POW do ANNELIESE ESSBERGER no BRASIL
Um fato pouco conhecido sobre a participaÇão do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi a existÊncia de um Campo de Prisioneiros de Guerra, localizado em Pouso Alegre, uma pequena cidade no estado de Minas Gerais. Pelo decreto # 411/348, de 24 de agosto de 1943, foi criado nas vizinhanÇas do 1º Grupo do 8º Regimento da Artilharia Montada um campo de prisioneiros, que foi regulamentado em conformidade com a ConvenÇão para Tratamento de Prisioneiros de Guerra, de 27 de fevereiro de 1933 e publicada no Boletim do ExÉrcito n º 22, de 28 de abril de 1943.
Com a entrada do Brasil na guerra contra o Eixo, e a captura de 62 marinheiros alemães em Águas jurisdicionais brasileiras, Pouso Alegre foi escolhida para isolÁ-los, como prisioneiros, no 8º RAM (Regimento de Artilharia Montada).
No campo de Pouso Alegre, 62 alemães foram presos a partir de 22 de setembro de 1943 atÉ 15 de abril de 1944, sendo 42 da Marinha Mercante alemã e 20 da Marinha de Guerra [Kriegsmarine]. Ao todo eram 14 oficiais, 13 sub-oficiais e 35 marinheiros. Eles pertenciam ao navio mercante "Annelise ESSBERGER", que foi afundado pela tripulaÇão em 21 de novembro de 1942, na posiÇão 00º05'5N-23º34'W, quando foi interceptado por navios da IV Frota Americana com base em Recife.
Todos os marinheiros capturados, depois de uma breve estadia no Recife, onde foram interrogados na sede da 7ª Região Milita, eles foram transferidos para o Rio de Janeiro, no Regimento de Cavalaria Caetano de Faria, e de lÁ, eles foram enviados para Pouso Alegre. O comandante do "Annelise ESSBERGER" era o capitão Johann Prann, 51 anos, natural de Westhandefehn.
O "Annelise ESSBERGER" era furador de bloqueio que levava borracha, bem como gorduras animais e vegetais do Japão para a Alemanha, material de alta relevância para o esforÇo de guerra alemão. O deslocamento do navio era de 5.000 toneladas e foi o primeiro dos 5 navios furadores de bloqueio que foi interceptado no Atlântico Sul.
Os marinheiros chegaram em 21 de setembro de 1943 e os oficiais trÊs meses depois, em 29 de dezembro de 1943. Segundo o General Paulo Queiroz Duarte, em seu livro "Dias de Guerra no Atlântico Sul", esses marinheiros "constituÍram o pior grupo de prisioneiros capturados em toda a guerra ". No entanto, contrariando essa opinião, os prisioneiros tinham-se revelados com bom comportamento e tinham disciplina e organizaÇão, durante sua permanÊncia no campo.
Um prÉdio da 2 ª bateria foi preparado cuidadosamente para alojar os prisioneiros, tendo sido tudo organizado e limpo. Fugindo da ociosidade, eles tinham organizado um programa de atividades que incluÍram aulas de navegaÇão, mecânica, histÓria, alÉm do canto de canÇÕes militares, que ajudou a manter o espÍrito e o moral elevado.
A relaÇão dos alemães com os guardas era boa, quase amigÁvel (um deles inclusive manteve correspondÊncia, apÓs o tÉrmino da guerra, com o sargento Manuel Torres de Aquino, que fotografou os prisioneiros para suas identificaÇÕes), mas alguns destes mantiveram-se afastados do contato com os brasileiros.
Momentos de folga foram concedidos a eles alÉm de outras isenÇÕes foram assegurados pela ConvenÇão de Genebra e supervisionados pela Embaixada da Espanha (que representava os interesses da Alemanha), que enviava freqÜentemente agentes para Pouso Alegre para verificar o tratamento recebido pelos prisioneiros.
Como intÉrprete, ficaram o tenente-mÉdico da reserva da marinha mercante alemã, Dr. Leo Hofmann, 35 anos, natural de Schweinfurt, bem como sargento brasileiro GÜnther MÜller, de origem alemã, que foi transferido para o 8º RAM, especialmente para servir como elo de ligaÇão com os prisioneiros. Eles estavam no comando do acampamento junto com o capitão Venturelli Sobrinho, com o tenente-farmacÊutico, Heitor M.Carvalho e o sargento Moacyr Santos, alÉm da guarda permanente que vigiou o campo.
Visão rara da estaÇão ferroviÁria para a pequena cidade de Pouso Alegre, de onde a equipe alemã da ANNELIESE ESSBERGER foi levado para o campo de prisioneiros.
No campo de Pouso Alegre foram feitas outras concessÕes pelas autoridades do campo, como o direito de comprar o tabaco e outros produtos nas lojas locais. A vida continuou sem incidentes atÉ 15 de abril 44, quando vÁrios caminhÕes do ExÉrcito vieram e os alemães foram novamente evacuados desta vez para o Rio e lÁ permaneceram por alguns dias antes de embarcarem para Recife e depois para os EUA no navio petroleiro Patoka.
Os presos ficaram alojados na 2ª bateria, cercados por arame farpado e iluminados à noite por holofotes e com alarme contra fuga. Depois de cerca de 7 meses em Pouso Alegre, eles foram levados novamente para o Rio de Janeiro, sob a guarda de uma escolta comandada pelo sargento Rossi.
Na sua chegada, eles foram entregues a autoridades norte-americanas e desta vez eles foram submetidos a uma longa viagem para um campo de prisioneiros no interior dos EUA. Algum tempo depois, eles foram incluÍdos em um acordo diplomÁtico e atravÉs da Cruz Vermelha, os 62 homens foram enviados para Portugal em troca de vÁrios diplomatas brasileiros detidos desde a declaraÇão de guerra do Brasil à Alemanha .
A imagem mostra um grupo de presos se reuniram perto do acampamento provisÓrio em Recife, onde o mesmo foi interrogado pela primeira vez por autoridades americanas e brasileiras. Mais tarde, os 62 homens foram enviados para Pouso Alegre. Foto gentilmente enviada por Francisco Freire, filho de primeiro-tenente J. Lisboa Freire, que serviu a bordo da Corveta CananÉia durante a guerra
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