Resultado das doutrinas francesas estudadas no final da década de 1920, o AMD-35, também conhecido pela sua designação de fábrica de Panhard-178 era uma autometralhadora de reconhecimento.
Foi em Dezembro de 1931, que o Alto Comando francês lançou especificações para um veículo de reconhecimento blindado destinado a equipar unidades de cavalaria do Exército francês. Esse pedido deveu-se também à necessidade de viaturas melhor armadas para patrulhar as vastas regiões desérticas que a França detinha na África.
Entre outros itens, a viatura deveria responder à especificação francesa que pedia um veículo rápido, para reconhecimento em profundidade. Deveria também aproveitar a sua alta velocidade para penetrar em território inimigo e sair mesmo tendo que desengajar com eventuais forças inimigas
Após um concurso em que participaram várias empresas, a Panhard recebeu autorização para desenvolver uma viatura de protótipo em 1933. O veículo ficou pronto em outubro de 1933 e foi apresentado em janeiro de 1934, com o nome de Panhard 178.
Algumas raras fotos do protótipo do 178
Como apresentado à Comissão Vincennes, em Janeiro de 1934.
O seu lento desenvolvimento até chegar-se a versão abaixo.
O protótipo final testado no Marrocos, no Norte da África, em 1935.
O AMD-35 ou Panhard-178 pode ser considerado o primeiro veículo de combate sobre rodas da história militar.
Após testes de campo, foi aceito no final de 1934, sob o nome oficial da Automitrailleuse de Découverte Panhard modèle 1935 (AMD Panhard 178) .
A tripulação era composta de quatro homens, com armamento principal um canhão de 25mm e uma metralhadora coaxial 7,5mm, montados em uma torre APX3B.
O veículo dispunha de um sistema de direção dupla, comum em veículos de reconhecimento, mas a posição do motorista era difícil de ser acessada devendo a torre girar 90º para que ele pudesse assumir.
Em virtude de inúmeros problemas, diversas alterações foram feitas, incluindo a instalação de uma surdina no seu sistema de exaustão e um ventilador na torre.
ConfiguraÇÕes
O veículo era pequeno, com apenas 4,79 m de comprimento, 2,01 m de largura e 2,31 m de altura.
O motor era um Panhard 4FII ISK V4 bis CC, 6332, com 105Hp.
A blindagem era espessa em comparação com outros veículos na mesma categoria (com um máximo de 26mm na torre e 20mm frontal) e o peso ao redor de 8,2 toneladas. Porém, a velocidade máxima em estrada era quase 73 km/h e 42 km/h offroad. A autonomia era de 300 km, graças à instalação de tanques de combustível com capacidade para 120 litros.
Os primeiros 19 veículos foram entregues ao Exército francês em Abril de 1937.
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, 218 veículos estavam em serviço em diferentes unidades de reconhecimento das unidades mecanizadas franceses. Na primavera de 1940, um esquadrão (21º AMD35) foi enviada à Finlândia para a Guerra de Inverno. Alguns Panhard também atuaram em Narvik (Noruega).
Durante a Batalha da França, os veículos foram amplamente utilizados até a rendição, com bons resultados enfrentando as unidades de blindados leves alemãs (Panzer I, II Panzer, etc) cujo canhão de 20mm não podia penetrar a sua blindagem frontal..
Mesmo assim, o resultado não foi diferente dos restantes veículos blindados franceses e ingleses.
Houve também um versão com 128 veículos produzidos tropicalizados, com melhorias no sistema de arrefecimento e mais 8 em uma versão colonial com uma torre menor ZT-2. Destes, quatro foram enviados para a Indochina, onde um deles foi capturado pelos japoneses.
A empresa Renault projetou uma nova torre equipada com um canhão de 47mm em maio de 1940. Apenas um dos veículos com essa nova configuração foi entregue ao 1º RAM da 4ª DLM e participou nos combates em Etigny (Yonne) em 15 de junho de 1940 sendo destruído dois dias depois em Cosnes-sur-Loire, supostamente, após destruir dois carros alemães.
A única foto conhecida existente do Panhard 178 com canhão 47mm, destruído nas margens do Rio Loire em 17 de Junho de 1940.
A grande maioria destes veículos sobreviveram à Batalha da França, passando ao serviço da Wehrmacht, apÓs o armistÍcio, sob o nome PanzerspÄhwagen P204 (f). Sob supervisão alemã foram concluídos mais 176 Panhard.
A serviço de uma unidade das Waffen-SS
Esse veículo ainda ostenta a camuflagem francesa sob uma pintura improvisada, pouco tempo após ser capturado, em Maio de 1940.
Em 1941, cerca de 190 Panhards foram destinados para unidades de reconhecimento alemão para uso durante a Operação Barbarossa.
Alguns deles eram veículos equipados com rádio de longo alcance, PanzerspÄhwagen (Funk) P204 (f) com torre fixa, sem armas, mas com rádio ER27 e dois ER26.
ER27 moderno, mas frágil, susceptível a danos por qualquer explosão nas proximidades do veículo.
Em maio de 1943, havia apenas 30 Panhard em condições de uso na Frente Oriental.
Para a proteção das ferrovias que abasteciam a Wehrmacht, 44 veículos foram modificados (Schienenpanzer) para que pudessem se mover sobre os trilhos, através da instalação de rodas adaptáveis e uma antena de rádio na copa.
Sob os termos do armistício, o regime de Vichy foi autorizado a usar 64 Panhards para o serviço policial. Por outro lado, e de forma clandestina, a partir de 1941, na FranÇa de Vichy, 45 novas torres, equipadas com o canhão SA35 de 47mm foram fabricados.
Um dos fatos mais extraordinários na história desta viatura é o de, entre 1942 e 1943, quase 40 viaturas terem sido produzidas literalmente debaixo do nariz dos alemães, para serem entregues à resistência, em áreas da França não ocupada (Vichy).
Algumas viaturas foram montadas sem armamentos e utilizadas em 1944 durante a libertação da França, mas a maioria foi capturada no final de 1943, quando a Alemanha invadiu a França de Vichy. Em 1944, cerca de 34 Panhards capturados pelos alemães foram reconstruídos com torre aberta em cima e canhões L/42 e L/60 de 50mm.
Em novembro de 1942, o exército italiano também capturou dois Panhards que seriam utilizados até setembro de 1943.
Após a Liberação, as novas autoridades francesas retomaram a fabricação de uma nova versão chamada Panhard 178B, com inúmeras modificações, entre elas, a utilização de um periscópio Gundlach que permitia ao comandante do carro uma visão em 360º sem se movimentar..
O corpo foi modificado para a nova torre FL1, maior e preparada para acomodar o canhão SA45 L/32 de 75mm. Depois de produzir duas unidades equipadas com esta arma, retornou-se a fabricação do Panhard com o canhão SA35 de 45mm e uma metralhadora coaxial.
414 unidades foram construídas entre 1945 e 1946.
Alguns destes 178B foram enviados para a Indochina para participar em de missões de contra-insurgência.
Nos anos 1960, países como Djibuti ou a Síria mantinham Panhard em ser Viço.
O Kit
Existe um bom número de kits sobre o Panhard 178 e a sua versão capturada, em escala 1/35 e 1/72.
Abaixo, alguns deles:
Abs e até o próximo AP&I.