Este método dá melhor resultado do que aplicar grama estática ou coisa similar, no piso de veículos em 1/35. Nessa escala, a tentativa de mostrar pelos individuais para simular carpete acaba parecendo um matagal (ou coisa pior) nascendo dentro de um carro, como já vi em um ou dois modelos por aí. O mais importante de tudo é o efeito de escala, não se deve descuidar disso.

 

As portas dianteiras também tiveram aquele acréscimo de plasticard em cima. A parte interna das portas não parece em nada com as fotos de época que encontrei, então foi tudo lixado e coberto com plasticard.

Na foto acima vemos a cavidade da bolsa da porta e os buracos onde entrarão as maçanetas. Também vemos os filetes em relevo em redor da porta.  O pino de metal irá fixar a porta que vou deixar entreaberta , sem o risco de ela se soltar.

A bolsa com elástico foi feita de Durepoxi. Depois eu vou inserir nela alguns objetos, e talvez uma granada de mão. Repare a lingueta da fechadura e outros detalhes. Esta é a porta do motorista, que ficará entreaberta.

 

Esta é a porta do carona. A bolsa vai conter só alguns papéis, talvez um envelope. O resto é similar à outra. Mas esta vai ficar fechada, portanto, sem lingueta, etc.

 

Um primerzinho básico, só para checar se tudo ficou bem. Mas ainda faltam uns pequenos detalhes, como o puxador da porta. Os lugares que receberão cola foram mascarados com fita veda-rosca amassada e tubo de plástico.

A face externa das portas também merece cuidados, como novas entradas para as maçanetas (na posição correta) e novas dobradiças. É difícil encontrar dobradiças decentes em kits. A maioria delas vem desalinhada, com espaços gigantes entre cada seção, ou simplesmente erradas de todo. Zerei tudo e fiz novas dobradiças com plasticard e tubo fino de plástico. A broca da foto serve apenas para alinhar as dobradiças enquanto a cola seca, e não para furar as peças. A dobradiça de baixo é mais alta que a de cima, por causa da curvatura da carroceria.

A porta do motorista, já com primer, maçaneta e dobradiças prontas. Repare a lingueta da fechadura.

O assento traseiro não deu muito trabalho. Só fiz o debruado da costura/acabamento com sprue esticado e colei pedaços de estireno embaixo, para a colagem final mais tarde.

99% dos modelistas acredita que todo veículo alemão tinha bancos revestidos em couro. Mas este aqui terá bancos revestidos com tecido, conforme o manual da fábrica. Bancos de couro só a pedido dos clientes, e custavam, lógico, mais caro.

Os bancos dianteiros deram um pouco mais de trabalho. Comecei separando o encosto do assento, pois no kit eles são uma peça única. O acabamento liso e arredondado  nas bordas serradas foi feito com lima e lixa. O debruado da costura foi feito com fio de sprue esticado, colado nos assentos e nos encostos. Dois pinos de metal em “L” unem cada encosto em cada assento, e assim não tem cola aparecendo na junção entre eles.

Embaixo de cada banco fiz um recorte onde colei uma pequena seção de tubo de plástico. Ali vai entrar, depois da pintura, a alavanca de regulagem dos bancos.

 

Até aqui os melhoramentos foram relativamente simples. Agora vou engrossar o caldo um pouquinho, na peça a seguir. Resolvi fabricar outra capota, protegida por uma capa, como vem de fábrica.

Essa é peça que vem no kit, e não dá nem pra salvar, de tão ruim. A capota do carro é bem tradicional: Uma armação articulada de metal e madeira, onde o tecido é costurado. Uma capa protege a capota quando ela  não está em uso, envolvendo-a como um envelope. A peça que vem no kit não é uma coisa nem outra.

 

Continua amanhã

 

Last edited by Carlos Chagas
Original Post

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Carlos, isso vai ficar lindo, eu gosto de ver uma montagem com capricho, embora não faça muito militaria , eu gosto dos modelos, tenho até alguns pra montar.

Vou acompanhar atentamente e aproveitar pra aprender mais um pouco sobre a montagem de militaria.

Abração e que a  FORÇA esteja com você  

Continuando,

Eu comecei com um desenho no tamanho exato do carro e a partir disso a forma da capota foi delineada, baseando-me nas referências que coletei. Depois construí uma armação em plasticard, onde o Durepoxi vai ser aplicado. Usei meu desenho para estabelecer as formas básicas e o tamanho da capota arriada.

A armação foi encorpada aos poucos, até ficar próxima ao volume necessário para receber a camada de Durepoxi. O encaixe da peça no veículo foi sendo testado o tempo todo, para um ajuste sem surpresas no final.

A parte marcada com a seta vermelha mostra uma seção da capota dobrada, feita em Durepoxi e colada naquela área, que é o único pedaço dela visível sob a capa exterior. A capa tem uma abertura lateral por onde entra a peça em “V”articulada que estende e recolhe a capota.

A modelagem foi feita em Durepoxi, uma área de cada vez. Iniciei pelo lado de baixo, depois a parte de cima e por fim, cada lateral. Eu uso pincel com um pouco de creme Nívea, talco ou thinner para alisar e simular os amassados, na imitação do tecido. Também uso uma velha espátula de dentista e pequenas ferramentas fabricadas com palitos de dente. Ou ainda qualquer outro método que ajude a obter bons resultados.

Apesar de escuras, dá para ver as laterais da peça ainda no plástico.

As laterais e o fundo da peça praticamente pronta. A capa, na parte de baixo, encosta no estepe e o peso do material tem que ser representado. O estepe foi colado provisoriamente na carroceria (com cola branca) e o efeito da compressão no tecido foi trabalhado enquanto o Durepoxi ainda estava curando.

Os detalhes finais, como as pequenas correias laterais que firmam a capa no lugar, as costuras e os buracos (já com leve compressão  ao redor), onde entrarão os botões de pressão, foram adicionados. Duas demãos de primer foram aplicadas com aerógrafo.

Dá para ver só um pouco da capota dobrada através da abertura e atrás das correias, mas dá. Chato vai ser pintar aquilo direito, mas não teve outra maneira de fazer.

Com os cuidados tomados desde o início, a capota encaixa feito uma luva na traseira do carro

As duas peças comparadas.

 

Hora da verdade (e da diversão) com o primer. Essa é a parte que eu mais gosto.

Antes de aplicar o primer, os carpetes foram colados, já com os acabamentos em relevo em torno das aberturas do carpete do motorista, feitos em plasticard fino ou Durepoxi. Além disso, cada carpete tem um filete ao redor da peça inteira. Vários pedais e botões de acionamento ficavam no chão dos 170 V, e todos eles ficarão representados no meu modelo. Para maior realismo, essas pecinhas realmente sairão de suas aberturas e não apenas coladas direto sobre o carpete.

A ponta do carpete do lado direito passa por cima do carpete do lado esquerdo, como aparece no detalhe, acima do túnel da transmissão. Algumas aberturas onde outros detalhes serão colados ainda estão protegidas da tinta, com fita amassada dentro.

Aqui dá para ver a textura dos carpetes e o acabamento debruado que contorna cada um. O assento e o encosto estão só encaixados, sem cola. Só ficarão ali definitivamente depois da pintura. Os dois furos no alto do encosto receberão os pinos que apliquei sob a capota, para ajudar na colagem final.

 

Continuo logo mais.

 

 

 

Last edited by Carlos Chagas

Chagas, muto legal esse Mercedes. 

Uma pergunta. O durepoxi é o bi componente comum ?

E você faz uma "folha" com ele para ir moldando a capota ? Qual a espessura aproximada, ou a capota é maciça e esculpida ?

Valls

Dizer o que? vamos acompanhar bem de perto esse show...

Seria ótimo umas dicas das técnicas usadas com o Durepoxi, utilizo muito nos meus trabalhos. Apesar de já ter todo um método, qualquer novo detalhe é muito bem vindo.

Abçs,

SL

O Durepoxi é o comum mesmo, de 2hs. Posso usar uma folha ou uma camada maciça, depende do caso. De modo geral, a aplicação maciça é mais recomendada para áreas pequenas, com 1 ou 2cm², mais ou menos. A folha é obtida pelo método comum, tipo rolo de pastel e talco.

O material todos conhecem, a técnica e as ferramentas, também. Porém o mais importante é saber aonde fazer as dobras, e como ficam em relação às outras. É o que em arte se chama panejamento (não é "planejamento").

Do Google:

substantivo masculino
  1. 1.
    esc pint conjunto de panos que vestem as figuras pintadas ou esculpidas.
  2. 2.
    esc pint forma pela qual o artista representa as roupas das figuras, obtendo efeitos plásticos de suas cores e texturas, de seu pregueado, caimento etc.
     
Isso é que não dá para ensinar, num tópico.
Last edited by Carlos Chagas

A capota original devia ser de couro sintético e esse durepoxi ficou com uma textura igual. Muito bom. 

É o efeito de usar talco para moldar ? Isso não prejudica a "pega" dele ?

Valls

uma obs: Nesse nível de detalhamento o estofado do banco traseiro não deveria mostrar algum efeito do uso ? Algum afundadinho ?

Continuando.

Depois que a capota estiver pintada e colada, os botões metálicos de pressão que a prendem no lugar serão colados nos furos previamente feitos. Repare no leve amassado do “tecido”, em volta dos furos.

Construir essa capota deu um bocado de trabalho, mas o resultado ficou bom.

Voltando às coisas simples, o chassi do modelo foi detalhado com novas molas feitas de fio de cobre, um cano de escapamento de tubo fino de latão, novas cintas que limitam a altura da suspensão traseira (nas setas vermelhas), mangueiras de fluido, burrinho de freio e mais outros detalhes que ainda não estão colados, nestas fotos.

Também reforcei o fragilíssimo suporte do silencioso do kit (setas vermelhas). Outra bola fora da Miniart no kit. Se fizer como recomendado, qualquer toque joga o escapamento longe. Ainda faltam umas poucas mangueiras, ou condutos, e mais uns poucos detalhes que entrarão depois. Muita coisa já está fabricada, mas vai ser colada só depois da pintura. Coisas da mesma cor, tudo colado antes. Coisas de cores diferentes, só depois da pintura.

Também lixei um pouco a área de contato com o chão e furei uma “câmera de armazenar cola” em cada roda, para fins óbvios. A cola que uso para isso também é a boa e velha Araldite 90 minutos. Em dois pneus furei de novo com broca mais fina, para colar dois pinos de metal. Instalando diagonalmente no chassi  (esquerda dianteira x direita traseira) essas rodas com os pinos, o modelo vai ficar eternamente colado na base. Pode até virar de cabeça pra baixo e bater no verso da base com um martelo, que o modelo não solta. Então tem que caprichar na base também, viu meu fio?

Eu lixei até afinar o máximo possível as duas tampas do lado esquerda do capô, já que o motor ficará exposto neste lado. Na primeira foto dá para comparar a espessura do plástico depois e antes de afinar. Então fabriquei uma grande dobradiça com seções de tubo muito fino de latão, coladas conforme as fotos, para uma articulação segura das duas peças. Não para que estas tampas fiquem móveis no modelo pronto, mas apenas para assegurar que a junção entre elas ficará o mais firme possível, sem precisar de montes de cola.

Os veículos alemães usavam toda sorte de cobertura nos faróis. Tinha de metal, de lona, de couro, etc. Claro que eu quis fazer o mais complicado de todos: De couro com elástico e com arremate de lona na janelinha central. Um dos faróis tem até uma tampa na janelinha. Tudo foi feito com Durepoxi, inclusive as costuras em relevo. Por baixo dessas coberturas tem o vidro do farol e por trás dele também tem a superfície refletora. Quase não aparecem, mas ambos estão lá.

Já com o primer aplicado.

Fiz um deles com uma tampinha na abertura (acima) e o outro, sem.

Dica: Tenha a haste do farol já firmemente presa, para que você possa segurar direito uma pecinha de 1cm, arredondada, frágil e escorregadia, enquanto você aplica Durepoxi e comprime uma espátula contra ela. Senão é aqui aonde você vai pagar os seus pecados, acredite.

 

Continuo mais tarde.

 

Last edited by Carlos Chagas
Valls posted:

A capota original devia ser de couro sintético e esse durepoxi ficou com uma textura igual. Muito bom. 

É o efeito de usar talco para moldar ? Isso não prejudica a "pega" dele ?

Valls

uma obs: Nesse nível de detalhamento o estofado do banco traseiro não deveria mostrar algum efeito do uso ? Algum afundadinho ?

Passando o talco com parcimônia, não prejudica a pega, não. Pode até usar um pouquinho de Superbonder se for preciso, mesmo com o Durepoxi incurado.

De modo geral, bancos afundam com peso em cima. Olhe o banco de trás do seu carro, sem ninguém sentado, e veja como ele está lá, firme e todo pimpão.

Obrigado pelos comentários.

Continuando.

A frente do carro com a grade do radiador fica muito bonita, mas a construção requer cuidado. Primeiro você tem que dobrar a tela em photoetch, com precisão, bem no meio da peça, e no ângulo exato senão ela não vai tocar o meio milímetro de degrau onde deve ser colada. Eu uso Araldite para os P.E. Aquela tripa com os furinhos foi feita de plasticard, e óbvio, furada.

Aqui, a peça já ganhou o seu primer.

A Miniart tem um departamento de humoristas e gozadores, que trabalham duro para tirar sarro com a cara dos modelistas mundo afora. Quer ver?

Meu desenho está ampliado umas oito vezes. A pontinha que sobressai do logotipo deve ter uns 0,2mm de altura.

Eles querem que a gente cole aquela pontinha de topo, repito, DE TOPO! Em cima daquele toquinho na tampa do bocal do radiador. Detalhe: não tem furo  no toquinho. Você tem que ser bom, mas muito bom mesmo para não inundar de cola a bagaça toda, e mais – não pode colar torto pros lados ou pra trás. E a face do logotipo tem que estar 100% voltada para frente. E ainda tem que acertar bem no centro do toco. Ou seja, a operação tem que sair perfeita logo de cara. Além disso, nunca mais se pode encostar nada ali, nem tinta. O ponto de contato entre uma peça e outra é do tamanho do ponto deste “i”. Não precisa dizer mais.

Os ucranianos são todos modelistas Alfa, ou adoram se divertir quando não estão atirando nos russos. E ganharam o meu respeito.

Eis uma solução simples. Colei com Araldite uma seção de tubo fino de latão, aproveitando a tal pontinha do anel, e assim eu estendi o comprimento dela. A extensão vai permitir que a  pecinha seja colada sem problemas e com firmeza no topo do radiador. Veja numa das fotos passadas outro pequeno tubo (de plástico) inserido na tampa. Ali vai entrar a peça de photoetch.

Ficou assim:

A famosa estrela de três pontas, encaixada no lugar. Vai ser uma das últimas peças a serem coladas no modelo, para evitar acidentes durante a montagem. Todo mundo aqui conhece a Lei de Murphy.

 

Coisinha mais wunderbar do pai...!

 

A peça bonita protege esta outra feinha, que é o radiador.

 

Ele tem uma espécie de telhado com reforços estampados e outros pequenos detalhes ausentes no kit, que eu acrescentei em plasticard. Depois vai ficar por aqui, atrás da grade do radiador.

 

O motor, com alguns detalhes adicionados. Colei seções de tubo plástico para que sejam as velas. Sendo tubos, depois será mais fácil adicionar neles os cabos, que dali seguirão para o distribuidor.

Mas o distribuidor que vem no kit também foi alvo de zoação da Miniart. O motor do 170V tem 4 cilindros, portanto são quatro velas. Daí a tampa do distribuidor precisa ter 4 entradas para os cabos das velas, e mais a entrada central para o cabo da bobina. São cinco entradas ao todo, certo? Agora conte quantas entradas eles fizeram na tampa do distribuidor deles, à direita (o horror, o horror...). A peça que eu fiz está do lado esquerdo.

Tenho certeza de que eles sabem contar. São zoadores ou não?

Este é o dínamo, e aquela caixinha presa nele é o regulador de voltagem. Não sei se dá para ver os quatro micro parafusos que a prendem ao cilindro grande. Dois pequenos tubos, um de cada lado, juntos à base do regulador, são entradas (ou saídas) para fios.Vou me divertir para pintar essas pecinhas, incluindo a etiqueta do fabricante do alternador, haha (que por acaso era Bosch).

Primer aplicado. Só para esclarecer, eu não toco as peças com as mãos durante pintura nenhuma. Algumas fotos podem dar essa impressão, mas o primer já estava seco há dias. Vai ser tudo lavado novamente, antes da pintura final.

Isso aqui é o motor de arranque, tão detalhado quanto eu pude fazer. Mas ainda falta uma micro-mola e outras coisas minúsculas.

Este é o filtro de ar. Nada muito complicado aqui, só acrescentei um tubo de verdade onde no kit era uma peça sólida. Não vai aparecer muito, mas eu quis fazer assim mesmo.

Algumas peças do motor reunidas para a foto de família. A régua não ficou nítida mas dá para ter ideia do tamanho de algumas peças.

Todas estas peças pequenas são scratchbuilt. Tem a alavanca de mudança, pedais, filtros, barra de direção, base da lanterna Notek, etc.,etc. Na fase de pintura final, elas serão mostradas melhor.  Eu juntei um arquivo de referências com quase mil itens, como fotos, diagramas e manuais do Mercedes 170V. É um automóvel bem documentado, então material de pesquisa não falta.

A alavanca de mudança parece, mas não é um mero alfinete dobrado. É um arame de latão e as peças nas duas extremidades foram torneadas em plástico.

Talvez eu já tenha mostrado esta foto aqui. Estou fabricando uma peça no meu torno ultra sofisticado, usado até pela NASA.

Custou umas 40 pilas nalgum salão de modelismo há vários anos. É para montar, é da Tamiya e é movido com duas pilhas. O meu já está todo remendado com fita. Mais vagabundo não existe, mas eu gosto dele.

Este reservatório de fluído do freio foi feito no supertorno. A peça vai ficar no compartimento do motor do modelo.

Esse é um dos dois pedais que fiz com chapa de plástico e photoetch, recortado de uma peça maior, que achei na minha caixa de sobras. Na foto onde tem um monte de pecinhas, mais acima, eles aparecem inteiros, perto da alavanca de mudança.

 

Painel de instrumentos. Eu furei o local dos mostradores e botões diversos, para depois inserir cada um deles fabricados e pintados separadamente. Os mostradores serão impressos a partir de imagens originais da fábrica e terão as faces cobertas com material simulando vidro.

Também furei o lugar onde vai entrar o acendedor de cigarro, junto do cinzeiro. Bons tempos quando fumar não era pecado, não dava expulsão do paraíso e nem matava. Pelo menos eu nunca soube de um oficial alemão tratando um enfisema.

Refiz a peça que vai receber a barra de direção, e junto dela, o bloco onde fica a entrada da chave de ignição e a tranca da direção.

Vou providenciar mais duas ou três fotos que esqueci de incluir nesta mostra, e depois passar para outro modelo. A montagem do meu Mercedes 170V foi interrompida aqui.

O próximo será o Panzer III Ausf J., da Dragon.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Last edited by Carlos Chagas

Carlos,

Eu já sabia, mas agora tenho certeza que vc é um louco de muito talento.

Vamos continuar assistindo, que venha o próximo projeto...

Abçs, 

Last edited by Sergio Lisboa

"Vou providenciar mais duas ou três fotos que esqueci de incluir nesta mostra, e depois passar para outro modelo. A montagem do meu Mercedes 170V foi interrompida aqui."

 

Aí não patrão! Colocou o doce na boca da criança e depois tirou? 

Last edited by VelhoMarluf

Minha praia é aviação, mesmo assim só diecast porque meus dias de plasti já se foram faz muito e nunca fui muito bom.

Dito isso, estou impressionadíssimo com os detalhes e a apresentação didática. Valeu muito e quero ver mais.

Ok, mais algumas fotos. Não mostrei bem o trabalho feito na frente do carro, então lá vai.

Essa foto mostra aonde vai sair a coluna de direção, cabos elétricos, pedais (nas duas coifas lado a lado), cintas do tanque de gasolina, etc. Estes detalhes não vêm assim definidos no kit. Alguns nem vieram. Também acrescentei os acabamentos de borracha em torno da base dos faróis e dei mais polimento na lataria. A pintura final com Panzer grey, vai ser fosca, porém lisa.

Aquilo na primeira foto é a continuação dos pedais do freio e da embreagem, que ficam no compartimento do motor. A outra metade deles foi feita separadamente. Tentei de várias maneiras um jeito de fazer as peças inteiriças e que depois fosse fácil colar as placas dos pedais do outro lado da chapa que separa o motorista do motor, mas ficou muito complicado. Assim, cada pedal dividido em duas partes, é mais prático de manejar.

A segunda e terceira foto mostram aonde a peça entra, num pequeno eixo colado previamente.  O eixo entra num pedaço de tubo, onde as hastes dos pedais foram coladas, e elas podem girar até o momento de serem encaixadas nas coifas da carroceria.

A quarta foto mostra como vai ficar.

Aqui, com a coluna de direção encaixada. Nessas novas fotos, esses detalhes não estão colados. É só para mostrar como ficam.

Com a maior parte do motor. Várias partes dele ainda estão com a proteção contra tinta, como as velas. Na hora de colar as demais peças ali, não terei problemas.

 

Como vai ficar a coluna de direção. Usei uma agulha de injeção, no diâmetro perfeito para a barra. A peça real era de aço bem polido.

Procurei fazer as curvas suaves da alavanca de mudança o mais fielmente possível às da alavanca do Mercedes 170V real. Usei arame de latão e as duas extremidades são torneadas em plástico. Tudo colado com Araldite. Repare o símbolo do fabricante da carroceria, perto da abertura da porta, junto ao para-lamas. Aquilo é uma pecinha em photoetch, e vem no kit.

Um dos pedais arriou devido ao peso, na hora de clicar, mas ambos só estão encaixados, sem cola.

 

E para terminar este capitulo do Mercedes, a micro-cereja do bolo. Nenhum carro está completo sem a chave da ignição. Olha ela aqui.

São duas chaves presas (e não coladas) num anel. O anel realmente passa pelos furos que tem em cada chave e elas sacodem livremente, como chaves reais. As chaves vieram em um set da Aber, não pergunte qual. Eram meio grandinhas e eu as encurtei  um pouco com lima. Sim, elas têm os dentes.

Depois de fabricar um micro-anel, eu tive que segurar chave e anel, cada um com pinça fina, para fazer passar uma ponta do anel através de cada furo nas chaves. É mais difícil do que parece, tentando não deformar o anel.

Isto feito, uma das chaves foi colada dentro de uma curta seção de agulha de injeção (que vai ser o bloco da ignição) e a outra, deixada livre. O bloco da ignição será então colado num furo no painel de instrumentos, junto à coluna de direção. O sprue preso na outra ponta do tubo serve apenas para manejar a peça e não arriscar a perdê-la. Depois será retirado.

 Se você gosta de testar a sua paciência, fica a sugestão. O primeiro anel que fiz (melhor do que esse), a pinça catapultou para o espaço sideral. Deve estar em órbita até hoje, passados uns três anos. Um dia ele cai de volta na Terra. Se for no seu quintal, é favor me devolver.

Last edited by Carlos Chagas

hahahahaha!!!!  Seu louco!!!

Eu lembro de ter visto essa chave, de tão pequena é quase que impossivel de enchergar, pois tinha que usar uma lupa.

Estava lembrando de quando vc estava montando aquela capota, e dos estudos que você estava realiando. 

Aquela sua dica ainda está na minha mente e estou tentando melhor à cada dia, sei que vai ser dificil de chegar nesse nível, mas continuo na luta, meu amigo. rs!  

E para terminar este capitulo do Mercedes, a micro-cereja do bolo. Nenhum carro está completo sem a chave da ignição. Olha ela aqui.

Fechou literalmente com "chave-de-ouro" 

Ta ficando espetacular.

Abçs,

SL

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