Walter Schuck
Faleceu no último dia 28 de marÇo em Otterndorf, Alemanha, de causas naturais aos 94 anos de idade, o 11º maior Ás da histÓria, ganhador da Cruz do Cavaleiro com Folhas de Carvalho, Tenente Walter Schuck.
Nasceu na pequena Frankenholz, no Sarre, em 30 de julho de 1920. Seu pai, um trabalhador de minas de carvão que havia lutado na Primeira Guerra Mundial, disse-lhe que aproveitasse toda e qualquer oportunidade para evitar o serviÇo militar na infantaria. Dessa forma, Schuck voluntariou-se para serviÇo na Luftwaffe em 3 de novembro de 1937, alguns meses apÓs completar 17 anos de idade.
O treinamento nas escolas de vÔo iniciais e de caÇa aconteceram com todo detalhamento possÍvel, pois ainda eram tempos de paz. Assim, Schuck completou seu treinamento em outubro de 1940 e foi promovido a Unteroffizier, sendo designado para o Jagdgeschwader 3. Uma de suas primeiras missÕes, junto ao I./JG 3, foi voar como cobertura aÉrea da comitiva de Adolf Hitler quando este visitou a BÉlgica. Foi uma missão totalmente secreta, e somente muito depois os pilotos souberam quem estavam escoltando.
O ano de 1941 não apresentou grandes conquistas a Walter Schuck, pois, apesar de aperfeiÇoar suas qualidades como piloto de caÇa em diversas missÕes, seu escore permanecia zerado. Somente quando ele foi designado para a 7ª Staffel do Jagdgeschwader 5 “Eismeer” (Mar de Gelo) em abril de 1942, É que as coisas melhorariam. O JG 5 foi enviado para Petsamo, porto finlandÊs no CÍrculo Polar Ártico, para engajar a ForÇa AÉrea SoviÉtica na Área, e Schuck logo marcou sua primeira vitÓria contra os russos em 15 de maio daquele ano. Sob intenso frio polar, Schuck e seu Messerschmitt Me 109 atingiram 55 vitÓrias aÉreas em junho de 1943, e ele recebeu a Cruz Alemã em Ouro no dia 24 daquele mÊs. Neste perÍodo, Schuck desenvolveu uma grande amizade com o Ás de 208 vitÓrias Theodor Weissenberger, que seria seu futuro comandante no JG 7.
ApÓs conseguir diversas vitÓrias múltiplas sobre bombardeiros soviÉticos que jÁ preparavam o caminho para a ofensiva contra a Finlândia no verão de 1944, o Oberfeldwebel Schuck recebeu a Cruz do Cavaleiro da Cruz de Ferro em 8 de abril de 1944, jÁ tendo 84 vitÓrias no currÍculo. Ele chegou às 100 vitÓrias no dia 15 de junho, e marcou o recorde definitivo de vitÓrias num único dia no JG 5, ao derrubar 12 aeronaves inimigas em 17 de junho. Esta impressionante folha de serviÇos lhe rendeu a comissão a Leutnant logo depois.
JÁ então um oficial comissionado, Schuck foi escolhido pelo Geschwaderkommodore Major Heinrich Ehrler para assumir o comando da 10ª Staffel do JG 5. PorÉm, a lideranÇa de Schuck como StaffelkapitÄn não foi livre de problemas, visto que a disciplina militar de seus homens deteriorou-se a tal ponto que Ehrler teve que convocar Schuck para uma discussão particular e repreendÊ-lo. Somente depois a disciplina da 10ª Staffel foi restaurada.
Enfrentando a ofensiva soviÉtica, Schuck chegou a 150 vitÓrias em 23 de agosto e, pouco depois de marcar sua 171ª vitÓria, ele foi atingido no rosto por estilhaÇos de vidro que atingiram seu nariz e bochecha. Um estilhaÇo penetrou sua mandÍbula e ficou preso entre seus dentes, o que requereu cirurgia para remoÇão. Enquanto estava no hospital se recuperando, ele foi convocado atÉ o Quartel-General do FÜhrer na Prússia Oriental para receber das mãos de Hitler as Folhas de Carvalho para sua Cruz do Cavaleiro, em cerimÔnia realizada no dia 30 de setembro de 1944.
Walter Schuck continuaria com marcando vitÓrias com o JG 5 atÉ o fim do ano. Em 1 de janeiro de 1945, ele foi padrinho do casamento de Theodor Weissenberger, que ao assumir o comando do Jagdgeschwader 7 apÓs a transferÊncia de Johannes Steinhoff, chamou Schuck para compor a unidade. O JG 7 se tornaria a primeira unidade regular da histÓria a ser totalmente equipada com um caÇa a jato, o Messerschmitt Me 262 Sturmvogel. Com situaÇão geral da guerra se deteriorando rapidamente no comeÇo de 1945, Schuck fez uma transiÇão bastante informal para o novo caÇa. Ele passou dias ao lado da pista de decolagem observando o ir e vir dos jatos e recolhendo depoimentos sobre as diferenÇas de velocidade de ascensão e ataque do Me 262. Finalmente, fez seu primeiro vÔo em 20 de marÇo.
Quando Hans Waldmann, Ás de 134 vitÓrias e StaffelkapitÄn da 3ª Staffel foi morto em 18 de marÇo, o Oberleutnant Schuck foi apontado comandante da unidade. No dia 24 de marÇo ele e outro piloto estavam em um vÔo de familiarizaÇão a 10.000 metros, quando o controle de terra avisou da presenÇa de caÇas inimigos no setor. Schuck imediatamente tomou o curso da formaÇão inimiga e encontrou trÊs aeronaves: um P-38 Lightning e dois P-51 Mustang. No combate que se seguiu, Schuck conseguiu derrubar os dois Mustangs.
No dia 10 de abril Schuck decolou para interceptar uma formaÇão de Fortalezas Voadoras B-17. Ele aproximou-se dos bombardeiros por cima, fazendo quatro deles vÍtimas de seus canhÕes. Contudo, o jato de Schuck foi avistado pelo Mustang pilotado pelo Tenente Joseph Anthony Peterburs do 55º Esquadrão da USAAF, que abriu fogo em mergulho, acertando um dos motores do Messerschmitt. Schuck não foi mais capaz de manter o controle da aeronave, e saltou de paraquedas, machucando os cotovelos ao chegar ao chão. Embora somente levemente ferido, Schuck não pÔde mais voar atÉ o fim da guerra, a qual terminou tendo voado mais de 500 missÕes e derrubado 206 aeronaves inimigas, total que fez dele o 11º Ás mais bem-sucedido da histÓria.
Walter Schuck foi um dos veteranos da Luftwaffe mais ativos e populares. Ele freqÜentou diversos eventos aeronÁuticos e assina pinturas que retratam seus anos de combate. Em 2005, conheceu pessoalmente o homem que o derrubou no fim da guerra, Joe Peterburs, e ambos tornaram-se grandes amigos.
ApÓs a guerra Schuck tornou-se um ativo palestrante, consultor, e participou de diversos documentÁrios e eventos de aviaÇão em muitos paÍses.