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Buenas,

esta é uma história que gostaria de poder representar em um diorama...mas, vamos ficar apenas na pesquisa, por motivos óbvios. Organizei alguns relatos e fatos a respeito desta batalha.

A ação aconteceu logo após o desembarque (Dia D) ter começado. Como a 12ª Panzer das Waffen SS já estava pela área de Caen, foi uma das primeiras unidades - junto com a 21ª Panzer do Exército - a contra-atacar os Aliados.

No final da manhã de nove de junho, um ataque foi planejado para recapturar a vila de Norrey-em-Bessin, como um movimento inicial para uma futura ofensiva da Divisão HJ (12ª Panzer Waffen SS) em direção ao Norte. O ataque foi conduzido pela 3ª Companhia Panzer (com 12 Panthers), comandada por um oficial do exército, Capitão Lüdemann (que substituía o Primeiro-Tenente Von Ribbentrop, filho do Ministro do Exterior, que havia sido ferido e encontrava-se hospitalizado com fratura num dos braços). O 15º Pelotão da 3ª Companhia do I Batalhão do 25º Regimento de Panzergrenadieren, seria a infantaria de acompanhamento.

Um resumo básico da batalha é aproximadamente isto, após saírem da vila de Rots pela estrada que conduz ao Sul, a 3ª Companhia passou sob o aterro da ferrovia através do viaduto e girou à direita rumo Oeste em direção a Norrey. Eles planejavam usar o aterro que ficaria à sua direita (Norte) como cobertura do seu movimento que seria feito a grande velocidade, segundo determinação do próprio Wünsche (Obersturmbahnführer Max Wünsche - comandante do Regimento Blindado da 12ª Waffen SS). Os Panthers rapidamente se distanciaram da infantaria que os acompanhava e começaram a receber fogo antitanque de canhões de 6 libras assim que ultrapassaram a casa do funcionário da ferrovia e ficaram expostos no terreno mais alto. Eles previam este tipo de defesa e planejaram uma aproximação veloz e na diagonal, porém não contavam com a presença de um esquadrão de Shermans – incluindo um certo número de Fireflies armados com o canhão de 17 libras – que foram desviados de seus caminho para ajudar na defesa. Colocando-se a cerca de duzentos metros do caminho que seria percorrido pelo ataque alemão, numa posição de 2 a 3 horas, no relógio. O fogo dos canhões de 6 libras, PIAT's e das metralhadoras em Norrey já era forte o suficiente e com os Shermans em perfeita posição de emboscada, os Panthers da 3ª Companhia começaram a ser atingidos e incendiar com as tripulações sofrendo horríveis queimaduras tentando sair de suas máquinas de qualquer maneira. Foi mais ou menos neste momento que a infantaria de acompanhamento conseguiu alcançar os Panthers para dar-lhes suporte mas, a situação, aparentemente já estavam muito mal.

Esta área estava guarnecida pelo Real Regimento de Fuzileiros de Regina de Winnipeg - Canadá e elementos do 6º Regimento Blindado canadense, além de outras unidades.

O ataque já estava comprometido, além do mais a artilharia naval Aliada, com os seus navios ao largo da costa, começou a lançar os seus projéteis sobre as tropas alemãs. A ordem de retirada foi dada e os poucos Panthers restantes, as tripulações feridas e os panzergrenadieren começaram a percorrer o caminho de volta ao longo do aterro da ferrovia e de volta à vila de Rots. Foi ali que as fotos famosas dos granadeiros foram feitas (ver abaixo).

Mapa da área.

Sete Panthers foram destruídos logo de início. A 3ª Companhia Panzer teve 16 mortos, 17 feridos graves e 1 feito prisioneiro (o tanquista Werner Uhr que perdeu uma das pernas). O pelotão de infantaria ficou sob fogo de artilharia de campanha, dos canhões de navios que estavam na costa, dos tanques e da infantaria inimiga e recuou para a Vila de Villeneuve onde os feridos reagruparam-se num bar...Os tanquistas feridos estavam quase todos com queimaduras horríveis, suas peles soltavam-se da carne e dos ossos, alguns mantinham-se estranhamente quietos e outros gritavam histericamente... No bar os mecânicos do regimento aplicavam óleo de motor sobre as queimaduras...é um ótimo bálsamo para queimaduras, os veteranos aprenderam isso no Front Oriental.

Parece que a maioria dos Panthers, apesar da sua boa blindagem, explodiram muito facilmente sob o fogo de armas de calibre relativamente pequenos tanto dos Sherman quanto dos canhões antitanques – que normalmente ricocheteavam na blindagem dos Panthers. Acredita-se que seus tanques de combustível estavam pela metade e que o vapor do combustível acumulado tenha causado as explosões e incêndios...

Leopold Heindl, rádio operador do Panther 315 relatou que eles foram atingidos numa das lagartas e retornaram com o seu tanque usando apenas a outra. Não longe dali, Max Wünsche (comandante do 12º Regimento Panzer e o Primeiro-Tenente Rudolf von Ribbentrop , que estava com um braço quebrado e havia fugido do hospital para voltar para a sua companhia), observavam a situação e ambos estavam à beira das lágrimas...Após visitarem os feridos no bar, Wünsche e Ribbentrop, numa motocicleta com side-car, foram ver os sobreviventes do 3º Pelotão do 15/25 de infantaria, que descansavam numa rua estreita próxima...ali foi tirada a foto do atirador de MG Klaus Schuch, durante a realização da reportagem dos correspondentes de guerra das SS Zschaekel e W. Woscidlo foi feita.

Após este ataque malsucedido o Capitão Luedemann sofreu uma crise nervosa e passou muito mal. Ele morreu em ação 5 dias depois e von Ribbentrop reassumiu o comando da 3ª Companhia...

De Alois Moravetz que era Unterscharfüher (Terceiro-Sargento)  da 3ª Companhia:

“Nós atravessamos a linha ferroviária Caen-Bayeux através do viaduto, giramos para a direita e tomamos posição atrás das ondulações do terreno.

Os doze Panthers estavam alinhados próximos uns aos outros numa linha que formava um ângulo reto com o aterro da ferrovia. Meu veículo estava no flanco direito, próximo ao aterro da ferrovia. I Zug (Primeiro Pelotão), sob o comando do Terceiro-Sargento Borgensberger estava à esquerda. II Zug (Segundo Pelotão), liderado pelo Terceiro-Sargento Alban, estava no centro. III Zug (Terceiro Pelotão), sob o Terceiro-sargento Stagge, estava desdobrado à direita. O Capitão Luddemann (Comandante da Terceira Companhia), estava em algum lugar lá no meio. A hora era aproximadamente 12:30.

À nossa frente tudo estava relativamente calmo. Não havia nenhum caça-bombardeiro no ar, como era comum neste horário. Logo depois começamos a avançar através do terreno levemente ondulado. Após cerca de 500 metros nós alcançamos uma área cujo terreno era completamente aberto e plano, prados e campos. À frente, um pouco à esquerda situava-se Norrey-em-Bessin. Eu estava conduzindo o meu Panther a aproximadamente de 20 a 50 metros de distância da linha férrea. Entramos numa depressão do terreno, que iniciava perto da casa do funcionário da ferrovia. À esquerda da depressão provavelmente haveria uma borda para nos dar cobertura de sermos avistados. A Companhia inteira se moveu como um só corpo em alta velocidade e sem nenhuma parada numa frente ampla. Quando o flanco Leste estava  proximo da Vila, uma ordem chegou: “Watersaal” (Sala de Espera), girar à esquerda! Eu ordenei ao meu motorista para acelerar e girar um pouco à esquerda. Até ali não havia nenhum sinal de resistência. Aproximadamente 1.000 metros à frente havia uma estação ferroviária onde notava-se algum movimento. Eu estava a uns trinta metros à frente da Companhia fazendo um giro leve para à esquerda para não ficar para trás da linha da Companhia. Neste momento, ouviu-se uma explosão abafada e o retinir metálico como se uma lagarta houvesse rompido, o veículo parou!

Estava tudo quieto dentro do veículo, eu pensei que havíamos atingido uma mina. Quando olhei para à esquerda para avaliar a situação. Foi quando vi a torre do Panther que seguia pelo flanco esquerdo, ser arrancada do casco. No mesmo instante, após uma explosão menor, o meu veículo começou a incendiar. A munição da metralhadora incendiou-se e começamos a ouvir um barulho como de madeira queimando.

Como estávamos para entrar na cidade eu tinha fechado a escotilha da torreta. Eu apenas consegui ergue-la com a haste, mas não girá-la. Paul Veith, o artilheiro que sentava logo à minha frente, havia sido seriamente ferido com os estilhaços da explosão. Ele não se movia. Eu tentei com todas as minhas forças abrir a escotilha para sair. Consegui abri-la após tentar vários níveis de altura com o auxílio da manivela. Ela havia sido danificada provavelmente com o impacto. Eu pulei para fora, caí sobre o deck do motor e fiquei inconsciente por breves momentos. Então pude ver chamas saindo pela escotilha aberta como se fossem de uma maçarico. Eu levantei e tentei pular. Não pude manter o meu equilíbrio e acabei caindo de cabeça contra o chão. Não sei por quanto tempo ali permaneci. Então, fiquei de pé e vi na mesma linha do meu veículo outros Panthers em chamas. 300 ou 400 metros atrás do Panther eu pude ver a moto com sidecar de nosso médico, Terceiro-Sargento Gose. Eu caminhei em sua direção. Membros das tripulações de outros Panthers destruídos também chegavam lá. Eles tinham queimaduras em seus rostos e mãos, sem exceção. Então nos damos conta que havia intenso fogo de armas de infantaria sobre nós. O motorista do médico, Terceiro-Sargento Harting, também autor do livro sobre a nossa unidade, tentava dar partida na moto novamente. Ela havia apagado depois de levar um tiro no cabeçote do cilindro esquerdo. Após algumas tentativas mais o motor pegou. Gose olhou para o pessoal ao redor e como eu devia ser o mais queimado de todos me colocou no sidecar. Giramos e voltamos para a retaguarda. Após alguns metros, Gose, que sentava no banco traseiro da moto, inclinou-se para trás e caiu da moto em movimento. Chamei a atenção do motorista e ele andou ainda uns 200 metros até próximo da casa do funcionário da ferrovia. Enquanto ele voltava a pé para ver o médico eu tentava manter o motor da moto funcionando acionando com ambas as mãos a manopla do acelerador. Depois de cerca de dez minutos o motorista voltou sozinho e me disse que Gose não resistiu e morreu. Ele havia sido atingido no estômago. Os restantes 5 Panthers estavam se retirando e atirando muito. Quando eu e o motorista da moto voltávamos na direção de Villeneuve e Rots os Panthers estavam mais ou menos na linha da casa do funcionário da ferrovia. Sete dos 12 Panthers da Companhia que participaram do ataque jaziam destruídos no campo. Nós voltamos para Villeneuve...depois fiquei sabendo no final da noite, no posto médico, 15 dos 35 tripulantes dos 7 Panthers destruídos tinham sido mortos. O restante, com poucas exceções, estavam quase todos feridos com queimaduras.

A história da 3ª Companhia complementa este relato em alguns pontos específicos:

“após abandonar os veículos, os feridos, a maioria com queimaduras sérias, tentaram a princípio alcançar a proteção do aterro da ferrovia. Eles foram impedidos por uma metralhadora que havia tomado posição na casa do funcionário da ferrovia na estrada Norrey-Breteville. Somente após o Terceiro-Sargento Hermani ter removido este obstáculo com algumas granadas de mão é que a situação tornou-se suportável. Enquanto todo o setor estava sob fogo inimigo, alguns vindos de navios que estavam ao largo da costa, os feridos conseguiram arrastar-se ao longo do aterro da ferrovia de volta para alinha de partida do ataque na passagem do viaduto.”

Há uma série de fotos com os elementos que participaram deste ataque mal-sucedido. Algumas estão bem documentadas o que torna interessante a história pois podemos ver os seu atores com nomes e características individuais.

Acima uma foto colorizada de Sepp Bund, Klaus Schuh, Otto Funk e Gunther Hamel, membros do 3º Pelotão da 15ª Companhia, do 25º Regimento Panzergrenadier. Eles acabaram de receber as suas condecorações no dia 8 de junho de 1944, conquistadas nas suas ações no dia anterior.

Acima grupo de soldados tomada dos homens do pelotão quando foram condecorados. Da esquerda para à direita: Joseph “Sepp” Bund, Paul Koslowski, Klaus Schuh e Gunther Hamel. Os dois da direita eram operadores de MG42.

Acima uma foto de Max Wünsche (ao centro com bandagem na cabeça e o porta-pistola com a sua Walter PPK), falando com Wilhelm Boigk e os homens do 3º Pelotão da 15ª Companhia de Reconhecimento do 25º Regimento de Panzergrenadieren, após o ataque malogrado em Norrey-em-Bessin com os Panthers da 3ª Companhia, 1º Batalhão, 12º Regimento panzer, 12ª Waffen SS Divisão Panzer. Da esquerda para a direita: Peter Koslowski, provavelmente Wick, Max Wünsche, talvez Otto Funk, Wilhelm Boigk e pouco visível está Rudolph von Ribbentrop. Wünsche está recebendo o relatório de Boigk sobre o ataque e determinando as próximas ações.

De se notar a pouca idade dos soldados de infantaria. As unidades eram formadas por jovens oriundos da Juventude Hitlerista e por veteranos selecionados para as funções.

Acima, Max Wünsche e o Tenente Ribbentrop numa Zündapp KS 750 Elephant.

Acima, granadeiros descansando após o ataque.

Arte interessante sobre a foto original detalhando as cores do macacão de uma peça confeccionada em tecido camuflado italiano.

Mais uma foto colorizada do grupo.

Um trabalho de Ron Volstad com outra interpretação dos uniformes desses mesmos soldados.

A arte de caixa acima, de Ron Volstad, é inspirada no Panther 326 do I Batalhão do 12º Regimento Panzer SS. O comandante deste tanque em particular foi morto quando uma granada disparada por um canhão de 6 libras ou o 75 de um Sherman o cortou ao meio quando ele estava inclinado para fora da cúpula do comandante. O seu artilheiro pode ser visto na foto abaixo limpando o sangue do seu uniforme.

Também aparecem junto ao Schwimmwagen, Max Wünsche e o Tenente Ribbentrop com o braço na tipóia.

Acima aparecem ao fundo o tanquista Gerd Krieger, sobre o Panther 326 que está limpando com a sua camisa o sangue do seu comandante de tanque, Terceiro-Sargento Eismann. Eismann estava debruçado sobre a cúpola do seu tanque quando foi cortado ao meio por uma granada de canhão de 6 libras ou 75mm de um Sherman. O seu dorso foi arremessado sobre o deck do motor do tanque e a parte inferior do seu corpo, incluindo todo o seu abdômen e intestinos foram espalhados para dentro da torre. Isto teve um efeito tremendamente debilitante sobre o artilheiro e o municiador. Também a infantaria que se movia sobre, atrás e ao lado do tanque ficaram muito chocados com a cena.

O mesmo local da foto do Panther 326 nos dias atuais. Esta parede sobre o carro tinha uma propaganda que ficou famosa com a foto abaixo (parede ao fundo atrás do Panther).

Acima foto aérea mostrando a área onde se efetuou o ataque, na verdade uma incursão. Notar o aterro e a linha ferroviária e também a área totalmente aberta onde aparecem seis Panthers destruídos.

Tem mais algumas fotos ainda para editar mas acho que estas já dão uma boa ideia dos componentes da ação.

Também tem a minha pequena colaboração com as figuras do Wünsche e do Hauptsturmführer (Capitão) Georg Izecke - seu ajudante-de-ordens, Alpine 1/35.

Abraços.

Last edited by gemerim
Original Post

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Muito bacana a ligação que vc faz dos fatos reais com o modelismo.

A Stackpole tem uma publicação em dois volumes sobre a 12ª Panzer SS, escrita por Hubert Meyer, que foi seu chefe de estado-maior e chegou a exercer o seu comando em algumas oportunidades. Abrange desde a formação dessa unidade até o final da guerra. Leitura árida, mas repleta de informações valiosas.

https://en.wikipedia.org/wiki/Hubert_Meyer

[  ]s

Last edited by paulors

Boa noite, paulors!

Realmente a Stackpole tem uma série de ótimos livros sobre a 2GM. Consegui reunir alguns poucos pois a lista é enorme e o Trump anda meio nervo$o. Boa dica este sobre a 12ª. Uma hora dessas...

Abraços e muito obrigado pela visita!

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