Mas o Brasil realmente precisa de um porta-aviões?
Certamente o navio é um exemplo de poderio naval, uma vez que ajuda a Marinha do Brasil a aumentar sua projeção de poder. O aumento dos poderes globais, como a China adquirir um porta-aviões, a fim de afirmar-se como potência naval global. Por outro lado, outras nações que já possuem esses navios de guerra gigantescos, estão sofrendo com a crise econômica, e estão reorganizando suas forças armadas. Um exemplo disso é o Reino Unido, que pretende cortar cerca de 20 mil militares dos três ramos de suas forças ao longo dos próximos anos, incluindo 6.000 marinheiros. A Royal Navy está construindo dois novos porta-aviões, o HMS Queen Elizabeth e o HMS Prince of Wales, envolvidos em polêmicas por causa dos altos custos e da redução de pessoal.
Quanto ao Brasil, o país é em grande parte desprovido de qualquer tipo de ameaça a sua segurança, que seria um argumento convincente para que a sua Marinha tenha um porta-aviões (ou um plano para um novo dentro da próxima década). As relações entre o Brasil e a Venezuela, durante a presidência de Hugo Chávez, raramente eram preocupantes e o comércio foi um mecanismo forte de confiança, para evitar escaladas de tensões. Além disso, no final de 2013, houve um grande exercício aéreo no norte do Brasil (CRUZEX), em que diversas forças aéreas participaram, incluindo a dos EUA e da própria Venezuela.
Seria bizarro acreditar que uma porta-aviões é necessário para proteção contra alguns dos vizinhos menores do Brasil, como a Guiana, Suriname e Uruguai. Da mesma forma, as relações com o Peru e a Colômbia, são geralmente cordiais, sendo refletido na cooperação inter-agências contra atividades criminosas, como o tráfico de drogas. Enquanto isso, a Argentina, que era um sério candidato a assumir o papel militar que o Brasil representa na América Latina hoje, tem suas forças armadas como um fragmento do que era antes. Não estão sendo considerados nesta análise a Bolívia e o Paraguai, apesar de ambas as nações fazerem fronteira com o Brasil, mas não possuem acesso ao mar.
O argumento para a construção de um porta-aviões, e do submarino de propulsão nuclear, é de que ajudará a proteger a costa do Brasil, em especial as suas plataformas de petróleo off-shore. O governo vendeu blocos de petróleo para companhias internacionais de petróleo, o que gerou o manifesto de trabalhadores do ramo em 2013. Note-se também que, em 2013, a Marinha do Brasil também adquiriu três Navios-Patrulha Oceânicos (OPV), da gigante britânica BAE Systems, para proteger seus portos e plataformas de petróleo. Certamente, um argumento que pode ser feito pela Marinha do Brasil é de que precisa de ainda mais navios para proteger suas instalações, mas qual, ou quais, países ou redes criminosas vão querer atacá-los, ainda está longe de ser clara.
Como um ponto final, é verdade que o porta-aviões ajuda na estatura naval de uma nação, mas o navio também precisa participar de algum tipo de manobra naval, a fim de mostrar que é operacional e útil. Exercícios militares com outras marinhas, são um bom exemplo disso. Mas pode-se perguntar se o São Paulo, uma vez operacional novamente, e antes de ser aposentado, poderá ser usado como uma embarcação de apoio para alguma operação de segurança multinacional, como parte das Nações Unidas ou de uma coligação internacional no combate à pirataria ao largo da costa da Somália.
Conclusões
Relatórios sobre o acordo de compra do caça Gripen, em dezembro de 2013, o site de notícias de defesa Defense Industry Daily explicou que a Marinha do Brasil “tem a intenção de comprar 24 caças para operar a partir do porta-aviões que irá substituir o Nae São Paulo no início de 2025″.
Em abril de 2013, tanto um artigo do DID quanto um do site brasileiro Defesa Aérea & Naval, também mencionam rumores de que um novo porta-aviões poderá ser desenvolvido, como já mencionado pela DCNS (o projeto é chamado PA2) e que pode ser vendido ao Brasil, já que a França não estaria mais interessada em adquiri-lo.
É provável que o São Paulo seja aposentado na próxima década. Isto é lógico, pois o navio já está com mais de 50 anos, e pode vir a ser mais caro realizar constantes atualizações, e reparos, ao invés de comprar um novo.
Se o Brasil realmente precisa de um porta-aviões, seja ele o São Paulo, ou um novo daqui a dez anos, continua a ser uma questão altamente discutível. É certo que um porta-aviões ajuda a proteger extensos interesses marítimos do Brasil, mas é duvidoso que o país tenha que enfrentar qualquer possíveis ameaças de segurança, ou seja, uma guerra com outra nação em um futuro próximo. O porta-aviões brasileiro pode ser um dos ativos estratégicos menos conhecidos e utilizados na história militar da América Latina, e no futuro.
FONTE: COHA