Um deputado uruguaio propôs vender uma águia de bronze nazista do navio Graf Spee, afundado no rio da Prata em 1939, para ampliar os fundos do Ministério da Defesa nacional. Alfredo Etchegaray, um dos líderes da operação de resgate do respectivo "tesouro".
Os vínculos entre Etchegaray e a águia são da época da década de 80, quando ele se empenhou em estudar todos os naufrágios ocorridos no rio da Prata. Ao longo desse período, encontrou 250 pedaços de barcos afundados.
A águia nazista recuperada em 2006 pesa 350 quilos, mede 2 metros de altura e 2,8 de largura. Desde então, foi exibida somente durante um mês ao público com o aval do Comitê Central Israelita do Uruguai. Depois, por uma disputa legal, foi instalada em um cofre de madeira sob a custódia das Forças Armadas uruguaias.
"A história deve ser exibida porque é uma forma de corrigir os erros do passado. Atualmente, está em um cofre sob a vigilância das Forças Armadas. Não se exibe nem se vende. O que nós queremos é conseguir uma certa compensação por tantos anos de trabalho e pelos investimentos realizados", disse o empresário.
A história é um bom negócio. Estima-se que o valor da peça varia entre US$ 8 e 55 milhões (R$ 25 e 173 milhões). Porém, Etchegaray explicou que "basta um dos museus ou algum colecionador de alto poder aquisitivo ficar interessado para que o valor dispare".
Um dos motivos para abrir o debate sobre a venda do artefato nazista são os rendimentos que o Estado receberia por uma eventual transação, já que lhe corresponderia 50% do valor. Outros 50% seriam recebidos pela equipe de especialistas envolvidos no resgate.Jorge Gandini, deputado opositor do Partido Nacional, foi aquele que propôs a ideia de vender a águia quando o ministro da Defesa uruguaio, Jorge Méndez, manifestou a necessidade de aumentar o orçamento da sua entidade.
"Trata-se de buscar uma solução que seja boa para todos. Se algum outro país [nos] pressiona para que nem se venda nem se exiba, como a Alemanha, poderiam financiar os projetos de atração turística, algo que o Uruguai necessita muito. Há muitas opções, o único que queremos é que nos recompensem por tantos anos de esforços", assinalou Etchegaray.
O empresário rechaçou por completo de que haverá grupos neonazistas tentando conseguir a peça. "Até agora, somente recebemos as propostas de museus através de intermediários. É uma peça que provoca interesse pelo seu valor cultural, para a exibição e ensino de história", concluiu.
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