Envelhecimento I (Wash)
Quando construímos um modelo sem envelhecimento, este tem a aparência de novo ou zero-km e isso parece não-natural. Envelhecer um modelo, em geral, dá uma aparência mais real ao mesmo, pois é incomum encontrarmos objetos reais que não tenham sofrido desgaste. O envelhecimento, no que se refere ao modelismo, pode ser dividido em três categorias:
- Por acúmulo: Quando uma região é de difícil acesso, a sujeira se acumula. Com o tempo, a tendência é escurecer o material, ficando difícil a remoção.
- Por desgaste: Em geral, é causado pelo atrito. Nesse caso, a peça começa a perder a forma (ou ganhar amassados) e também se caracteriza pela perda de cor, pois a camada de tinta é a primeira a ser afetada.
- Por queima ou sujeira: Semelhante ao primeiro caso, entretanto, costuma ocorrer em locais onde o acesso não é tão difícil, mas a conveniência ou a dificuldade de manter-se limpo acabam deixando a sujeira acumular nesses pontos. Nessa categoria podemos também colocar aquelas modificações que não são reversíveis como a sujeira, por exemplo: a queima da tinta pelo sol.
Esses efeitos, por incrível que pareça, não são difíceis de serem feitos nos plastimodelos, só necessitando um pouco de prática. O acúmulo, é feito com uma técnica chamada Wash (que iremos tratar nesse artigo). O desgaste pode ser feito usando uma técnica chamada Dry Brush ou pincel seco (será tratado no segundo artigo sobre envelhecimento). A sujeira ou queima é feita usando-se giz pastel (terceiro artigo dessa série).
O Wash é, como o nome leva a crer, uma lavagem no modelo. Seu uso é bem simples, embora no início seja um pouco frustrante. Primeiramente pinte o modelo com sua cor básica. O Wash é mais fácil de ser feito com água, pois solventes podem atacar a pintura inicial. Se você usa tintas solúveis em água para pintar seu modelo, deixe que a tinta seque bastante (ou considere passar uma demão de verniz solúvel em thinner para protegê-la).
Com um pouco de água e um pincel chato, ambos bem limpos, escolha a tinta do wash. Em geral são tons escuros como preto ou marrom. O preto dá uma aparência de graxa ou óleo. Marrons dão tons de óleo ou terra, cabe a você decidir qual ficará melhor no seu modelo. Você ainda pode escolher tintas mais escuras que a cor base para fazer um realce das formas do modelo.
Coloque um pouco de tinta no pincel e em seguida mergulhe-o na água limpa, até que a mistura fique bem (muito) rala. Costuma-se dizer que "não chega a ser uma tinta, mas sim água colorida". Passe o pincel sobre o modelo e veja que a água acumula-se por tensão superficial em pontos onde o acesso é difícil.
Você pode passar o pincel em todo o modelo, ou somente nas partes onde se dará o acúmulo. O importante é que gotas de água não escorram (lágrimas), pois isso pode estragar todo o trabalho. Se for necessário, faça o wash em apenas um dos lados do modelo, deixe-o descansar e depois repita o processo do outro lado.
Deixe a água evaporar naturalmente. Quando isso acontecer, a tinta ficará impregnada nas regiões de difícil acesso. Se você notar que ficará muita tinta, antes que seque, encoste um pedaço de papel higiênico para absorver parte da tinta, mas tenha algo em mente: Após seco, a tinta ficará menos visível do que quando molhada, então tenha cuidado para não tirar tinta em excesso.
Outra maneira de preparar o wash é usando uma solução de 200ml de água e 15 gotas de solvente inodoro "Gato Preto". Após preparar essa mistura, mergulhe a pincel nessa solução e depois na tinta desejada, sendo que o ideal é tinta acrílica e pinte o modelo normalmente (pinte no sentido bico-cauda). A diferença dessa técnica é que o wash é feito ao mesmo tempo em que a pintura é executada.
O Wash pode ser feito em cockpits, motores, caixas de trem de pouso, rodas e em kits onde existam muitas reentrâncias. Exemplos desses últimos são os veículos de militaria que abusam dessa técnica.
Texto:
Clayton Máximo Vasconcelos
Matias Schweizer
Envelhecimento II (Dry Brush)
O dry brush, também chamado de pincel seco, ou apenas Dry, é a técnica oposta ao Wash; Não na forma de executar, mas no efeito a que se destina. Enquanto o Wash procura acumular tinta em regiões de difícil acesso, o Dry procura dar o efeito de desgaste da tinta.
O Dry Brush é executado em regiões que apresentam desgaste por atrito, ou que estão mais expostas, como bordas e junções. Essas regiões perdem a tinta com o desgaste, e por vezes ficam com o material original (madeira, metal, plástico) à mostra.
Essa técnica é bastante simples, só exige um pouco de cuidado para não haver excessos. É comum, o iniciante exagerar no dry e depois o modelo ficar muito carregado.
Costuma-se fazer a técnica do dry com tintas metálicas (alumínio, prata, aço, etc) ou com a própria tinta base do modelo, clareada com tinta branca. No caso de tintas metálicas, não recomenda-se o uso de prata, que fica muito viva, sendo recomendadas tintas mais sombrias.
Após pintar o modelo normalmente, prepare o dry. Use pincel redondo ou chato, dependendo da preferência. Molhe o pincel na tinta e tire o excesso em uma folha de papel. Espere secar bem, isso que dá nome a técnica. A tinta é aplicada com um mínimo de umidade.
Um bom teste para saber se o pincel está seco o suficiente, é passar as cerdas na palma da mão. A tinta não deve pintá-la. Quando estiver seco o suficiente, passe, pincelando sempre na mesma direção, pelas bordas e detalhes altos. A tinta irá aparecer somente nas partes mais altas, enquanto as mais baixas manterão a cor original. O efeito é percebido na hora.
Quando se trata de militaria, uma variação dessa técnica é usada para realçar melhor as arestas. O truque é o mesmo, no entanto, são aplicados dry com a tinta base misturada com branco, em sucessões cada vez mais claras e sobre regiões mais restritas. Isso gera um degradê da cor original, dando o realce.
Essa técnica é usada em bordos de ataque de asas e hélices de aviões, partes que se encontram (portas, tampas, armários), regiões de atrito intenso (engrenagens, alças, esteiras). Pórem, essa técnica não é restrita somente ao envelhecimento, podendo ser usada para fazer painéis de aviões e rostos de figuras.
Matias Schweizer
http://www.spmodelismo.com.br/tips/