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No dia 10 de agosto de 1942, um comboio de 14 navios, protegidos por uma escolta pesada denominada Força Z, constituída de 2 encouraçados (Nelson e Rodney), três porta-aviões (Indomitable, Victorious e Eagle com 46 Hurricanes, 10 Martlets e 16 Fulmars) passou pelo Estreito de Gibraltar. A escolta também era feita por três cruzadores anti-aéreos (Charybdis, Phoebe e Sirius) e por 14 destroiers. Esta escolta foi substituída então pela escolta aproximada, denominada Força X feita pelos cruzadores pesados Nigéria, Kenya e Manchester, pelo cruzador anti-aéreo Cairo e por 11 destroiers.
Operação Pedestal era o mais importante comboio a ser enviado para Malta. Naquela época, Malta estava preste a perder toda sua capacidade de resistir aos ataques aéreos dos alemães e italianos. Sua reserva de combustível estava à níveis muito baixo, bem como a munição das aeronaves e de sua anti-aérea. O comboio era constituído dos seguintes navios: Ohio, Santa Elisa, Almeria Lykes, Wairangi, Waimarama, Empire Hope, Brisbane Star, Melbourne Star, Dorset, Rochester Castle, Deucalion, Glenorchy e Clan Ferguson. As forças do Eixo sabiam da importância deste comboio, e já haviam feito planos de modo a garantir que ele nunca alcançasse seu destino. Um total de 700 aeronaves do Eixo estavam estacionadas na Sardenha e na Sicília especialmente para este ataque, incluindo 18 submarinos italianos de patrulha, torpedeiras italianas e três submarinos alemães.

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No dia 11 de agosto, o submarino italiano Uarsciek vislumbrou o comboio, atacando-o sem causar dano algum. Entretanto, as forças do Eixo estavam em alerta e sabiam a posição do comboio. O submarino alemão U-73 atacou o comboio e conseguiu afundar o porta-aviões Eagle, matando 200 homens e fazendo com que apenas 4 aeronaves fossem salvas. Naquela mesma tarde, o comboio chegou ao alcance das aeronaves baseadas em terra, e assim bombardeiros alemães Junkers 88 e torpedeiros Heinkel 111 atacaram o comboio, mas desta vez não infligiram dano algum.
Na tarde do dia 12 de agosto, 5 levas de aeronaves do eixo atacaram o comboio. A primeira consistia de bombardeiros Savoia escoltados por caças Macchi. Neste ataque utilizou-se a denominada motobomba, invenção italiana de uma bomba com alto poder explosivo que era lançada com um para-quedas, equipamento este que a fazia cair em trajetória errática. A intenção desta bomba era fazer com que o comboio se separasse em várias direções facilitando os futuros ataques.
Infelizmente, essa arma só funcionava se lançada de perto, e os bombardeiros italianos as lançaram muito cedo e de muito alto. O comboio rapidamente conseguiu se reagrupar.

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A segunda leva consistia de 40 torpedeiros, que não foram capazes de atacar efetivamente o comboio por causa da proteção de caças e do intenso fogo anti-aéreo. A terceira leva incluída bombardeiros de mergulho alemães que conseguiram afundar o primeiro navio do comboio, o Deucalion. Na quarta leva utilizou-se uma outra arma italiana, o hidroavião controlado remotamente Cant, carregado de explosivos, mas o mecanismo de detonação falhou e a aeronave prosseguiu seu vôo até o Norte da África onde caiu. A leva final, foi constituída de dois caças italianos, que não foram atacados pelo fogo inimigo (provavelmente por sua semelhança com os Hurricanes), que lançaram uma bomba cada, contra o porta-aviões Victorius. Uma quase atingiu-o, mas a outra mesmo atingindo o convés de vôo não explodiu. Nesta mesma tarde, o submarino italiano Emo foi danificado por cargas de profundidade e o Ithuriel afundado.

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O último ataque do dia foi o mais bem sucedido. Um grupo de torpedeiros italianos Savoia juntamente com bombardeiros de mergulho alemães Stuka, conseguiram finalmente chegar próximos aos navios. O comboio tornou-se um cenário caótico enquanto os Savoia lançavam seus torpedos e os Stukas lançavam suas bombas no Victorius. Seu convés de vôo ficou tão danificado que suas aeronaves que estavam no ar tiveram que ser desviadas para pousar no Indomitable, que já estava abarrotado com as aeronaves que sobraram do Eagle. No final do ataque o Foresight foi afundado, e a Força Z abandonou o comboio retornando para Gibraltar, e a Força X passou sozinha a defender o comboio.

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Às 19:45 daquele começo de noite, o cruzador Nigéria, sob op comando do Almirante Burrough, foi o primeiro navio a penetrar no Canal de Skerki, logo seguido pelo Cairo. Lá estavam esperando pelo comboio os submarinos italianos Axum, comandado pelo Tenente Renato Ferrini e o Dessie. Às 19:55, os dois submarinos lançaram seus torpodos. O Nigéria e o Cairo foram atingidos na popa, sendo que este último afundandou. O petroleiro Ohaio também foi atingido no ataque. Um outro submarino italiano, o Alagi, juntou-se aos outros dois e torpedeou o Kenya. Um coordenado ataque aéreo atingiu o Brisbane Star e afundou o Clan Ferguson. O Empire Hope foi também atingido por um bombardeio de mergulho e teve que ser abandonado. O Nigéria, navio capitânea da escolta, não podia mais realizar sua missão, e aí o Almirante Burrough ordenou que ele voltasse para Gibraltar e passou a comandar o comboio a bordo do destróier Ashanti.

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Quando o comboio estava ao largo do Cabo Bon, no meio da noite, torpedeiras italianas lançaram um furioso ataque. A primeira vítima foi o cruzador Manchester, que ficou imobilizado ao ser atingido por dois torpedos, tendo que retirar-se do combate no dia seguinte. Em seguida foram atingidos o Almeria Lykes, o Glenorchy, o Santa Elisa e o Wairangi. A noite sem lua foi iluminada pelo combustível e pelo metal que queimavam. Os torpedeiros italianos afundaram nesta noite 5 navios.
O comboio amanheceu no dia seguinte a 200 milhas a oeste de Malta, quando um ataque final realizado por Junkers 88 afundou o Waimarama, danificou ainda mais o Ohio. O Dorset foi também atingido, afundado horas depois.
Finalmente, no dia 13 de agosto, os navios The Port Chalmers, Rochester Castle e Melbourne Star, seguidos pelo bastante danificado e mais importante navio do comboio, o Ohio, aportaram em Malta. O Ohio foi mantido flutuando, graças aos esforços de três destroiers. Malta foi salva mais uma vez e esta foi a última chance que o Eixo teve para derrota-la. Esta data é comemorada até hoje em Malta como um feriado. Um total de 32 mil toneladas de suprimento conseguiram ainda chegar à ilha.

Last edited by Milan
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Belo texto Milan!

Na década de 60 o Globo publicou uma série de artigos ilustrados sobre essa operação em geral e sobre o navio-tanque Ohio em particular. Na época eu recortei todas as páginas, mas, infelizmente, foi uma daquelas coisas que se perderam com o passar dos anos.

Olha ele aqui chegando em Malta, bem baixo na água.

https://en.wikipedia.org/wiki/SS_Ohio

E tem um belo kit dele na 1/700!

ohio

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  • ohio

Rapaz, sorvo tudo que posso sobre Pedestal!

E dos comboios do Ártico também!!!

Se alguém aqui nunca assistiu, recomendo "Heróis de Malta", com Alec Guinness no papel de piloto de reconhecimento que, de passagem a caminho da África do Norte, acaba sendo requisitado para a defesa da ilha. Sem firulas ou qq coisa do  tipo hollywoodiano, filme inglês de 1953 honesto.

Emocionante é o momento em que - estamos falando de uma estória paralela em meio ao caos real da guerra - o Ohio entra no porto, secundado pelos destroieres (e aqui as imagens são reais), com toda a população assistindo, ciente da importância do comboio, e o Almirante em comando da ilha ordena que seja dado toque de alerta ("Sound the alert", como quando um oficial entra num recinto), o oficial replica "Mas não é um navio de guerra, Senhor!", e o Almirante retruca: "Ele não é?" (("Is she isn't?") que seria melhor traduzido como "Tem certeza?" ou "Está certo de que não é?"), após a luta épica da tripulação contra os ataques e para salvar o navio.

Aos 5min20seg:

Last edited by Lucianocf

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