Apesar de a Embraer ter uma posição estratégica no processo F-X2, co-responsável pelo desenvolvimento completo da versão de dois lugares do Gripen NG, São José dos Campos perdeu terreno para São Bernardo, que caiu nas graças do governo da Suécia e vai abocanhar investimentos e sediar nova empresa e centro de pesquisa e inovação.
A partir de 2015, começa a ser construída a SBTA (São Bernardo Tecnologias Aeronáuticas), empresa que vai gerenciar a cadeia de suprimentos e produzir partes estruturais do Gripen a partir de 2017.
Para impulsionar o empre-endimento, a empresa sueca Saab vai injetar US$ 150 milhões na SBTA para a criação da unidade e compra de maquinário. A nova empresa tem 40% de participação da Saab.
A empresa terá atribuição, inclusive de buscar fornecedores internacionais, como fabricante de nível internacional.
A previsão é que ela tenha um faturamento estimado entre US$ 40 e US$ 60 milhões e vai disputar um mercado avaliado em US$ 35 milhões.
Não é pouco. “A SBTA será uma produtora global, capaz de fornecer para qualquer empresa de defesa. Vai ser competitiva”, disse Jan Germundsson, vice-presidente de Parcerias Industriais da Saab.
Inovação. Além disso, São Bernardo também foi escolhida para sediar o CISB (Centro de Informação e Pesquisa Sueco-Brasileiro), uma arena de inovação e fomento à parceria entre Brasil e Suécia.
“O centro de pesquisa está alinhado com interesses do prefeito de São Bernardo”, disse Häkan Buskle, CEO e presidente da Saab, à época do anúncio dos investimentos.
Para executivos da Saab, a opção por São Bernardo foi “uma coincidência”, embora admitam que a princípio se cogitava apenas instalações de centros de tecnologia e empresas do segmento em São José.
A “coincidência” teve um forte empurrão do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), citado em todas as entrevistas com executivos da Saab como “a pessoa que demonstrou que São Bernardo tinha uma forte vontade de dar um salto de tecnologia”.
Desde antes da escolha do Gripen, Marinho visitou a Suécia diversas vezes, sozinho ou acompanhado do ex-presidente Lula, e chegou a fazer um voo no Gripen, em Linköping.
Também é atribuída à influência de Marinho a participação estratégica da empresa Inbra, que deve produzir parte da fuselagem do novo avião, a princípio em parceria com a Akaer, de São José.
Política. “Optamos pelo melhor parceiro. Não houve nenhum tipo de pressão política nas escolhas de São Bernardo para os investimentos”, afirmou Germundsson.
Também teria pesado à favor de São Bernardo o fato de a cidade sediar a fabricante de caminhões sueca Scania, que já fez parte do grupo Wallenberg, controlador da Saab.
Para Carlinhos, novas parcerias vão ocorrer
Para o prefeito de São José, Carlinhos Almeida (PT), há muitas oportunidades para a cidade conquistar parcerias vantajosas com a Suécia.
“As projeções de ampliação da parceria entre Brasil e Suécia são muito positivas. Participei do Seminário Brasileiro-Sueco de Aeronáutica e Defesa, realizado no ITA e nele foram apresentadas perspectivas de negócios que vão surgir a partir da produção dos caças Gripen. Foi uma ótima oportunidade para empresários, autoridades e universidades alinharem objetivos. É uma cooperação de médio e longo prazo. São José tem o Parque Tecnológico e empresas que vão atrair novas parcerias”, disse.
O ex-prefeito Eduardo Cury (PSDB) disse que em 2010 visitou a Saab e chegou a ser convidado para voar no Gripen, mas à época, o caça sueco ainda não havia sido escolhido.
Segundo Cury, a prefeitura fez contato com os três concorrentes do programa à época, alinhando com eles o interesse da cidade em investimentos após a definição do vencedor. “A Boeing, por exemplo, nos procurou pessoalmente e chegou até a se instalar no Parque Tecnológico”, disse.
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