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Na paixão da guerra, um herÓi de carÁter

 

Ao final de um mÊs de paixÕes, tristezas, alegrias e cavalheirismo, aqui vai uma histÓria na qual esses ingredientes se misturaram no pior dos cenÁrios, o da guerra. Em marÇo de 1946, um ano depois da derrota da Alemanha, Franz Stigler estava em busca de trabalho quando foi reconhecido pela boa qualidade de sua botas.

 

Eram as botas dos pilotos da Luftwaffe, aqueles que, segundo a propaganda do governo, salvariam a Alemanha da derrota. Dos 28 mil pilotos do Reich, haviam sobrado sÓ 1.200, mas ele foi reconhecido e insultado pelos compatriotas. Esse pedaÇo da vida mostrou-lhe que as botas da glÓria haviamse transformado em marca de oprÓbrio. Franz não era um homem qualquer, mas, em 1946, ninguÉm haveria de se lembrar dele.


Salvo Charlie Brown. TrÊs anos antes, Franz pilotava um caÇa Bf-109,
protegendo o norte da Alemanha, quando alcanÇou um B-17 de uma
esquadrilha que bombardeara a região de Bremen. O avião americano estava em pandarecos. Ele podia ver tripulantes feridos e rombos na fuselagem.


Tirou o dedo do gatilho e emparelhou seu caÇa com o bombardeiro.
Aquele avião não podia estar voando. Charlie Brown, o piloto do B-17,
esperava apenas pelos últimos tiros. Viu o piloto alemão movendo a cabeÇa num incompreensÍvel sinal afirmativo e achou que estivesse sonhando. Franz escoltou o B-17 durante dez minutos. Quando ele se aproximou da costa da Inglaterra, balanÇou as asas e voltou para a base alemã: "Não se atira em paraquedista. O avião estava fora de combate. Eu não carregaria isso na consciÊncia".

 

Charlie contou aos seus superiores o que lhe acontecera, mas mandaram-no ficar calado, pois propagaria um episÓdio capaz de comover os colegas com a ideia de que havia alemães civilizados.

 

Franz sobreviveu à guerra, mudou-se para o CanadÁ e sÓ contou sua histÓria em 1985. Não sabia o que acontecera ao B-17. De 12 mil bombardeiros, 5.000 haviam sido destruÍdos em combate.

 

Na outra ponta, Charlie Brown, que vivia na FlÓrida, sonhava em encontrar aquele alemão. Escreveu uma carta para uma revista, escrevendo o estado de seu avião, com o cuidado de omitir um importante detalhe. Em 1990 os dois encontraram-se. Franz tinha 75 anos, e Charlie, 68. O alemão lembrou-lhe que o B-17 estava com o estabilizador destruÍdo. Era o detalhe omitido.

 

Pouco depois, todos os sobreviventes do B-17 reuniram-se, levando suas
famÍlias. Eram 25 homens e crianÇas que deviam a vida a um homem que não apertou o gatilho. Franz morreu em marÇo de 2008. Charlie, em novembro. 


ServiÇo: Essa histÓria estÁ contada no livro "A Higher Call", de Adam Makos (custa US$ 9,99, na rede), e vai virar filme

 

Fonte:

Original Post

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Uma história e tanto! Existem algumas gravuras disponíveis à venda.

 

Sobre o episódio, Martin Drewes disse que não pouparia o bombardeiro.

 

Não podemos julgá-lo, pois esses grandes quadrimotores ceifavam milhares de vidas, na Alemanha. 

Excelente história.

Nunca podemos julgar, o julgamento de uma pessoa no exato momento de sua decisão. É o momento mais solitário que existe e os frutos de tal decisão, sempre se colhe mais cedo ou, mais tarde.

 

 

[]s!!!

Tbem já conhecia esta história, achei bem legal, porem me ocorreu o seguinte que ninguem falou: depois de serem poupados, os membros da tripulação do Charlie Brown não devem ter sido designados a pegar outro B-17? Se sim, provavelmente ainda fizeram outras missões sobre a Alemanha depois. Então, se por um lado os familiares do americanos são gratos, pois são vivos por seus antepassados terem sido poupados, por outro lado, do lado alemão, devem ter ocorrido baixas, porque esta tripulação não foi finalizada e pôde jogar mais bombas depois. Quanta gente não pôde casar, ter filhos e descendentes por isso? Mas, isto é a lógica, estar lá na situação é diferente. Então, curiosamente dá p/ entender a postura tanto do lado do Stigler, como tambem a postura do Drewes, que imaginou que poupando a tripulação americana, familias na alemanha pagaram o pato depois.  De qquer modo a história é peculiar e merece virar filme.

O fato aconteceu em 20 de dezembro de 1943, a Alemanha se rendeu em maio de 1945 portanto um ano e cinco meses depois do episódio, provavelmente todos os tripulantes que estavam em condições e que não tinham alcançados as 25 missões voaram novamente, assim como o piloto alemão.

Acredito que se o B-17 estivesse ainda com as .50 atirando, ele iria derruba-lo, mas como o estado do bombardeiro estava muito deplorável, pensou em não atirar num alvo tão indefeso, com certeza os tripulantes ainda voaram em novas missões e o Franz Stigler também abateu mais alguns aviões em posição de igualdade.

 

A banda sueca Sabaton que fez uma música para os tres mineiros herois da FEB fez também uma musica para este fato.

 

 

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