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O ano era 1941 e a ofensiva alemã de inverno na União SoviÉtica foi detida as portas de Moscou.  Foram perdidos 31.100 caminhÕes nos combates atÉ aquela data, o que equivalia a mais da metade da produÇão total do III Reich para aquele ano. Era preciso aumentar a produÇão de veÍculos para a ofensiva de verão, em que esse tipo de veÍculo era muito usado em logÍstica de transporte de pessoal e mantimentos para o front e tarefas tÉcnicas como serem estaÇão de rÁdio e escritÓrios mÓveis.

 

 

O principal tipo de caminhão utilizado pelo exÉrcito alemão era o Opel Blitz na versão de 3 toneladas de carga, veÍculo que provou-se superior em combate a seu concorrente da Mercedes, o L3000. Por ser movido a gasolina, o Blitz tinha mais facilidade de achar combustÍvel que o rival a diesel, bem como conseguia, para um peso bruto de 5,8 toneladas, uma capacidade de carga de 3,3 toneladas, enquanto o L3000 tinha peso bruto de 6,7 toneladas e capacidade de carga de 3,1 toneladas.

 

 

 

 

AlÉm disso, o modelo da Opel era mais fÁcil de ser mantido e comportava-se melhor em terrenos difÍceis (especialmente se fosse Typ A, com traÇão 4X4) e tolerava melhor climas frios como o da União SoviÉtica e quentes como o do norte africano. AlÉm disso, a versão Maultier (“mula”, em alemão), lanÇada em 1942 e cujas rodas traseiras foram substituÍdas por esteiras do tanque Panzer 1, conseguia avanÇar nas enlameadas estradas do Leste Europeu.

 

 

Desde 1936 o Blitz saÍa da unidade da Opel em Brandemburgo, construÍda em 1935 a pedido das forÇas armadas alemãs e considerada a mais moderna fÁbrica de caminhÕes do mundo, graÇas às tÉcnicas americanas introduzidas pela General Motors, dona da marca desde 1929. Daquela fÁbrica, sairiam 50 mil unidades entre 1939 e 1942.

 

 

 

Devido às perdas,  foi requisitado em 10 de maio de 1942 um aumento na produÇão mensal do Blitz de 2 mil para 6 mil unidades. A opÇão inicial seria ampliar Brandemburgo, mas a Opel, presidida por Carl LÜer desde novembro de 1941 e nomeado custodiÁrio de propriedade inimiga pelo Reich, uma vez que os Estados Unidos haviam declarado guerra ao Eixo, recusou a proposta. Houve a opÇão de se fazer uma fÁbrica de caminhÕes em uma instalaÇão ferroviÁria abandonada em

Riga (LetÔnia), com subsÍdios do Reich, mas sem sucesso.

 

A soluÇão surgiu das mãos de Heinrich Wagner, gerente da Opel, e Gottlieb Paulus, diretor de produÇão da fÁbrica da Daimler em Manheim e ex-diretor de caminhÕes da Opel, que se encontraram às escondidas de seus empregadores e apresentaram a proposta de se produzir o Blitz nas instalaÇÕes da Mercedes. A ideia foi apresentada a Albert Speer, ministro de Armamentos e MuniÇÕes, em 27 de maio. Pouco antes, Speer determinara que o Blitz seria o único tipo de caminhão para trÊs toneladas a ser produzido para a guerra.

 

 

Na Daimler, cujo executivo-chefe Wilhelm Kissel era membro da SS e contrÁrio à proposta, ela foi aprovada pelo resto do conselho da firma em 3 de junho, que enxergava na ideia a oportunidade de se munir de tÉcnicas e processos americanos, bem como corrigir erros no processo de produÇão de caminhÕes. AlÉm disso, não aceitar o acordo poderia significar que a Daimler seria forÇada a produzir outros insumos que não veÍculos, o que poderia prejudicar sua atividade-fim a longo prazo.
 

No encontro com Speer em 22 de junho, jÁ com meta de produÇão aumentada para 9 mil unidades mensais, fechou-se um acordo de licenciamento de produÇão do Blitz pela Mercedes. A Opel era representada por Wagner, Otto Jacob (membro do conselho especialista em questÕes de patentes), Heinrich Nordhoff, diretor de produÇão, e LÜer. O contrato, assinado em 12 e 17 de agosto respectivamente por Wagner e Jacob, fazia a Daimler pagar 800 mil marcos à Opel, bem como 120 marcos a cada veÍculo produzido sob licenÇa, com exceÇão daqueles que fossem para a Wehrmacht e a Waffen-SS. Havia a previsão de que a Borgward e a Ford alemã tambÉm produzissem o Blitz, mas ambas desistiram do acordo, com a Ford preferindo produzir seus prÓprios caminhÕes.


PorÉm, a produÇão sÓ tomaria corpo em 1944 e atÉ então Brandemburgo era a única produtora do Blitz, tendo produzido 18.262 unidades em 1942, 23.232 em 1943 e 16.146 nos trÊs primeiros semestres de 1944. A coisa iria mudar de figura com o bombardeio dos Aliados em 6 de agosto de 1944, devastando a unidade. Com isso, acabou sendo o momento em que a Mercedes passaria a produzir o modelo em Manheim, o que a levou a descontinuar o L3000.

A situaÇão tambÉm significava que a Mercedes passava a ser a única produtora do Blitz, que na especificaÇão acordada em 1942 sairia com cabine de madeira, para economizar metal em tempos de guerra, bem como outras diferenÇas em relaÇão ao da Opel, com suspensão traseira mais firme e filtro de ar em banho de Óleo. O motor de seis cilindros em linha e 3,6 litros ficava menos potente que o do Blitz original, caindo de 75 para 68 cv, mas com melhoria na curva de torque. Esses exemplares, que seriam 2.500 atÉ fevereiro de 1945, não tinham qualquer logotipo da Opel e eram chamados pela Mercedes de DB 701.

 

Com a rendiÇão alemã em 7 de maio de 1945, a fÁbrica da Mercedes em Manheim havia terminado o conflito razoavelmente intacta, enquanto tudo o que sobrara da fabrica da Opel em Brandemburgo havia sido desmontada e transportada pelos russos para ser remontada nas proximidades dos montes Urais. Com isso, era adequado para as duas a extensão do acordo, ainda que houvesse o desconforto para a Mercedes em produzir o concorrente em tempos de paz e a Opel tivesse o direito de encerrar o acordo a qualquer momento no pÓs-Guerra.

 


A versão da Mercedes, chamada de L701, inauguraria sua produÇão para uso civil em junho de 1945. Wilhelm Haspel, um dos conselheiros da Mercedes, tinha o plano de lanÇar um modelo prÓprio da Mercedes para o segmento em 1947. PorÉm, desde 1943 a Mercedes jÁ usava o chassi do Blitz para testar seus desenvolvimentos, como um motor chamado OM 175, refrigerado a ar e que ficou em fase de protÓtipo.

 

 

O acordo Mercedes-Opel seria terminado em 1947, mas a produÇão do L 701 em unidades da Mercedes seguiria por mais dois anos, devido a uma extensão contratual. Em agosto de 1948, a Opel voltaria a fornecer a cabine de aÇo para o modelo. Por seu lado, a marca de RÜsselheim havia voltado a produzir o Blitz em 15 de julho de 1946. 

 

O desconforto da Mercedes com a produÇão do Blitz era evidente, a ponto de nos manuais do L701 o veÍculo ser referido como “Opel Blitz para trÊs toneladas” e “reproduÇão licenciada da Daimler-Benz”. Não havia logotipo externo no modelo. As atenÇÕes no grupo estavam para o projeto do L3250, que teria uma sÉrie de inovaÇÕes baseadas na arquitetura do Blitz.

Para esse caminhão, foi feito um novo motor a diesel, chamado OM 312, cujas dimensÕes externas eram prÓximas às do Opel de seis cilindros a gasolina, bem como adotava o mesmo padrão irregular de espaÇamento de cilindros. O cabeÇote tinha outros furos para a montagem de velas de prÉ-aquecimento, enquanto o virabrequim tinha sete mancais, em vez dos quatro da Opel, para suportar as pressÕes maiores. O diâmetro dos cilindros do OM 312 era idÊntico ao dos motores da Opel, com 90 mm, mas o curso dos cilindros ia para 120 mm, contra os 95 da unidade a gasolina. A potÊncia do motor ia para 90 cv, contra os 72 do Opel.

 

 

 

Equipado com essa unidade, o L3250 tinha capacidade de 3,5 toneladas, 200 quilos a mais que o L701. Sua estreia seria originalmente para 1947, mas havia problemas de fornecimento de energia em uma Alemanha que se reconstruÍa. Com isso, o modelo sÓ seria apresentado em maio de 1949, em Hannover, onde teria boa recepÇão. Para o L 701, o fim da produÇão seria em junho de 1949.

 

 

Por sua vez, o Blitz seria produzido em sua primeira geraÇão atÉ 1952, ganhando uma segunda geraÇão que iria atÉ 1960. A terceira geraÇão iria de 1960 a 1965 e a quarta geraÇão, na realidade, um modelo da Bedford inglesa com o logotipo do relâmpago, duraria outros dez anos, saindo de linha em 1975 e sÓ tendo motor a diesel a partir de 1968 na forma de um lote comprado da Peugeot.

 

 

 

 

Last edited by Wolf
Original Post

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JGAP,

 

Não é bem assim :

 

Germany began to build half-tracked versions of their Opel, Daimler-Benz and Ford trucks by removing their rear axles and placing new driveshafts connected to Panzer I track assemblies with Carden Lloyd type suspension assemblies. The Panzer I was out of production at this point, and existing track parts could be used for cost effective conversion of the trucks. The Carden Lloyd suspension was similar to that used by the Universal and Bren-gun carriers.

 

The vast majority of Maultiers operated using British-pattern Carden-Loyd running gear, with the exception of the Type L4500R, which used PzKpfw. II running gear.

 

For a basis a design of suspension bracket used by the British Universal armored car was taken (the design known as Carden Lloyd), but the Opel firm developed their own suspension bracket, more simple and technologically advanced in construction. Nevertheless, a uniform standard design was selected, a Ford suspension bracket which near-copied Carden Lloyd. The truck with caterpillar tracks instead of a back wheel pair received the name “Maultier” (”donkey&rdquo. The official name Opel Blitz Opel 3.6-36S/SSM Gleisketten-Lastkraftwagen did not achieve common use, and semi-caterpillars have for ever remained “Maultier”.

 

O conjunto de engrenagens e suspensão  era de patente britância, mas de produção alemã, com diversas alterações.

 

Já no caso do Mercedes-Benz L4500R, que tbm recebeu o termo Maultier, o conjunto era o do Pz II.

 

Abs

 

Last edited by R1cardo
Originally Posted by MÁRCIO PINHO:

Excelente trabalho amigo, e vale lembrar, esse caminhão seria o primeiro produto da Mercedes-Benz do brasil, que viria a ser produzido aqui como L-312

 

 

 

Também conhecido como Mercedes "Torpedinho". Meu tio tem este motor numa caminhonete Ford F-100 ano 1961 e gosta muito de seu funcionamento, mesmo sendo "antigo".

Boa tarde a todos.

Só uma pequena curiosidade,

Após os fins das avaliações dos primeiros protótipos a Opel iniciou avaliações para exportações (CKD e SUP) para vários países (França / Itália / América do Sul).

Nos documentos que li sobre este projeto, não há indicação de países específicos para a América Latina, mas muito provavelmente seria a Argentina e o Brasil.

Estes estudos nunca foram efetivados por motivos mais que conhecidos por todos.

No mais parabéns pela bela pesquisa.

Um abraço.

Ney

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