O fascÍnio sobre o potencial da energia nuclear de oferecer energia ilimitada levou a ForÇa AÉrea americana a iniciar, em 1944, um programa experimental, projetado para produzir um bombardeiro operacional movido à propulsão nuclear.
O conceito da propulsão por energia nuclear para alimentar um grupo de aeronaves datava de 1942, quando Enrico Fermi, um dos pais da bomba atÔmica, discutiu a ideia com membros do Projeto Manhattan.
Nos dois primeiros anos, os engenheiros ficaram imersos na questão de como a radiaÇão afetaria o desempenho de uma plataforma de voo, seus aviÔnicos, materiais e, o mais importante, sua tripulaÇão.
O programa parecia perdido em interminÁveis discussÕes, quando, em 1947, recebeu nova vida. A recÉm-formada ForÇa AÉrea dos EUA decidiu investir os recursos necessÁrios para tornar o programa viÁvel. Uma alocaÇão de dez milhÕes de dÓlares foi prontamente disponibilizada para o programa. Do inÍcio de 1948 a 1951, uma extensa pesquisa foi feita em tecnologias de reatores e sistemas de transferÊncia de motor, a espinha dorsal da aeronave nuclear. Muitas configuraÇÕes foram propostas e testadas, como duplo reator, combinaÇão (quÍmicas e nucleares) e sistemas individuais. Eventualmente, foi decidido que um único reator iria fornecer à aeronave a confiabilidade de voo necessÁria.
Em seguida veio o debate sobre qual o tipo de mecanismo de transferÊncia seria implementado. TransferÊncia de energia nuclear a um motor convencional tinha sido visto por engenheiros como o principal obstÁculo para o desenvolvimento do programa.
Em 1949, o programa executou uma sÉrie de testes, conhecido como o Reator Experimental de TransferÊncia de Calor Reator (HTRE), envolvendo trÊs tipos de reatores, com a finalidade de determinar o mÉtodo mais eficiente de transferÊncia de energia a partir do reator. Depois de extensa sÉrie de testes, o HTRE-3 emergiu como o sistema de transferÊncia selecionado.
O HTRE-3 era uma configuraÇão de Direct-Cycle. Em um sistema de ciclo direto, o ar entra no motor atravÉs do compressor do turbo-jato para em seguida, ser transferido para uma entrada da câmara de pressão que dirige o ar para o núcleodo reator.
Nesse ponto, o ar, que serve como lÍquido de resfriamento do reator, É superaquecido na medida que se desloca atravÉs do núcleo. ApÓs essa fase, ele vai para outra Área de injeÇão, a partir de onde, o ar É dirigido para a seÇão da turbina do motor e, eventualmente, para o tubo de escape.
Esta configuraÇão permitiu que o motor da aeronave iniciasse com energia quÍmica convencional o trabalho em terra e para decolagem e, em seguida, mudasse para a energia nuclear tão logo o núcleo alcanÇasse temperaturas operacionais otimizadas.
Tendo resolvido como usar um reator, seu mecanismo de transferÊncia e os problemas de blindagem, o programa envolveu-se na busca de uma aeronave para servir de banco de ensaio para os passos iniciais da configuraÇão. A única estrutura comprovada grande o suficiente para levar o sistema completo, reator e unidade de TransferÊncia de Calor, era o bombardeiro B-36 Peacekeeper da Convair.
O Pacificador entrou em serviÇo com a ForÇa AÉrea dos Estados Unidos no final de 1948 e era a principal plataforma de dissuasão nuclear do Comando AÉreo EstratÉgico.
O B-36 era enorme. As dimensÕes são impressionantes atÉ hoje. Tinha uma envergadura de 71,1m, comprimento de 49,3m e altura de 15m. Seu peso mÁximo em decolagem era de 186t, razão pela qual os gerentes do projeto o selecionaram. Um teto de serviÇo de 12,100m e uma taxa de subida de 6,700m/minuto foram tambÉm foram aspectos positivos no processo de seleÇão.
Uma vez que a aeronave de teste da aeronave tinha sido escolhida, a prÓxima fase seria a conversão de B-36 em uma aeronave experimental. A principal alteraÇão introduzida foi no cone da seÇão do nariz. A cabine original foi substituÍda por uma enorme estrutura de 11 toneladas forrada com chumbo e borracha, isolando tripulaÇão e aviÔnicos.
Os tanques de Água tambÉm foram colocados na seÇão traseira da fuselagem para absorver qualquer radiaÇão que vazasse.
A outra seÇão do avião que sofreu modificaÇÕes significativas foi o compartimento interno de bombas traseiro. SeÇÕes transversais internos foram removidos, assim como muitos dos suportes de bombas, a fim de abrir espaÇo para o reator nuclear.
Essas alteraÇÕes tornaram possÍvel a aeronave receber uma nova designaÇão. A partir daquele momento, o B-36 Peacemaker, número c / n 51-5712, tornou-se a Aeronave de Teste Nuclear-36. Uma mudanÇa de designaÇão adicional foi feito quando a planta de propulsão nuclear foi instalado na aeronave.
Assim, o NB-36 Crusader nasceu.
A identificaÇão da aeronave era feita pelo sÍmbolo da radioatividade pintada na deriva.
O original B-36 foi alimentado por seis motores radiais a pistão Pratt & Whitney R4360-53, de 3600 hp cada, complementados por quatro motores turbojatos General Electric J47-19, de 6.124kg de empuxo cada.
ApÓs a conversão, os motores foram removidas e uma nova configuraÇão foi incorporada. O NB-36 passou a ter quatro motores de pistão GE J47 convertidos em nucleares gerando 3.800 hp aumentados por quatro turbo-jatos gerando 2400kg de empuxo. Cada um dos motores utilizava a configuraÇão Direct-Ciclo de conversão de energia. É interessante, porÉm, que de tal conversão praticamente não existem fotografias disponÍveis.
O NB-36 foi projetado desde o inÍcio para ser colocado no ar com uma mistura quÍmica convencional, e, em seguida, a tripulaÇão ligaria o reator apÓs atingir os requisitos de calor necessÁrias em seu núcleo. Nas aterrissagens, a aeronave voltaria para a mistura quÍmica. Este procedimento foi aplicado visando minimizar a possibilidade de um grande vazamento de radiaÇão em caso de um pouso forÇado.
O NB-36 fez 47 voos registrados entre o verão de 1955 e no outono de 1957. Todos estes testes foram feitos o NB-36 operando com alimentaÇão quÍmica convencional. O R-1 reator foi ligado em muitos destes voos, não para realmente equipar a aeronave, mas para testar e coletar dados sobre a viabilidade de uma reaÇão nuclear sustentado em uma plataforma em movimento. Todos os dados recolhidos por estes testes mostraram aos gerentes do projeto que a possibilidade de usar uma usina nuclear para fornecer a uma aeronave alcance operacional ilimitada estava ao seu alcance.
Mas o conceito de um avião movido a energia nuclear tornou-se irrelevante pelos avanÇos em projetos de aeronaves convencionais e motores e, principalmente, pela preocupaÇão pública sobre os perigos de reatores nucleares ficarem voando sobre o paÍs.
No final, apÓs gastar a soma nada desprezÍvel de $469.350.000, na Época, o programa foi encerrado no final de 1960, terminando assim qualquer tentativa pelos Estados Unidos da utilizaÇão de propulsão nuclear na motorizaÇão de aeronaves em combate.
A espera do sucateamento
Alguns kits disponÍveis do B-36
e uma conversão para NB-36 Crusader
Abs e atÉ o prÓximo AP & I