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Acompanhem esse interessante relato de um colaborador do blog Sala de Guerra sobre uma interessante expediÇão feita por ele ao túmulo da "estrela da África" Hans Joachim Marseille, localizado no Egito....

 

O túmulo em forma de pirâmide onde estÁ sepultado Hans Joachim Marseille "A Estrela da África"

 

OlÁ amigos da Sala de Guerra!
 
Retornei esta semana de uma viagem de 20 dias ao Egito. Meu objetivo por lÁ era mergulhar no naufrÁgio do SS Thistlegorm, cargueiro inglÊs abarrotado de material bÉlico destinado ao 8º ExÉrcito que foi afundado em 1941 no Golfo de Suez por bombardeiros Heinkel He 111 baseados em Creta (KG 26). Uma histÓria fascinante.
 
Este naufrÁgio É um dos top points do mundo para os mergulhadores de naufrÁgios. Bem, acabei realizando 18 mergulhos (2 deles no Thistlegorm) em naufrÁgios no Golfo de Aqaba, Estreito de Tiran, Estreito de Gubal, Golfo de Suez e Mar Vermelho.
 
TambÉm aproveitei o momento para ir a El Alamein, que dista 240 km do Cairo. O guia me pegou no hotel por volta das 6h e viajamos por boa parte da manhã. Pelo caminho alguns bloqueios de estrada feitos por elementos do ExÉrcito egÍpcio e polÍcia. Nestes locais sempre havia um blindado e muitos AK-47. Fiquei surpreso ao ver tanques M1 Abrams. Não sabia que o Egito tinha este excelente carro de combate americano.
 
Bem, visitei o cemitÉrio inglÊs e o alemão. Depois o Museu Militar de El Alamein, a Pirâmide de Marseille e o campo de batalha. Voltamos à noite para o Cairo. Uma jornada extenuante, porÉm inesquecÍvel! Mas temos que ir por partes.
 
Sempre fui admirador de Hans-Joachim Marseille, na minha opinião, o melhor piloto de combate de todos os tempos. Pesquisei muito material sobre sua curta, porÉm admirÁvel carreira militar. O Amarelo 14, o Estrela da África, sÍmbolo da intrepidez e da arte de voar. O cara que em num sÓ dia (1 de setembro de 1942), em 3 missÕes, obteve 17 vitÓrias, sendo 16 homologadas. Isto com um consumo mÍnimo de muniÇão. Este virtuose da caÇa, tinha a capacidade quase mÁgica de calcular o espaÇo que no prÓximo meio segundo seria ocupado por um Spitfire ou um infeliz Tomahawk e ali colocar meia dúzia de granadas de 20 mm e algumas dezenas de projÉteis de 7,92 mm. Letal. Minha nossa!
 
Tinha conversado com o Júlio e confirmado com ele que Marseille estÁ sepultado na LÍbia, lugar difÍcil para ir. Portanto me contentaria em ver o ponto onde ele tinha caÍdo. Meu guia e o motorista não sabiam da histÓria da pirâmide que marca o local. JÁ estava quase desistindo quando no cemitÉrio alemão, falamos com um beduÍno que era o guardião do memorial sobre a tal pirâmide. Ele disse que tinha um primo que sabia da exata localizaÇão. Sacou de um moderno celular e falou com o cara. O outro beduÍno pediu então 200 libras egÍpcias (lÁ É tudo assim, tudo por grana) para nos guiar (1 U$ = 6,8 libras egÍpcias). Barganhei e a muito custo reduzi para 150 libras. Embarcamos na van e fomos por uma hora atravÉs de uma estrada pelo deserto.
 
O autor do texto  juntamente com seu guia fotografam o túmulo de Marseille em El Alamein
 
Tinha restos de asfalto e partes de areia. Foi uma viagem longa, tensa e inquietante, pois eu jÁ estava imaginando uma emboscada dos fundamentalistas islâmicos. Nunca chegava e eu comeÇava a achar que o beduÍno nos enrolava. Estava bastante preocupado e foi quase ao final da minha paciÊncia que avistamos à esquerda, na linha do horizonte, a pequena pirâmide. Antes, pelo lado direito da estradinha, no deserto, tÍnhamos visto Áreas delimitadas com arame farpado e com trapos pretos pendurados. O guia disse-me então que eram campos minados.
 
Rodamos algum tempo pelo deserto e alcanÇamos a tal pirâmide. O silÊncio no deserto É absoluto e os campos de tiro extraordinÁrios. Nunca tinha visto ou sentido nada disto. Um calor ardido, atenuado pelo meu modelito egÍpcio que havia comprado para me disfarÇar e escapar um pouco do achaque diÁrio nas ruas de Luxor e Cairo.
 
O autor se deixa fotografar junto a placa em homenagem ao piloto alemão, morto num fatÍdico acidente a 30 de setembro de 1942
 
 
Pensei muito no local. Olhei o cÉu sem uma nuvem e imaginei o voo fatÍdico do Messerschmitt Me 109G-2 amarelo, bem ali em cima, no dia 30 de setembro de 1942. O corpo do capitão caindo com o paraquedas sem abrir. Acima, os aviÕes da esquadrilha, dispersos no cÉu, passando um a um, desorientados, agitando as asas, procurando ver e compreender. Que histÓria!
 
No horizonte, a uns 300 m, observei alguma coisa escura, regular. Meu Deus, um pedaÇo do Gustav de Marseille! O supremo suvenir! A consagraÇão de um colecionador! Caminhei na direÇão do objeto enquanto o guia e o motorista, quase histÉricos, gritavam:
 
NÉstor, NÉstor, do not go, there are mines! MINES, MINES, EVERYWHEREEEEEE!!!!
 
Eu sabia que ali não haveria mina alguma, seria muito azar virar energia, isto É: luz e calor, com uma mina da II Guerra Mundial. Chegando ao local, para minha total desolaÇão, descobri que o leme do Messerschmitt era um emaranhado de tubos plÁsticos contemporâneos levados pelo vento. Que merda! Pqp!
 
Para acalmar o meu irrequieto guia (perguntei a ele se estava nervoso dos nervos), retornei passo a passo (que nem nos filmes hahaha) pisando nas pegadas da ida. Que embuste!
 
"Aqui faleceu, invicto, o Capitão Hans-Joachim Marseille - MOVM (Medaglia d'Oro al Valor Militare)"
 
Fonte: blog Sala de Guerra
 
 

 

 

Original Post

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O colaborador em questão é o nosso amigo (e habitué da Gruta Estirênica, nosso clube de modelismo aqui na cidade) Nestor Magalhães, oficial da reserva do Exército Brasileiro, gente boa pacas e que tem um enorme talento para escrever. Ele é um excelente e dedicado pesquisador. Mora aqui em PoA. É dele o livro já bem conhecidos "U-Boats - Mergulhando na história". Recebemos esse texto e fotos por email dias atrás. Fascinante.

Originally Posted by RodrigoBM:

O colaborador em questão é o nosso amigo (e habitué da Gruta Estirênica, nosso clube de modelismo aqui na cidade) Nestor Magalhães, oficial da reserva do Exército Brasileiro, gente boa pacas e que tem um enorme talento para escrever. Ele é um excelente e dedicado pesquisador. Mora aqui em PoA. É dele o livro já bem conhecidos "U-Boats - Mergulhando na história". Recebemos esse texto e fotos por email dias atrás. Fascinante.

Valeu a colaboração Rodrigo

Originally Posted by Zarichta:

Grande Nestor.

Já estou até vendo outro livro vindo aí. 

 

É como o Volmir disse: O Nestor tem o dom de contar histórias. Ganhei de presente dela a última edição do livro dos U-boats com dedicatória e tudo. Que livro bom de ler!

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