EDUARDO ALEXANDRE BENI
Coronel da Polícia Militar de São Paulo
Matéria completa aqui: http://www.pilotopolicial.com....lma-um-breve-relato/
Publicado em 27 de outubro de 2013.
"Antes de iniciar esse breve relato agradeço a oportunidade de ter conhecido a pessoa que possibilitou escrever mais essa história – Comandante Cláudio Finatti. Leia também: Os heróis existem – O incêndio do Edifício Andraus.
Passados 39 anos dessa tragédia, depois das atuações heroicas no incêndio do Edifício Andraus, 2 anos antes, vimos que esses pioneiros reescreveram a história do salvamento aéreo no Brasil e no mundo e esses pilotos foram os desbravadores e os grande motivadores do uso de helicópteros nas operações de segurança pública e de defesa civil, que nesta época era apenas um sonho.
O incêndio aconteceu no dia 01 de fevereiro de 1974. Um dos grandes prédios de São Paulo, o Edifício Joelma havia sido inaugurado em 1971, com 25 andares e 4 elevadores. Foram 188 mortos e cerca de 300 feridos. Após o incêndio o Joelma passou por reformas e reaberto 4 anos depois, em 1978, com o nome de Edifício Praça da Bandeira.
O Joelma, situado na Av 9 de Julho, 255, não possuía heliponto e isso causou um final trágico, pois muitas pessoas, com a lembrança do incêndio do edifício Andraus, subiram em busca de salvamento e se depararam com uma laje e um telhado (feito com telhas de amianto) e não com um heliponto.
O único helicóptero que teve atuação efetiva na retirada de pessoas do teto do Joelma foi o helicóptero militar UH-1H da FAB. Também participaram várias aeronaves civis no transportes de queimados e suprimentos, dentre elas aeronaves civis da Pirelli, Papel Simão, DERSA, etc. O helicóptero UH-1H fazia pairado sobre o edifício e conseguia retirar as pessoas. Os feridos eram levados por ele ao heliponto do prédio da Câmara Municipal, onde ficaram pousados os demais helicópteros e seus pilotos civis, auxiliando as operações de salvamento, transportando-as aos hospitais.
O helicóptero UH-1H da FAB era tripulado pelo, então, Maj Av Pradatzki, Ten Av Taketani e pelo Sgt Silva, mecânico da aeronave. O helicóptero decolou da Base Aérea de Santos, depois de prevoado e liberado pelo mecânico responsável, o então Sgt Maurici da Força Aérea.
Essa aeronave ainda levou ao topo do prédio o então Ten PM Nakaharada do COE, Sd PM Juvenal (COE), Sd PM Cid Monteiro (COE) e o médico civil Dr Wanderley. Segundo relatos essa foi a segunda equipe a desembarcar no topo do prédio. A primeira aconteceu de um helicóptero civil.
Como o helicóptero militar não conseguia pousar no teto do edifício, as pessoas se agarravam nos esquis do UH-1H da FAB e, com ajuda da tripulação, eram colocadas para dentro do helicóptero. Foi uma operação arriscada de embarque a baixa altura, mas que funcionou. Isso se deve certamente ao treinamento da tripulação em condições semelhantes."
Observações do Suboficial Paulo Sérgio Curalov, Especialista em Armamento (por sinal, da minha turma, Super Branca 85):
"O que pouca gente sabe, é que, naquele dia, não havia condição meteorológica para que o helicóptero UH-1H da FAB, que não possuía equipamento para voo por instrumentos, fizesse o trajeto da Base Aérea de Santos até a Capital. O que exigiu que o Maj Av Pradatzki e sua tripulação subissem a serra voando por sobre as estradas para se orientarem, como numa operação de combate. Esse heroísmo da tripulação fez a diferença no salvamento de muitas vidas. Eles passaram por outras dificuldades, inclusive de abastecimento, mas que foram contornadas com muita versatilidade e presença de espírito."