Essa situação é conhecida dos plastimodelistas de aviação devido a alguns kits de procedência asiática dos anos 1990, nomeadamente as séries 1/48 de F7F Tigercat (AM/Ertl) e P-38 Lightning (Hobbycraft/Academy), que continham a inovação (na época) de incluir pneus de borracha em kits de aviação. Infelizmente esses pneus eram embalados junto com as demais peças num único bag e os efeitos disso logo seriam sentidos.
Começou a ser percebido em modelos prontos, nas vitrines, que, algum tempo depois de montados, começavam a apresentar deformidades inexplicáveis nos trens de pouso; e tocou o alerta para os kits nas caixas. Aí o estrago era maior e o efeito aleatório, pois os pneus, soltos dentro do bag, devoravam tudo feito de estireno em que tocassem.
HTC que importou uma quantidade desses kits (junto com outros kits das mesmas marcas, sem a “inovação”), distribuiu e teve em estoque por anos essas minibombas-relógio sem tomar qualquer providência, ou indicar a outros que o fizessem, provavelmente por desconhecimento do problema.
Assim que, até hoje, se vê por aí kits dessa época vendidos sem as transparências, ou vendidos com canopies vacuform (os malditos pneus adoravam as transparências originais...), com pneus/rodas de resina em lugar das originais, ou outras substituições... ou ainda kits completos, peças nas árvores, que modelistas mais conscientes, muito decepcionados, venderam como sucata porque tinham um belo pneu de borracha fundido com o plástico bem no meio de uma asa, ou com os canopies derretidos...
Houve ainda quem, tendo comprado e percebido que era algo de resolução não muito simples, quis se livrar do problema passando adiante esses kits como “zerados”, sem avisar o comprador seguinte, uma prática vergonhosa...
As fábricas levaram ainda mais tempo para corrigir o problema e só já neste século Academy providenciou uma árvore extra de estireno com pneus e rodas para seus kits. No caso do F7F da AMT, uma nova árvore com pneus e rodas só apareceu na década passada quando a Italeri relançou o kit numa bela edição com decais Cartograf.
Hoje há, novamente, um revival dos pneus de vinil em vários kits e desconheço se causam algum tipo de reação nas peças de plástico, como seus antecessores. Kits modernos são mais bem embalados, elementos separados, de modo que se forem “plastic eaters” só se saberá depois de montados os modelos. Eu, que me escaldei na aventura dos anos 1990, não me arrisco (e nem gosto do aspecto desses pneus) e substituo todos por maravilhosos conjuntos de resina, muito mais detalhados e adaptáveis ao weathering do resto do modelo.