Rolei de rir com a história do lança-chamas, kkk!
Numa tarde de 2000, quando eu trabalhava na Fiocruz fazendo aquele diorama do laboratório medieval de alquimia, aconteceu um desses lances que só achamos graça depois que já se passou um bom tempo.
Eu estava terminando a montagem da grande fornalha do laboratório, toda feita em estireno, gêsso de dentista, resina, etc. Era uma peça grande e pesada, medindo uns 80 cm de altura e precisava de mãos extras para aplicar bastante cianocrilato, enquanto eu mantinha as partes presas com as minhas.
Eu estava empregando um excelente cianocrilato importado, Zap-bonder, do tipo muito, muito líquido, feito água. Minha assistente (nacional, fornecida pela Fundação), não era exatamente do tipo que se notabilizava pelo brilho do raciocínio, mas era o que eu tinha no momento. Eu disse a ela para ir aplicando e deixando a cola correr até que eu mandasse parar, enquanto meu braço passava por dentro da chaminé e segurava as peças no lugar.
Nesse exato momento alguém entrou para falar comigo e eu tive que dar atenção, sem soltar a bagaça. A moçoila esvaziou o grande frasco inteiro na peça, mesmo VENDO aquele líquido fatal se espalhando em todas as direções e juntas possíveis. Não senti nada. Dez segundos depois, a fornalha fazia parte do meu braço esquerdo.
Vou te contar, que cola boa, viu? Meu novo apêndice não descolava de jeito nenhum, não importando quanta água quente, sabão, ou éter eu derramasse ali. Depois que parou de arder e secou geral, eu podia sacudir o braço ou levantar coisas à vontade com aquilo, feito filme sci-fi.
Depois que todos pararam com o ataque histérico de riso, consideramos ir a um hospital para remover aquela merda. Como eu ia dirigir de volta pra casa? "Não, seu guarda, não estou bêbado. É uma doença rara, eu nasci com esse braço em forma de fornalha medieval assim mesmo...!"
Não lembro como, alguém chegou com vários frascos de Debonder, e foi o que me salvou de uma provável amputação. À medida em que rios do debonder foram transformando o cianocrilato em geléia, pude ir puxando e soltando o braço aos poucos, até que saiu. Durou mais de uma hora e não sobrou cabelo algum nele, mas fora isso estava intacto. E o modelo também.
Moral da história: Cuidado quando fornalhas medievais e assistentes burras estiverem juntas.